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Rodrigo  Hirose
Rodrigo Hirose

Jornalista com especialização em Comunicação e Multimídia / rodrigohirose@gmail.com

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Eichmann em Brumadinho

| 29.01.19 - 20:31
Goiânia - Adolf Eichmann era um funcionário exemplar. Cumpridor de ordens, as executava com perfeição. Sem pestanejar, sem contestar. Sob seu ponto de vista, não merecia menos que o reconhecimento pela qualidade dos  serviços prestados. Contudo, terminou enforcado em junho de 1962, condenado por crimes contra a humanidade.
 
Eichmann foi um dos principais responsáveis pela logística do genocídio contra os judeus durante a Segunda Guerra. Era quem providenciava o transporte para os guetos, campos de concentração e de extermínio. Mas, pelo menos publicamente, não aparentava remorso ou sentimento de culpa.  Em suas memórias, escreveu que fez o mesmo que milhares de pessoas fazem diariamente: obedecer ordens. “A única diferença era que minha tarefa era bem mais difícil de ser cumprida”, disse.
 
A tragédia de Brumadinho nos faz imaginar que certamente houve alguns Eichmanns na cadeia de fatos que culminaram no rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão. Quantos funcionários se calaram diante das evidências de que havia algo errado ali? A reação de um deles poderia ter impedido o desastre?
 
Conforme alegou a juíza Perla Saliba ao decretar a prisão de engenheiros que haviam emitido laudos atestando a segurança da estrutura, poucos meses antes da catástrofe, é difícil acreditar que uma barragem monitorada por uma das maiores mineradoras do planeta não tenha dado sinais de vulnerabilidade. Também é difícil acreditar que houve engano ou imperícia de tais profissionais, que, para assumir tais posições, devem ser altamente qualificados.
 
Em nossas vidas ordinárias, encontramos muitos Eichmanns - e,  como não admitir?, se abrirmos os olhos podemos enxergá-lo no espelho. Obedecemos para não perder o emprego. Acatamos para não criar atrito. Consentimos para não magoar. E depois repetimos os argumentos do ex-integrante da Gestapo em seu pedido de clemência: “Eu não era o responsável e, como tal, não me sinto culpado”.

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