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Teatro Goiânia: marca registrada da tradição e da cultura da capital

Edifício em art déco foi inaugurado em 1942 | 30.04.21 - 15:15
Teatro Goiânia: marca registrada da tradição e da cultura da capital Foto: Letícia CoqueiroCarolina Pessoni
 
Goiânia
- Conhecido como o mais nobre e tradicional espaço cultural da cidade, o Teatro Goiânia foi inaugurado em 14 de junho de 1942 e integra o conjunto arquitetônico do início da capital. Localizado na esquina das avenidas Anhanguera e Tocantins, o teatro foi projetado pelo arquiteto Jorge Félix, que o concebeu em estilo art déco.
 
Com o nome de Cine-Teatro Goiânia, o local foi inaugurado por Pedro Ludovico Teixeira, então interventor federal em Goiás. A mais luxuosa casa de espetáculos da nova capital recebeu a cerimônia do Batismo Cultural da Cidade, que contou com discursos, entrega da chave da cidade ao primeiro prefeito, Venerando de Freitas, e a presença de autoridades e intelectuais para extensa programação cultural.
 
O prédio foi tombado pelo Estado em 1982 e, posteriormente, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2003. Com capacidade para receber 836 pessoas, o Teatro Goiânia foi palco de solenidades e espetáculos que vão de recitais e grandes peças teatrais.
 
"O local é uma boa opção cultural e, sem dúvida, o mais tradicional teatro da cidade. Além de sua importância histórica, o Teatro Goiânia abre espaço para apresentações de dança, música e teatro. É um espaço que, atualmente, serve basicamente à produção local, por sua localização e acesso fácil à população", explica a gerente de Salas e Espetáculos do Teatro, Dirce Vieira.


"O Teatro Goiânia e o espaço cultural mas tradicional da cidade", diz a gerente de Salas e Espetáculos do Teatro, Dirce Vieira
 
Ela conta que nomes de peso das artes cênicas do Brasil já pisaram no palco do Teatro Goiânia, como Eva Todor, Lima Duarte, Antônio Fagundes e Regina Duarte. O local também já recebeu grandes espetáculos de dança trazidos por Débora Colker, a Cia de Dança da Cidade de São Paulo, além da goiana Quasar Cia de Dança, apresentações de concertos de orquestras e festivais de audiovisual, como o Goiânia Mostra Curtas.
 
História
O primeiro filme exibido no então Cine-Teatro Goiânia foi "Divino Tormento" e, na mesma semana, a Companhia Eva Todor, que era maior empresa de comédia brasileira da época, inaugurou o palco com a peça "Colégio Interno". Apesar de ter sido projetado para ser um cinema e um teatro, o local não oferecia condições para apresentações teatrais pelas pequenas dimensões do palco, que limitavam a montagem de espetáculos amplos e sofisticados.
 

(Foto: Divulgação)

A sala exibidora de filmes possuía aparelhagem moderna e sofisticada, além de acomodações confortáveis. A programação de filmes exibidos contava com títulos nacionais e estrangeiros, em consonância com o eixo Rio-São Paulo, levando o local a ser conhecido apenas como Cine Goiânia. Com a decadência do cinema, o Cine-Teatro, que não tinha uma estrutura teatral adequada, entrou em decadência e abandono, até degradação do prédio e comprometimento de equipamentos.
 
Em 1976, o local passou por extensa e minuciosa reforma, que adaptou o prédio para abrigar espetáculos teatrais. Nessa obra, foram trocados o telhado, a tubulação, o calçamento e as luminárias internas. As paredes receberam tratamento especial para chegar à pintura original. Houve troca de cortinas, piso e carpetes, e as poltronas foram substituídas. Novos equipamentos cenotécnicos também foram adquiridos e o espaço passou a funcionar definitivamente como teatro.
 
Reinauguração

A reinauguração aconteceu na noite de 15 de março de 1978, marcada pela apresentação do Corpo de Baile da Associação de Ballet do Rio de Janeiro. A companhia trouxe ao palco os bailarinos David Wall e Margot Fonteyn. Margot declarou à imprensa, na época, que a aparelhagem do teatro a colocava na liderança dos teatros do Brasil e entre os melhores do mundo.
 

(Foto: Letícia Coqueiro)

Uma segunda reforma foi realizada em 1998, quando o local ficou fechado por dez meses para trabalho de restauração, tornando o teatro um dos mais modernos do país. A reinauguração foi marcada pela Cia Quasar de Dança, que apresentou o espetáculo Registro, com o qual ganhou cinco premiações Mambembe de Dança em 1997.
 
Em 2010 foi realizada a última reforma, que mudou os camarins, trocou toda a forração de palco, adaptou a estrutura de entrada acessível para portadores de necessidades especiais, além de nova troca de poltronas e carpetes. "O prédio também recebeu pintura interna e externa de acordo com as cores originais da construção, em três tonalidades de cinza. O piso e as vestimentas do palco foram substituídos e as adaptações para acessibilidade total da plateia fizeram parte das mudanças estruturais", conta Dirce Vieira.
 
Atuação no teatro
Para a gerente, trabalhar no Teatro Goiânia tem desafios diários, mas gratificantes por poder atender produtores e artistas locais, além de nomes da cultura nacional. "Infelizmente nessa pandemia não estamos recebendo espetáculos, então estamos trabalhando na manutenção das salas e trabalhos administrativos", explica.
 
O local também tem sido utilizado para gravação de lives, podcasts e videocasts, além das lives solidárias, uma realização da Secretaria de Cultura do Estado, Secretaria da Retomada e Ordem dos Músicos. "Trabalhar no Teatro Goiânia é muito bom e ao mesmo tempo difícil, por se tratar de um patrimônio histórico nacional, então, todo cuidado é redobrado", afirma Dirce.
 
O artista e professor Jackson Leal (ao lado) se apresentou no Teatro Goiânia em 2013. Ele conta que se apresentar no palco que faz parte da história de Goiânia foi muito importante para sua carreira artística. "É um teatro muito imponente. Pisar ali é um prazer e emoção muito grandes", diz.
 
Vindo do interior, Jackson destaca que poder se apresentar no local trouxe novos valores à sua vivência profissional. "Poder acessar esse espaço e entender um pouco da história do local é uma experiência que eu acho que todo artista precisa passar, porque é um momento muito grandioso na carreira de qualquer pessoa", finaliza. 

A coluna Joias do Centro tem o apoio da Sim Engenharia


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