Carla Lacerda
Goiânia - A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) divulgou nota, neste sábado (6/11), condenando o uso e abuso do chamado “chip da beleza” no País. Os especialistas classificam como “avassalador” o crescimento da utilização de implantes hormonais utilizando esteroides sexuais e seus derivados.
“A Sbem vem a público informar que não reconhece os implantes de gestrinona como uma opção terapêutica para tratamento de endometriose, e rechaça veementemente o seu uso como anabolizante para fins estéticos e de aumento de desempenho físico”, diz trecho do documento, assinado pelos presidentes da entidade e do Departamento de Endocrinologia Feminina, Andrologia e Transgeneridade, respectivamente, César Luiz Boguszewski e Alexandre Hohl.
A nota deixa claro que aumentam, a cada dia, os relatos dos efeitos adversos associados ao uso de implantes de gestrinona e outros hormônios androgênicos em mulheres. Figuram na lista problemas como acne, aumento de oleosidade de pele, queda de cabelo, aumento de pelos, mudança de timbre da voz e clitoromegalia (o aumento do clitóris).
Outro ponto importante levantado pelos profissionais é a falta de rótulo e de bula completos destes implantes, “o que deixa pacientes sem as devidas informações básicas sobre indicações aprovadas pela agência regulatória, posologia, interações medicamentosas, estudos de segurança e eficácia, e efeitos adversos.”
Por fim, o documento destaca que o implante de gestrinona não é uma opção terapêutica reconhecida e recomendada pela Endocrine Society (Sociedade de Endocrinologia Americana), pela North American Menopause Society (Sociedade Americana de Menopausa – NAMS) e pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
"Chip da beleza"
Não é, de fato, um chip. Trata-se de implante hormonal subcutâneo realizado em um pequeno tubo de silicone que caiu no gosto de muitas mulheres, inclusive famosas. O "chip" é um tubinho fino que tem entre 3 a 5 centímetros, e sua colocação é simples, com anestesia local e uma microincisão. Entre as "chipadas", como são conhecidas as adeptas, estão modelos, atrizes e pessoas ligadas ao universo fitness que buscam um corpo definido.
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Vale a pena ressaltar que a indicação de uso de derivados androgênicos em mulheres (incluindo a testosterona) é restrita a poucas situações, como o transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH) em mulheres na pós-menopausa. Não existe indicação médica formal de uso de testosterona e outros derivados androgênicos (incluindo a gestrinona) para mulheres na pré-menopausa com TDSH", destaca a Sbem.
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Recentemente, pesquisadores norte-americanos demonstraram que mulheres que utilizavam implantes hormonais tiveram uma incidência significativamente maior de efeitos colaterais do que aquelas que utilizavam hormônios aprovados pelo Food and Drug Administration (FDA) e comercializados nas farmácias alopáticas, bem como apresentaram níveis supra fisiológicos significativamente mais altos de estradiol e testosterona durante o tratamento. É mais uma prova cabal dos riscos do uso de implantes hormonais customizáveis e da busca do seu efeito anabolizante", acrescenta a nota.
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