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Cia Nu Escuro apresenta “Barbas” no Teatro SESC em Goiânia

Ingressos já estão disponíveis | 11.03.25 - 18:53 Cia Nu Escuro apresenta “Barbas” no Teatro SESC em Goiânia Cia Nu Escuro (foto: reprodução)
A Redação

Goiânia
- A Cia de Teatro Nu Escuro celebra seus 29 anos com a apresentação única do espetáculo "Barbas" no Teatro SESC Centro, na sexta-feira (14/3), às 20h. A peça contará com recursos de acessibilidade, incluindo tradução em Libras e audiodescrição. Os ingressos estão disponíveis pelo perfil do SESC no Instagram (@sescgo) e no site.

Com linguagem cênica baseada no teatro de bonecos, "Barbas" estreou originalmente em 2021 no formato de websérie, uma adaptação necessária diante das restrições impostas pela pandemia de Covid-19. Posteriormente, a obra foi levada para os palcos, tornando-se o 16º espetáculo encenado pelo grupo goiano.
 
A trama
O enredo acompanha Marabel, uma menina de 11 anos que desenvolve o hábito de arrancar os pelos do rosto de sua mãe e guardá-los em uma pequena caixa, enquanto escuta as histórias contadas pela matriarca. A narrativa explora temas como aceitação da morte e enfrentamento da tristeza, com a protagonista buscando refúgio em um universo imaginário.
 
A montagem, dirigida por Izabela Nascente, utiliza o grotesco e o teatro de animação para criar um espaço onde o riso dialoga com a tragédia. A história de Marabel ganha um novo rumo quando sua irmã morre, levando-a a enfrentar o luto e o adoecimento da mãe. Em meio à melancolia, a menina se vê transportada para uma realidade alternativa, um local conhecido como "Freak", onde encontra Julia Pastrana, uma artista do século XIX que se apresentava em Freak Shows. Nesse ambiente, Marabel descobre novas formas de enxergar o mundo e, ao retornar para casa, tenta compartilhar sua experiência, trazendo leveza ao cotidiano e despertando um sorriso no rosto de sua mãe.
 
Pesquisa e identidade artística
A concepção de "Barbas" tem como base três pilares: uma pesquisa de oito anos conduzida por Izabela Nascente, a identidade estética da Cia Nu Escuro e a reinvenção do grupo durante o período pandêmico. O espetáculo surgiu a partir da dissertação de mestrado da diretora, intitulada "O Freak Show e Julia Pastrana", que investiga a trajetória da artista mexicana que se tornou símbolo de espetáculos de exibição de pessoas com características incomuns.
 
A pesquisa de Izabela se cruza com suas vivências pessoais e histórias de outras mulheres que também precisaram enfrentar violências e desafios impostos pela sociedade. O processo de dramaturgia contou com contribuições de diversas artistas, como Rô Cerqueira, Adriana Cruz e Milena Jezenka, que trouxeram pluralidade ao roteiro.
 
A marca da Nu Escuro
"Barbas" mantém elementos característicos do repertório da Cia Nu Escuro, como o uso do grotesco, a animação de bonecos e o humor como ferramenta para abordar temas complexos. O espetáculo dialoga com outras produções do grupo, como "Pitoresca", "O Alienista", "Carro Caído" e "O Cabra que Matou as Cabras". Nesta montagem, a companhia aprofunda aspectos sombrios da linguagem grotesca, explorando o inconsciente e elementos do estranhamento, em diálogo com os estudos do teórico Wolfgang Kayser.
 
Com um histórico consolidado no teatro brasileiro, a Cia Nu Escuro reafirma sua identidade ao apresentar um espetáculo que mescla pesquisa, arte e reflexão, convidando o público a uma experiência sensorial e emocional no palco do SESC Centro.

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