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Sobre o Colunista
Rodrigo Hirose
Jornalista com especialização em Comunicação e Multimídia / rodrigohirose@gmail.com
Goiânia - Há pouco mais de uma semana, Denis César Furtado era um homem de sucesso nas redes sociais. Tinha 650 mil seguidores no Instagram, 50 mil no Facebook e 15 mil inscritos no canal do Youtube. Um verdadeiro digital influencer. A vida de likes do Dr. Bumbum desmoronou após a morte da bancária Lilian Calixto, após um procedimento estético que, segundo o divulgado até agora, fora realizado em condições criminosas.
A tragédia revelou uma face diferente do médico-celebridade. Ele feria a ética ao postar o “antes e depois” das pacientes – procedimento vedado aos profissionais da área. Já havia sido indiciado por exercício ilegal da medicina. Tinha passagens policiais por porte ilegal de armas, crime contra a administração pública, invasão de domicílio e resistência à prisão.
Mas, mesmo assim, o êxito digital o tornava atraente para potenciais clientes. Likes, comentários, postagens avalizavam sua competência e, talvez por descuido, talvez por ansiedade, talvez por desconhecimento de como as redes sociais funcionam, ofuscavam sua ficha corrida.
Denis Furtado é um entre tantos exemplos de uma sociedade em que as “curtidas” se tornaram o novo ISO. Não que o desejo de aprovação seja novidade, mas atingiu o paroxismo. Outro exemplo pungente é retratado no episódio A Queda do seriado Black Mirror (se não viu. Nele, as pessoas avaliam e são avaliadas umas pelas outras o tempo todo por suas postagens e atitudes. A quantidade de likes determina quem é quem, abre e fecha portas. Pessoas com muitos likes não se relacionam com quem tem poucos ou nenhum. Estas são os novos párias.
Pesquisas apontam que curtidas provocam tanto prazer quanto comida, sexo e drogas. Assim, voluntariamente no colocamos nas vitrines digitais, expostos ao julgamento alheio de forma inédita na história da humanidade. Vamos em busca dos likes e nos submetemos aos haters.
Em algum momento da história, o ter, material, se tornou mais importante que o ser, humano. Agora, o que nos valida é outro tipo de ser e ter: o digital.
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