Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
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Carolina Pessoni
Goiânia – Em meio ao burburinho do centro de Goiânia, a Rua 20 se estende como um elo silencioso com o passado da capital. Nascendo na movimentada Praça Antônio Lisita, no cruzamento da Avenida Araguaia com a Rua 4, e culminando na Avenida Universitária, em frente à imponente Catedral Metropolitana, essa via icônica testemunhou e protagonizou momentos cruciais da história da cidade.
Planejada na década de 1930 como parte da audaciosa empreitada de construir uma nova capital para Goiás, Goiânia floresceu com uma arquitetura que buscava romper com a tradição de Vila Boa, adotando estilos como o art déco, normando, eclético, neocolonial e moderno. E foi justamente a Rua 20 a pioneira nesse cenário urbano em construção.
"A Rua 20 é a primeira rua de casas particulares de Goiânia", revela o historiador Iuri Godinho em entrevista exclusiva. "Não quer dizer que não pudesse abrir um comércio, mas não teve nesse primeiro momento."
Foto de 1938 mostra a Rua 20 com poucas casas construídas (Foto: Reprodução/@goiastemhistoria)
Ao longo de sua extensão, a Rua 20 guarda preciosidades históricas. Uma delas é a singela Praça XI de Maio, palco das primeiras residências da cidade e berço da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ali também funcionou o Hospital Maria Auxiliadora, do renomado médico Domingos Vigiano, responsável pelo parto de uma figura ilustre: Vicente Arycan, considerado a primeira pessoa a nascer na nova capital.
Mais adiante, a rua revela outro marco fundamental: a antiga residência de Colemar Natal e Silva, pioneiro da cidade e fundador da UFG. Hoje, o casarão abriga a Academia Goiana de Letras, perpetuando a memória desse importante personagem. Segundo Godinho, a casa de Colemar Natal e Silva, localizada na Rua 20, foi a "casa número 1 de Goiânia".
A importância da Rua 20 ia além do âmbito residencial. "Era a rua dos altos funcionários públicos do governo, quem tinha condição financeira, que não precisava das casas-tipo", explica o historiador, referindo-se às casas padronizadas construídas pela empresa Lar Nacional como modelo para a nova capital. "Quem morava na Rua 20, não morava nas casas-tipo. É como se a Rua 19 fosse da classe média, e a Rua 20, dos ricos."
Casa 1 de Goiânia, hoje é a sede da Academia Goiana de Letras (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
Outro fato curioso resgatado por Iuri Godinho é que, antes da construção da Praça Cívica, a Rua 20 era conhecida como a "Rua da Parada Cívica". Além disso, a via abrigou temporariamente o poder governamental. "Pedro Ludovico morava e despachava nesta casa até o Palácio das Esmeraldas ficar pronto", conta o historiador.
Personalidades importantes como Joviano Rincon, vindo de Pires do Rio, e Bento Odilon Moreira, da EBM Construtora, também fixaram residência nessa rua que, entre o fim dos anos 1930 e a década de 1970, era sinônimo de poder aquisitivo.
No entanto, o cenário da Rua 20, assim como o de todo o centro de Goiânia, passou por significativas transformações a partir das décadas de 1950 e 1960, impulsionadas por políticas urbanas que incentivavam a verticalização. Esse processo culminou, na década de 1980, com a saída da classe média e alta para novos bairros como o Oeste, Bueno e Marista, levando o centro a um declínio social e esvaziamento noturno.
Conhecida como "Casarão da Rua 20", foi a casa de Pedro Ludovico e o berço da Faculdade de Direito da UFG (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
"Quando começou o crescimento vertical do Centro de Goiânia, muitas pessoas já mudaram para os novos bairros, como o Setor Marista e o Setor Sul, por exemplo", lembra Godinho.
Com o tempo, a Rua 20 acompanhou o "afundamento do centro de Goiânia", como define o historiador, perdendo edificações importantes e a coesão de seu conjunto arquitetônico original. Grandes lotes com extensos quintais deram lugar a novas construções, muitas vezes descaracterizando a memória do local.
Apesar das transformações e da perda de parte de seu patrimônio, a Rua 20 ainda carrega consigo marca relevantes. "Carrega história, na primeira quadra tem a casa do Pedro Ludovico e a casa de Colemar Natal e Silva, as duas dos anos 1930", aponta o historiador.
Hoje, ao percorrer a Rua 20, o visitante pode não perceber de imediato que essa porção do núcleo pioneiro de Goiânia foi palco de tantas histórias e identidades, abrigando representações variadas do repertório arquitetônico moderno. No entanto, para quem se atenta aos detalhes e à memória da cidade, a Rua 20 se revela como um valioso testemunho do nascimento e da evolução da capital goiana.