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Sobre o Colunista
Leonardo Razuk
Leonardo Razuk é jornalista / atendimento@aredacao.com.br
Dinosaur Jr. (Foto: Cara Totman)
Eles estão de volta! Em meio a um período de volta às trevas, ataques à ciência e à evolução, retrocessos de pensamentos, comportamentos e políticos e até mesmo crenças malucas em uma terra plana, a volta dos dinossauros é, na verdade, um alento para nós. Depois de cinco anos, o Dinosaur Jr. renasce e nos presenteia com mais uma obra prima – mesmo que eles não tenham nada a ver com a loucura que estamos vivendo por aqui.
Gravado no mesmo estúdio que eles usaram repetidamente ao longo dos anos, o Bisquiteen Studio, na cidade natal da banda, Amherst (Massachusetts), Sweep It Into Space é Dinosaur Jr. em sua essência. Mais um disco que deve virar um clássico dentro da sensacional discografia desses noisemakers.
O álbum começou a ser gravado ainda em 2019, com produção do festejado cantor indie Kurt Vile, que foi influenciado pelo próprio Dinosaur Jr. e também contribuiu no disco com algumas guitarras e vocais. Com a pandemia, os trabalhos foram suspensos e, depois, o próprio vocalista e guitarrista da banda, J. Mascis, concluiu o disco. Mas não há distinção na obra. Tudo soa em equilíbrio e muito bem executado. Em todo o disco, Mascis – que, aliás, já tocou em Goiânia – nos brinda com suas guitarras barulhentas e vocais calorosos enquanto Lou Barlow (baixo) e Emmet Murphy (bateria) nos entregam uma cozinha agressiva como sempre, mas em músicas cheias de melodia, leves e alegres. A formação clássica da banda em mais uma aula de quem influenciou muita gente nos 90/00 e ainda se mostra capaz de influenciar outras tantas.
Sweep It Into Space já começa matador. I Ain't é uma música que poderia estar em qualquer um dos outros 11 discos do Dinosaur Jr. É puro guitar rock! Riffs, seção rítimica marcante, distorções, microfonias, backing vocals, melodias grudentas... enche o coração, arranca sorrisos e nos dá aquela saudade de sintonizar a MTV e assistir clipes do Sonic Youth, Superchunk (essa também já tocou em Goiânia!), Husker Dü, Pavement e outras pérolas do Lado B. Sim, também venho dos tempos jurássicos!
Essa mesma delícia musical da faixa de abertura segue pelas músicas seguintes. Mascis escreve e canta com o coração, mas o disco não traz melancolismo. É uma obra de power-pop, indie, guitar, noise e flertes com o grunge.
Como de costume em cada um dos álbuns da banda pós-1997, Barlow apresenta e canta exatamente duas composições: a balada Garden e a quase folk You Wonder, que encerra o disco. São composições mais prolixas e cerebrais, mas que dão tempero e ainda mais sabor ao disco.
O momento que mais difere no disco ou mesmo do padrão da banda é Take it Back, com Mascis deixando a guitarra um pouco de lado para conduzir a melodia em um mini mellotron digital. Mas Sweep It Into Space é, sem dúvidas, um disco do Dinosaur Jr. Uma banda com uma discografia brilhante e que se manteve em alto nível em toda a sua existência.
Vivemos tempos estranhos, sombrios sim. Há fortes correntes nos puxando para trás. Pensamentos e comportamentos pré-históricos. Há ainda uma guerra com seres microscópicos... mas são os gigantes dinossauros que chegam para nos alegrar. Mascis, Barlow e Murphy seguem enormes, destruidores e devorando tudo! Bem vindos ao parque do Dinosaur Jr.!