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Situação é preocupante em todo o País | 18.07.22 - 14:59
(Foto: Greenpeace)
Théo Mariano
Goiânia - O Relatório Anual do Desmatamento (RAD) no Brasil aponta um crescimento de 36% no desmatamento registrado em Goiás entre os anos de 2020 e 2021. O documento foi divulgado na manhã desta segunda-feira (18/7) e elaborado pelo MabBiomas. O levantamento traz um amplo panorama sobre a realidade do desmatamento no País e aponta, inclusive, que mais de 98% das ocorrências registradas no País são ilegais. A comparação entre os anos de 2020 e 2021 é mostrada em hectares: no primeiro ano citado, foram desmatados 23.206 hectares no território goiano, índice que cresceu para 31.472 hectares no ano seguinte.
Com esse número, o Estado de Goiás permanece na 12ª posição da lista de maiores áreas totais desmatadas nas unidades federativas. Os cinco primeiros estados são Pará (402.487), Amazonas (194.498), Mato Grosso (189.880), Maranhão (166.923) e Bahia (152.203) - estes estados somam mais de 67% do desmatamento detectado em 2021 no País. O Brasil registrou aumento de 20% nas áreas desmatadas no ano passado, com crescimentos em todos os seis biomas, destacando-se as regiões da Amazônia e do Cerrado, que juntas formam quase 90% do mapa de desmatamento brasileiro de 2021
De acordo com os dados da MapBiomas, o desmatamento no Brasil é um "processo rápido". No dia 21 de julho de 2021, registrou-se, em um único dia, área desmatada de quase 6 mil hectares, quantidade equivalente a 60% da cidade de Vitória (ES). O território nacional perdeu, em média, 189 hectares desmatados por hora em 2021 - o que corresponde a um Estádio do Maracanã destruído a cada dois minutos.
Além disso, houve crescimento de 24% nas áreas de conservação desmatadas entre os dois anos anteriores. Mais de 11,6% das unidades de conservação do País registraram pelo menos uma ocorrência de desmatamento em 2021. Além disso, mais de 40% das áreas indígenas também tiveram eventos de desmatamento no ano passado. Se levados em conta os três últimos anos, 57% do território indígena brasileiro foi alvo, pelo menos em uma ocasião, de ações de desmatamento.
Quem desmata?
O Relatório Anual do Desmatamento aponta que o principal vetor do desmatamento no País é o agronegócio. Cerca de 97% dos registros de áreas desmatadas estão ligados à pressão de agropecuaristas. Apenas 0,5% do vetor de pressão partiu de garimpeiros - no entanto esta atividade exerceu papel significativo no desmatamento registrado no Sudoeste do Pará, segundo o RAD.
Histórico
Como já mostrou o jornal A Redação anteriormente, apenas entre 2010 e 2020, o Estado de Goiás perdeu território cerratense equivalente a cerca de seis cidades de São Paulo para o desmatamento. Foram quase um milhão de hectares suprimidos. Muito além dos rios ressecados, que contribuem para o encarecimento da energia elétrica, e a alteração do bioma de formas quase impossíveis de se recuperar, o desmatamento favorece ainda a incidência de queimadas no cerrado.
"Geralmente, as queimadas são observadas nesse tipo de bioma após as ações de desmatamento, muitas vezes para limpar os territórios devastados. Mas o fogo por diversas vezes se alastra e acaba por atingir áreas que vão além das propriedades privadas, como até mesmo reservas legais e zonas de proteção permanente", explicou ao AR, à época, o pesquisador Sérgio Nogueira, da Universidade Federal de Goiás (UFG).