A Redação
Goiânia - A cidade de Goiás, tombada como Patrimônio Histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e reconhecida como Patrimônio Mundial pela Unesco, se prepara para a Semana Santa 2025 (13 a 20/4). Com mais de 280 anos de tradição, o evento religioso e cultural é um dos mais antigos do Brasil.
As missas, procissões, concertos e apresentações culturais celebram esses quase três séculos de devoção ininterrupta. A cidade de Goiás possui três semanas dedicadas à rememoração da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Por isso mesmo a programação de missas, procissões e concertos tiveram início no dia 31 de março e se encerram no Domingo de Páscoa. As duas semanas que antecedem a Semana Santa são chamadas Semana de Passos e Semana Das Dores.
A Semana Santa tem início no Domingo de Ramos (13/4) e termina com a ressurreição de Jesus, que ocorre no domingo de Páscoa (19/4). Na cidade de Goiás, um dos marcos do evento é a Procissão do Fogaréu, marcada para às 23 horas e 59 minutos do dia 16 de abril (Quarta-feira Santa). O evento conta com o apoio financeiro do Programa Goyazes, da Secretaria de Estado da Cultura - Governo de Goiás, e patrocínio da Equatorial Energia.
A Semana Santa na antiga capital goiana é promovida pela Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, fundada em 1745, juntamente com a Organização Vilaboense de Artes e Tradições (Ovat), a Catedral de Sant’Ana (Pároco Augusto Cezar Pereira), o Santuário de Nossa Senhora do Rosário (Pároco e reitor Frei Cristiano Bhering) e a Paróquia de Santa Rita (Pároco Dennis Divino).
PRINCIPAIS PROGRAMAÇÕES
Domingo de Ramos (13/4)
A Semana Santa tem início no domingo (13/4), com a Procissão de Ramos, que representa a entrada de Jesus em Jerusalém. Os ramos servem justamente à sua aclamação. Há procissões ao longo de todo o dia, na Cidade de Goiás, mas o principal cortejo ocorre a partir das 18h30, que esse ano, de forma atípica, terá início na Igreja de Santa Bárbara, localizada fora do centro histórico, e seu término será no Santuário de Nossa Senhora do Rosário, onde é realizada a Missa de Ramos.
13 de abril também é o “Dia Nacional da Coleta da Solidariedade” da Igreja Católica, gesto concreto da Campanha da Fraternidade 2025.
Quarta-feira das Trevas e a Procissão do Fogaréu (16/4)
Dentre todas as cerimônias passionárias da antiga Vila Boa, o grande destaque fica por conta da Procissão do Fogaréu, quando os farricocos invadem as ruas da antiga capital, as luzes elétricas e artificiais são desligadas e a cidade é tomada por tochas, tambores e silêncio reverente.
Com raízes no século XVIII, a caminhada eloquente encena a perseguição e prisão de Jesus, em Jerusalém. A sonoridade forte e compassada, as figuras encapuzadas e misteriosas dos Farricocos, as tochas acesas acima das cabeças como única fonte de luz, tudo isso, em conjunto, reverbera e promove uma catarse coletiva entre moradores e visitantes, brasileiros e estrangeiros, em um espetáculo único de fé e tradição. A caçada pelo Cristo tem início pontualmente às 23h59 da Quarta-Feira Santa, na porta do Museu de Arte Sacra da Boa Morte..
O público também munido de tochas acesas sai desordenado em marcha acelerada até o Santuário de Nossa Senhora do Rosário, onde encontram montada a mesa, já dispersa, da Ceia do Senhor.
O Coro entoa durante o trajeto músicas barrocas locais, do século XIX, os Motetos dos Passos Exeamus, Domine e Pater. Segue depois a procissão pelas ruas escuras em direção a Igreja de São Francisco de Paula que, no ato, representa o Monte das Oliveiras local que simboliza a prisão de Jesus Cristo.
Sob o toque do clarim e da fanfarra, o Cristo flagelado aparece preso, representado por um estandarte de linho pintado em duas faces. O estandarte antigo era atribuído a Veiga Valle e, o atual, é uma pintura feita por sua bisneta, a também artista plástica Maria Veiga.
QUINTA-FEIRA SANTA (17/4) - LAVA-PÉS e Procissão das Almas
Na quinta-feira Santa (17/4), às 19 horas, na Catedral de Sant’ana, acontece a cerimônia do Lava- Pés, onde os doze apóstolos são representados por pessoas da comunidade.
