Raphaela Ferro
Goiânia - A ciclista Raiza Goulão, de Pirenópolis, fez sua primeira participação olímpica no Rio de Janeiro, em 2016. Mas a busca pelo sonho de estar lá pela segunda vez, agora em Tóquio, ficou ainda mais distante recentemente. Ela participaria do Campeonato Pan-Americano de Ciclismo Mountain Bike, realizado entre 24 e 28 de março em Porto Rico, que é território estadunidense. Mas, devido às restrições impostas pelos Estados Unidos à entrada de brasileiros por causa da pandemia de covid-19, a Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) optou pela não participação de seus atletas na competição.
“A confederação decidiu não levar nenhum atleta da seleção. A gente precisaria ter feito uma quarentena de 14 dias em outro país para poder fazer conexão nos Estados Unidos e entrar em Porto Rico. Então, tudo isso dificultou muito a logística e o financeiro”, explica Raiza. Apesar de ver a classificação olímpica como difícil, ela ainda planeja buscá-la nas etapas da Copa do Mundo que serão realizadas em maio e terão pontuação dobrada, mesmo sem saber se será possível sair do País e como terá de cumprir quarentena antes e depois de competir.
Só uma brasileira disputará a sua modalidade nos Jogos: a que tiver mais pontos no ranking olímpico. Hoje, quem está nessa situação é a mineira Jaqueline Mourão. “Esse ranking foi congelado ano passado devido à pandemia. Algumas provas que venci acabaram não somando e isso acabou dificultando muito a minha realidade”, afirma Raiza, que passou por período de recuperação entre 2019 e 2020 após ser diagnosticada com Síndrome de RED-S ou Deficiência de Energia Relativa no Esporte.
O tratamento e a recuperação foram seguidos pela pandemia, que trouxe a ciclista de volta à casa dos pais, em Pirenópolis. Ela se dividiu entre os treinos por lá e em Mairiporã (SP), onde também vive parte da família. Raiza explica que conseguiu manter a rotina de treinos, mas conviveu com o medo permanente da covid-19. “Eu sempre tentei viver na minha bolha. O círculo de pessoas com quem eu tenho contato sempre foi o mesmo. Eu tenho um medo muito grande de ser assintomática e transmitir a meus pais ou à minha família de Mairiporã, pessoas mais velhas.”
Raiza Goulão mantém treinos em Pirenópolis e Mairiporã (SP)
(Foto: Reprodução / Facebook)
Competição
A expectativa de Raiza era de que 2021 seria um ano diferente, com a retomada das competições no final de fevereiro. “Com a situação atual do Brasil, ficamos muito prejudicados. Não temos como entrar em outros países que já estão voltando a competir. Na Europa, está tendo provas quase normalmente e algumas provas aqui na América do Sul também”, afirma.
A ciclista considera que mesmo mantendo os treinos e o trabalho com equipe multidisciplinar, é necessário estar competindo porque o atleta precisa daquele ritmo específico. “Eu estava discutindo muito isso, até com a própria confederação, se é algo justo, igual para todos os atletas, porque nós, com passaporte brasileiro, não conseguimos viajar. Tem outros atletas que estão competindo, estão performando, enquanto nós aqui estamos só treinando”, avalia Raiza.
A entrevista com Raiza faz parte de uma série especial sobre atletas goianos e as expectativas para as Olimpíadas de Tóquio 2020. Para conferir a íntegra do conteúdo, clique aqui.