Raphaela Ferro
Goiânia - Até o momento, o Brasil já garantiu
199 vagas, entre individuais e coletivas, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, cuja realização está prevista para os dias 23 de julho e 8 de agosto deste ano. Apenas uma delas está nas mãos de uma atleta goiana, Laís Nunes, da luta olímpica, ou wrestling, que conquistou a vaga na categoria até 62kg no Pré-Olímpico realizado no Canadá, em março do ano passado, pouco antes do início da pandemia de covid-19 mudar a rotina de todos, inclusive dos atletas.
Há pelo menos outros quatro desportistas nascidos em Goiás que ainda almejam a disputa: Kamila Barbosa, também da luta olímpica; Leonardo Dutra, que tem chance de figurar na lista de convocados da seleção masculina de handebol, já classificada; Raiza Goulão, que tem visto suas chances de buscar a vaga brasileira no ciclismo - mountain bike distante, mas ainda sonha com ela; e Diogo Villarinho, que integra a seleção brasileira de natação. As últimas oportunidades para se garantir nos Jogos para a maioria dos atletas devem ocorrer em maio - quando começam a ser convocados os jogadores dos esportes coletivos também.
Inicialmente programada para começar em 24 de julho de 2020, a Olimpíada foi adiada, em março daquele ano, em decorrência da pandemia de covid-19. Desde então, se estenderam dúvidas se será realmente realizada na nova data programada. Em janeiro, o primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, se comprometeu, em pronunciamento oficial, a realizar o evento. De lá para cá, a pouco mais de 100 dias da data remarcada, eventos-teste foram cancelados e foi anunciado que os Jogos não terão público estrangeiro.
Os atletas contam com a garantia dada pelo comitê organizador de que o evento será realizado. Na quarta-feira (24/3), foi iniciado o revezamento da tocha olímpica no Japão e a contagem regressiva para os Jogos. É um indicativo de que as Olimpíadas de Tóquio realmente vão acontecer. Mas quem chegar lá para competir terá percorrido um caminho bem mais difícil nesse ciclo olímpico estendido.
Os goianos que integram ou planejam integrar esse grupo relatam dificuldades para manter os treinamentos e seu alto nível em situação de isolamento social. Laís Nunes, por exemplo, conta que teve que pegar emprestado equipamentos da academia em que treinava para dar continuidade aos treinos em casa, no interior de São Paulo, no período de isolamento. “Tive que fazer algumas adaptações, principalmente porque a gente fazia a parte técnica no tapete de luta e tive que fazer em um tatame de jiu-jitsu que peguei emprestado na academia onde eu treinava”, lembra ela, que passou, também, algum tempo junto à família em Barro Alto, no interior de Goiás.
Laís Nunes conquistou vaga nos Jogos de Tóquio em março de 2020, no
Pré-Olímpico de Wrestling realizado no Canadá (Foto: Reprodução / Facebook)
Além das dificuldades para manter os treinamentos, houve problemas para viajar para as competições. Raiza Goulão, que tem se dividido entre Pirenópolis e Mairiporã (SP) para treinar, ficou fora do Campeonato Pan-Americano de Ciclismo Mountain Bike em Porto Rico, por decisão da confederação do esporte frente à dificuldade de entrada de brasileiros na ilha. Kamila Barbosa ficou retida em aeroporto na Bielorrússia por mais de um dia, correndo o risco de ter que ficar em quarentena por 10 dias naquele país, onde só fazia conexão, e perder a competição que disputaria na Itália.
Alguns atletas viajaram ainda em 2020, para ter mais condições de treinamentos fora do Brasil. Foi o caso de Diogo Villarinho, que esteve entre os brasileiros que foram para Portugal pela Missão Europa, realizada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB). E ainda teve quem passou pela recuperação após ter tido covid-19, como o jogador de handebol Leonardo Dutra, também no ano passado. A doença foi superada e o atleta afirma que conseguiu retomar os treinamentos rapidamente até a conquista da vaga para a seleção masculina, já no início de março de 2021.
Cada um deles contou um pouco ao A Redação como tem sido a preparação para chegar à conquista da vaga olímpica e também para disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio - 2020, agora em 2021, em meio à pandemia de covid-19 e às restrições adotadas para o enfrentamento a ela.
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