Ludymila Siqueira
Goiânia - O juiz plantonista André Reis Lacerda homologou, na tarde desta quinta-feira (21/12), durante audiência de custódia, o cumprimento do mandado de prisão temporária expedido contra a advogada Amanda Partata, suspeita de ter envenenado e matado o ex-sogro e a mãe dele no último domingo (17/12). A mulher foi detida pela Polícia Civil na noite de quarta-feira (20). Ela teria colocado veneno em suco dado a Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e a mãe dele, Luzia Tereza Alves, de 85 anos.
O magistrado ainda determinou a realização de avaliação médica e psicológica em Amanda Partata. Além disso, ela deverá ser colocada em cela separada, caso necessário, preservando-se a sua incolumidade física e dignidade da pessoa humana.
Durante a audiência, Amanda alegou ter sofrido agressão física no ato da prisão. O juiz, no entanto, afirmou que, da análise do procedimento de comunicação de prisão e demais documentos, não vislumbra indícios de ocorrência de tortura ou maus-tratos contra ela. Apesar disso, ele determinou que fosse oficiada a Polícia Civil para averiguar as supostas agressões sofridas pela autuada.
A defesa de Amanda, feita pelo advogado Carlos Márcio Rissi Macedo, pugnou pelo relaxamento da prisão temporária, em razão de inviolabilidade de domicílio, vez que o mandado de prisão foi cumprido no período noturno, conforme mídia audiovisual apresentada. O pedido foi negado.
Em entrevista na manhã desta quinta (21), o delegado Carlos Alfama, responsável pela investigação, afirmou que Amanda teria premeditado todo o crime. Além disso, a suspeita estaria perseguindo e ameaçando o ex-namorado, Leonardo Filho, filho e neto das vítimas, por meio de números e perfis falsos.
O envenenamento teria sido por meio de um lanche levado pela suspeita para a casa das vítimas para um café da manhã. Segundo o delegado, Amanda, que mora em Itumbiara, estava hospedada em Goiânia desde a quinta-feira da semana passada e, após passar três horas na casa dos ex-sogros no domingo, retornou para a sua cidade, apesar de ter recebido um áudio do ex-sogro sugerindo que ela fosse ao médico, já que ela teria relatado à família do ex-namorado que estava grávida.
Perseguição
Segundo Alfama, Amanda já estava sendo investigada pela Delegacia de Crimes Cibernéticos. Após o término do namoro no início de agosto, depois de um mês e meio de relacionamento, seu ex-namorado, Leonardo Filho, começou a receber ameaças por telefone e por meio das redes sociais. “Ele estava sendo ameaçado por pelo menos seis perfis falsos diferentes, recebendo 10, 15 ligações por dia que não falavam nada. Ele bloqueou mais de 100 números até a denúncia da perseguição”, informa o delegado.
A investigação descobriu que os perfis foram criados por Amanda, algo que foi corroborado pela empresa Meta, responsável pelo Instagram e Facebook. Além disso, os números falsos usados nas ligações foram mascarados por um software e estavam registrados em um telefone cadastrado no nome do irmão de Amanda. “Mas ela cometeu um erro e registrou o próprio telefone e e-mail como dados de recuperação”, explica o delegado.
Tudo isso ao mesmo tempo em que ela teria informado a Leonardo Filho e à família do ex-namorado que ela estava grávida, sendo recebida de braços abertos pelos familiares, mesmo com a negativa de Leonardo de retomar o relacionamento. Inconformada, Amanda teria intensificado as ameaças. “Depois não adianta chorar em cima do sangue deles”, dizia uma das mensagens que Amanda enviou para Leonardo Filho, se referindo aos seus familiares.
Segundo o delegado, não há qualquer indício de que a suspeita esteve, de fato, grávida. “Ela não está grávida, apesar de dizer que está, fingindo estar enjoada. Ela apresentou alguns exames de gravidez antigos, mas há indícios de falsificação”, diz o delegado.
Relembre o caso
Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e Luzia Tereza Alves, de 86 anos, mãe e filho, morreram em Goiânia entre domingo e segunda-feira (18/12) vítimas de envenenamento. Em um primeiro momento, a suspeita foi de que eles tivessem sofrido uma intoxicação alimentar causada por alimentos contaminados de uma famosa doceria de Goiânia.
A polícia excluiu qualquer relação com a doceria. “A injustiça direta de um crime é contra a vítima, mas houve uma injustiça grande contra a doceria. É uma empresa séria, responsável, que colaborou totalmente com todos os pontos da investigação”, garante Alfama.
Suspeita de envenenar família do ex em Goiânia é investigada em 4 Estados