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Leonardo  Razuk
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Leonardo Razuk é jornalista / atendimento@aredacao.com.br

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A playlist negra do Metallica

| 24.09.21 - 14:38 A playlist negra do Metallica (Foto: divulgação)Trinta anos depois de seu lançamento, o Black Album, do Metallica, está de volta ao Top 10 da Billboard. O motivo do disco voltar à principal parada musical do mundo é justamente a celebração das três décadas da obra, que ganhou uma versão remasterizada e, de quebra, um tributo chamado The Metallica Blacklist, que traz nada menos que 53 artistas de estilos completamente diferentes interpretando as faixas do disco.

O Black Album – que na verdade não tem esse nome, mas, como sua capa é toda preta, ficou assim conhecido - é o quinto disco da carreira do Metallica e foi um marco para o grupo e para o próprio heavy metal e o rock moderno. Lançado em outubro de 1991, o disco redefiniu o som da banda, quebrou barreiras, popularizou o thrash metal e dominou até mesmo as rádios com seu som agressivo e músicas que ultrapassam os 6 minutos, algo impensável para os padrões radiofônicos. Tudo isso, resultou também numa explosão de vendas e a classificação do disco entre os 500 melhores de todos os tempos.

Produzido por Bob Rock, que já havia trabalhado com Bon Jovi, Motley Crue e Aerosmith, o Metallica (o disco) é mais comercial que outros trabalhos emblemáticos da banda, como o Master of Puppets (o melhor deles) ou ...And Justice for All, Ride the Lightning e Kill ‘Em All. Mas foi justamente essa pegada mais palatável que destruiu tudo e fez o Metallica se tornar popular. Todos os cinco singles do disco atingiram a lista de 100 mais vendidos da Billboard: Enter Sandman ficou na 16ª posição; The Unforgiven na 35ª; Nothing Else Matters na 34ª, Wherever I May Roam na 82ª e Sad But True na 98ª. O Black Album vendeu mais de 22 milhões de cópias em todo o mundo e segue cultuado até hoje.

Um gigantismo que de fato influenciou artistas não só do metal como de outros estilos do rock moderno. Então, nada mais justo que as homenagens que o disco tem recebido. E a ousadia da época do lançamento aparece também nesse tributo que a obra ganhou. The Metallica Blacklist reúne artistas dos mais diferentes calibres, linguagens e estilos como Miley Cyrus, IDLES, Elton John, Dave Gahan (do Depeche Mode), Ghost, Corey Taylor (do Slipknot), Royal Blood, Juanes, St. Vincent, Mac DeMarco, Cage The Elephant, Weezer, The Neptunes e Imelda May, entre outros. E como todo tributo, a playlist negra do Metallica segue por três caminhos: das bandas com maior afinidade sonora ao grupo e que seguem arranjos mais fiéis; as que suavizam as músicas originais e os que desconstroem completamente as músicas.

Nesse último caminho estão a ótima versão skiffle rock do Jason Isbell And The 400 Unit para Sad But True ou o freak latino do Mexican Institute Of Sound para a mesma música. Sim, a Metallica Blacklist apresenta uma mesma música em várias releituras. Sad But True, por exemplo, tem ainda gravações bem legais do Royal Blood e de St. Vincent ou de nomes como Sam Fender, White Reaper e YB.

Já para Nothing Else Matters, os destaques são a bela leitura dark-eletrônica de Dave Gahan, vocalista do Depeche Mode, e a que reúne a cantora pop-teen Miley Cirus, Elton John, o baterista Chad Smith (do Red Hot Chilli Peppers) e o baixista Robert Trujillo (do próprio Metallica). O encontro inusitado foi acompanhado também de uma declaração de Elton John que levou o vocalista e guitarrista James Hetfield literalmente às lágrimas. “Esta é uma das melhores canções já escritas. É uma música que nunca envelhece. Eu mal podia esperar para tocar nela. A estrutura dos acordes, as melodias, as mudanças de tempo, tem drama em todos os versos”, afirmou ele em um programa de TV. “O Metallica é provavelmente o ‘crème de la crème’ desse tipo de banda. Você realmente não pode defini-los. Suas músicas não são apenas heavy metal. São lindas canções. Esta é uma música tão melódica – é ótima pra caralho, na verdade”, completou o músico.

Outros destaques da lista negra do Metallica são as versões de Enter Sandman feitas por Weezer, Rina Sawayama e Ghost; a pancada sônica do IDLES para The God That Failed; a conversão do metal na urgência punk do The Chats, do OFF! e do Pup para Holier Than Thou; a mistura de peso e eletrônico na versão de Don’t Tread on Me feita por Aaron Beam (do Red Fang) e Portugal, The Man; o psicodelismo indie do Cage the Elephant para o hino The Unforgiven; e os raps de J Balvin e do Flatbush Zombies para Wherever I May Roam e The Unforgiven, respectivamente.

Mas o “disco” tem muito mais. São mergulhos profundos na escuridão do “black album”. Sofisticados, pesados, rápidos, suaves, ensandecidos, insossos, surpreendentes... e a diversão (ou decepção) vai surgindo a cada audição.  Bem vindo ao lado mais negro da força!
 

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