Durante essa cerimônia, o Coral Solo da cidade de Goiás entoa as melodias do canto do Lava-Pés, de autoria do goiano José do Patrocínio Marques Tocantins (séc. XIX), e também o hino Pange Linguae, durante a transladação do Santíssimo Sacramento para o Sepulcro, artisticamente arrumado para esta solenidade, permanecendo exposto à visitação pública até a sexta-feira, 14 horas.
Às 23h, parte da Igreja de São Francisco de Paula a Procissão dos Penitentes, também chamada popularmente de Procissão das Almas. Em um ambiente de oração e penitência, esse cortejo reúne moradores de Goiás, visitantes e estudiosos, que se unem para reviver uma tradição secular. A procissão é composta por homens encapuzados em números múltiplos de 7 (7, 14 ou 21) em homenagem às Sete Dores de Nossa Senhora. Esses penitentes repetem as orações e cantam em sufrágio das almas falecidas que necessitam de oração. Portando um crucifixo e tochas, são guiados pelo som da matraca que anuncia sua passagem pelas ruas e becos da antiga capital. A procissão faz paradas em frente às diversas igrejas e finaliza o percurso dentro do Cemitério São Miguel.
SEXTA-FEIRA SANTA (18/4) - Descendimento da Cruz
Às 10h, na Igreja Nossa Senhora da Abadia, realiza-se a cerimônia do Canto do Perdão masculino. Na cerimônia, as vozes masculinas meditam sobre as cenas da Paixão, especialmente as últimas frases de Jesus na Cruz.
Característica do passionário vilaboense, consiste na teatralização e apresentação dos cânticos da Via-Sacra (composta pelo Monsenhor Pedro Ribeiro da Silva), do Canto das Sete Palavras (atribuído à Maria Camargo), do Canto da Verônica e das Héus, além do Canto do Perdão propriamente dito (musicado pelo Frei Ângelo Dargaignaratz).
Às 18h, na Igreja de São Francisco de Paula, é realizado o Canto do Perdão feminino, apresentado por 22 moças que rememoram os martírios de Jesus Cristo e pedem-lhe perdão pelas ofensas sofridas.
Às 20h, no Largo do Chafariz, é dramatizado o Descendimento de Cristo da Cruz, com os figurantes vestidos a caráter. É realizada a Homilia das Sete Palavras, intercalada com trechos musicais, das Sete Palavras e da Via Sacra do compositor Monsenhor Pedro Ribeiro da Silva, que esse ano especialmente contará com a participação da Banda dos Bombeiros Militares de Goiás e do Coral Solo da cidade de Goiás.
Logo após sai a Procissão do Enterro, percorrendo as ruas da cidade até a Catedral de Sant'Ana. Na procissão, observamos as figuras bíblicas do velho e do novo Testamento: Abraão e Isaac simbolizando o patriarca da fé, Verônica, Maria (Nossa Senhora), Maria Madalena, Maria Cleófas, José de Arimatéia, Nicodemos, as Carpideiras ou Heus, os Farricocos e a imponente Guarda Romana, ao lado do esquife do Senhor Morto.
Durante todo o percurso da procissão, são ouvidos, espaçadamente, as peças melancólicas e sentidas do Canto da Verônica e das Heús (composições do século XIX), que choram a morte de Jesus Cristo, acompanhados pelo toque da matraca e pela banda de música que entoa marchas fúnebres. A imagem que acompanha o esquife é a de Nossa Senhora das Dores, esculpida por Veiga Valle.
DOMINGO de PÁSCOA (19/4)
Às 10h ocorre a Missa Solene na Catedral de Sant'Ana, presidida pelo Bispo da Diocese de Goiás, Dom Jeová Elias, que ao final faz a Benção de envio dos Foliões do Divino Espírito Santo.
Às 11h, na Catedral de Sant'Ana, dá-se a saída da quase bicentenária e tradicional Folia do Divino Espírito Santo, que percorre a cidade, visitando casa por casa até terça-feira. E no decorrer dos meses de março e abril, percorrem outros bairros e distritos da cidade de Goiás.
Serviço: Semana Santa na cidade de Goiás 2025
Datas: 13 a 20 de abril (Domingo de Ramos a Domingo de Páscoa)
PRINCIPAIS EVENTOS:
• 13/4 (DOM) - 18h30 - Igreja de Santa Bárbara - Procissão de Ramos
• 16/4 (QUA) - 23h59 - Procissão do Fogaréu - saída da porta do Museu de Arte Sacra da Boa Morte..
• 17/4 (QUI) - 19h - Cerimônia do Lava-pés - Catedral de Sant’ana
Programação completa
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