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Rodrigo  Hirose
Rodrigo Hirose

Jornalista com especialização em Comunicação e Multimídia / rodrigohirose@gmail.com

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Um país obsoleto

| 27.11.18 - 11:12
 
Em um dia normal, passo aproximadamente 2 horas no trânsito. Este tempo é dividido entre deslocamento trabalho-casa-escola da filha. São dez horas por semana; 40 por mês; 480 por ano. Ou seja: todos os anos moro 20 dias inteiros dentro do carro.
 
Há alguns anos, adquiri um imóvel. Para registrá-lo, foram horas de espera no cartório. Tive de voltar duas outras vezes, porque a cada atendimento era informado de que faltava um documento diferente. No fim, paguei uma taxa abusiva por um pedaço de papel.

Certa vez, na adolescência (já faz tanto tempo!), esperava o ônibus quando uma pessoa sentiu-se mal. Caiu e desmaiou. Várias pessoas se aproximaram, mas nenhuma sabia exatamente o que fazer. Muito tempo se passou até a chegada de uma ambulância. Não sei qual foi o desfecho, mas aquele tempo ali foi angustiante.
 
Fatos assim estão no cotidiano de todas as pessoas. Em uma metrópole como Goiânia, multiplicam-se milhares de vezes: o congestionamento, as filas da burocracia, a espera pelos primeiros-socorros, a falta de locais para descarte correto do lixo, tudo isso rouba-nos parte de nossas vidas que poderia ser utilizada de forma produtiva, prazerosa e econômica.
 
Nossas cidades são burras. Superpopulosas, desorganizadas, desordenadas, desiguais, são inimigas da qualidade de vida e favorecem o surgimento do estresse, da paranoia, do medo, da doença, da irritação.
 
Metidos na lida das obrigações ordinárias, repletas de papéis para assinar e carimbar (ainda existem carimbos nos órgãos públicos), os gestores não têm tempo, disposição ou criatividade para pensar em soluções realmente inovadoras e que recuperem a qualidade de vida perdida. No Brasil, o que há são iniciativas isoladas, como ilhas perdidas num oceano caótico.
 
Há exemplos pelo mundo que podem nos inspirar. Um dos mais pujantes é o de Singapura. Cidade-Estado com pouco mais de 5 milhões de habitantes, dos quais mais da metade é imigrante, passou por uma revolução econômica e tecnológica que a tornou referência em uma região rica em inovação e hoje prepara-se para ser a cidade mais inteligente do planeta.
 
E ser inteligente passa, acima de tudo, por resolver essas pequenas coisas que atormentam os cidadãos, porque repetem-se diariamente: o trânsito, a burocracia, o atendimento médico emergencial. Algoritmos controlam o transporte público, de forma que os deslocamentos são cada vez mais rápidos e confortáveis. Aplicativos conectam voluntários treinados em primeiros-socorros, que podem atender a qualquer emergência nas ruas. O governo é cada vez mais digital, facilitando o atendimento aos cidadãos.
 
A revolução de Singapura levou cerca de 50 anos. São, praticamente, duas gerações. Nesse período, o Brasil ficou para trás. Se não se movimentar, ainda sacrificará muitas gerações em seu esplêndido, porém obsoleto, berço.

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