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Rodrigo  Hirose
Rodrigo Hirose

Jornalista com especialização em Comunicação e Multimídia / rodrigohirose@gmail.com

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Da Guerra dos Mundos aos WhatsApp

| 08.06.18 - 14:43

Goiânia – Em outubro, o mundo celebrará os 80 anos de um dos fatos mais inusitados da história moderna da comunicação. Na noite do dia 30 daquele mês, em 1938, o então jovem ator Orson Welles, que mais tarde viria a produzir a obra-prima Cidadão Kane, irrompeu a programação da rádio CBS para anunciar uma invasão marciana ao planeta Terra. Apesar de ser apenas a dramatização do livro A Guerra dos Mundos, do escritor inglês George Wells, e do alerta da emissora de que se tratava de uma ficção, parte da população de Nova Iorque, Nova Jersey e Newark entrou em pânico e houve até quem fugisse de casa.
 
Era um período em que o rádio era o veículo de comunicação de massa por excelência. A CBS calcula que cerca de 6 milhões de pessoas acompanharam a transmissão. E, vale lembrar, vivia-se um tempo em que os veículos de comunicação determinavam o que era ou não verdade.
 
Quase um século depois, muita coisa mudou. Na comunicação, especialmente, tudo foi muito rápido. No século 21, então, a velocidade das transformações tecnológicas é estonteante. Há pouco tempo, não poderíamos imaginar ter um aparelho tão pequeno e tão poderoso quanto um smartphone na palma da mão.
 
Novas ferramentas surgem a todo o instante, tornando a comunicação descentralizada, caótica, anarquista. Entre as dezenas de soluções disponíveis atualmente, talvez nenhuma seja tão eficiente e poderosa quanto o WhatsApp.
 
Informações que circulam pelos grupos e listas de transmissão podem ter um impacto avassalador. Reputações são destruídas, mentiras são contadas ou desmascaradas, candidaturas se erguem ou são fulminadas em poucas horas.
 
A mensagem repassada pela tiazinha no grupo familiar tem muito mais chances de influenciar as pessoas que a recebem que a informação lida em tom monocórdio pelo apresentador do telejornal mais visto do País. E, com a deterioração da credibilidade dos veículos de comunicação, as fake news ganham tecido para a metástase – e os profissionais não conseguem, ou não querem, encontrar um remédio eficaz.
 
Exemplos estão aí, aos montes. Há poucos dias, o Governo Federal lançava todas suas armas e ocupava todos os meios possíveis para afirmar que não havia riscos de uma nova greve de caminhoneiros, mas o boato continuava a se espalhar entre a população, anabolizado por mensagens anônimas que circulavam pelo WhatsApp. O mesmo ocorreu durante o surto de gripe A no início do ano. Ainda que as autoridades de Saúde garantissem que não havia motivo para pânico, áudios de supostos médicos (sempre apócrifos) alertando para o risco de uma pandemia levaram milhares de pessoas às filas de vacinas, que atingiram valores estratosféricos.
 
O fenômeno é complexo. Profissionais e veículos de comunicação e as autoridades não encontram uma saída, devido à crise de credibilidade. Perto do impacto do WhatsApp, a reação dos ouvintes da CBS, naquela longínqua noite de outubro de 1938, não passou de uma marolinha.
 

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