O mês da mulher se transforma em um mês de comemoração e reflexão. Porém, no fundo, cada mulher impacta a sociedade todos os dias, quando realmente se decide a viver sua vocação ontológica em plenitude. Hoje, para oferecer o devido espaço e dar voz a mulher, utiliza-se frequentemente a palavra empoderamento. Porém, será que é a sociedade que dá poder a mulher ou ela já traz consigo esse poder? Vejamos.
Em primeiro lugar, a mulher é capaz de gerar uma vida racional e imortal em si mesma; sustentá-la desde o primeiro momento; dar a luz e alimentá-la com seus próprios meios… Só isso já a leva a um lugar de destaque no mundo. Afinal, este não iria para a frente sem essa capacidade. Por outro lado, filosoficamente, pode se afirmar que a maternidade não é para a mulher apenas um destino biológico, mas antropológico. Ela tem a vocação de despertar a generosidade social. Cada um de nós pode evocar exemplos muito próximos de alta capacidade de doação, seja no âmbito familiar ou profissional, quando a sociedade não estimula o contrário, mutilando seu coração por instigação da vaidade nociva e do egoísmo, com fins utilitaristas.
De fato, a mulher conta com um dom a ser voluntariamente desenvolvido, de sensibilidade ativa e compreensiva; de conjugação de visão micro-macro; de perseverança no trabalho; de detalhes; de serviço. Porém, cabe a ela render esse tesouro, e, à sociedade, acolhê-lo. Nesse sentido, é preciso resgatar o “desandado” histórico quer seja por subjugá-la, retificá-la ou enganá-la, através de uma falsa ideia de liberdade e igualdade. A mulher é, por natureza, multifacetada e sua contribuição pode ser intensamente abrangente. Basta não reduzi-la a um corpo e dar as condições para que potencialize sua cabec a e seu coracao.
Tenho trabalhado há anos por essa projeção, de forma compositiva, para que a mulher possa desempenhar seu papel insubstituível no próprio lar e fazer toda a diferença social, a partir de sua contribuição única. Para tal, é necessário um esforço cultural de formação, desde a exortação da beleza da feminilidade à promoção do respeito, bem como de uma saudável complementaridade no âmbito laboral, que é mais do que uma riqueza.
Volto ao título do breve artigo para que reflitamos, em primeiro lugar, nós, mulheres, sobre a expansão de nossa força interior como missão para engrandecer a sociedade, em qualquer tarefa que desempenhemos, com nossa admirável capacidade de amar. Por outro lado, é também uma ocasião para se ponderar sobre o que se promove como “proteção” eleitoreira da mulher, quotas etc., de forma que consigamos oferecer condições reais para que a mulher possa efetivamente ser mãe, esposa, profissional e causar plenamente todo impacto social desde sua vocação naturalmente qualificada. Vamos juntos!
*Angela Vidal Gandra da Silva Martins é professora de Filosofia do Direito da Universidade Mackenzie, é sócia da Gandra Martins Law, gerente Jurídica da Faesp, presidente do Instituto Ives Gandra de Direito, Filosofia e Economia e ex-secretária nacional da Família do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.