A Redação
Goiânia - O programa "Lattes, mas não morde!", exibido pela TV UFG, aos sábados às 20h, é realizado pelo Centro de Estudos Brasileiros (CEB/UFG) e tem como entrevistadores os professores Anselmo Pessoa e Lisandro Nogueira.
O professor Anselmo Pessoa concedeu uma entrevista a Larissa Rocha, da assessoria da Universidade Federal de Goiás (UFG), para contar a história do programa.
Acompanhe na íntegra:
Quando surgiu a ideia da criação do programa?
Em meados de 2019, não me lembro exatamente quando. Mas já inicialmente convidei o prof. Lisandro Nogueira para fazermos alguma coisa para disputar o espaço digital que, naquele momento, estava totalmente tomado pela extrema-direita e a contraposição ao obscurantismo, por parte de uma força iluminista, que apelasse à razão, demorava para acontecer.
Quando e por que foi criado?
Como disse acima, queríamos disputar o espaço digital da informação para fazer formação! O ambiente que o Brasil vivia naqueles meses era muito pior do que o que vivemos agora (que ainda continua muito ruim). Valia, como vale ainda hoje, embora em escala um pouco menor, o discurso de total negação de dados da realidade factual e, se você se lembra, uma das instituições sob fogo cruzado era justamente a universidade pública, assim como toda e qualquer fonte de conhecimento rigoroso, científico. Nós fomos chamados a intervir pelas nossas consciências e pelas nossas trajetórias. Ao longo de nossas histórias, sempre atuamos em constante diálogo com a sociedade, buscando quebrar os muros que separam?a universidade do seu entorno. Sempre buscamos uma sintonia com a cidade.
Qual era/é o objetivo do Lattes?
O objetivo sempre foi o que continuamos a fazer, isto é, apresentar toda e qualquer discussão que possa enriquecer o debate público, o conhecimento interdisciplinar, a abordagem multifacetada da realidade, a complexidade de qualquer evento, fato, ou situação. Para atingir esses objetivos, os nossos convidados sempre foram fundamentais, pessoas que, de algum modo, têm o que dizer e dizem bem. De nossa parte, entendemos desde logo que a nossa tarefa era criar o ambiente descontraído e leve que queríamos e que caracteriza o Lattes, mas não morde! Portanto, nós criamos a moldura para que os vários pontos de vista sejam expostos.
A abordagem leve foi uma decisão de primeira hora, já nasceu com o projeto. De início, não sabíamos como seria o que gostaríamos de fazer, fizemos alguns testes com o celular, de um jeito bem mambembe. Depois, saímos em busca de parcerias, conversamos com muitas pessoas. Discutimos equipamentos e formato, não tínhamos uma ideia de como poderia ser (como ainda não temos e não queremos ter). Visitamos vários estúdios pela universidade e fomos muito bem acolhidos pelo prof. Cleomar de Sousa Rocha, do Media Lab, que nos disponibilizou o espaço onde hoje funciona o estúdio do Centro de Estudos Brasileiros (CEB-UFG). Só que, naquele momento, o estúdio ainda não estava aparelhado com os equipamentos necessários para uma gravação profissional. Em vista disso, para fazer um teste, uma espécie de piloto, fomos até a TV UFG e negociamos de fazer o que seria o piloto lá. Para o ensaio geral, convidamos exatamente o prof. Cleomar.
Na TV UFG também fomos muito bem recebidos. Não nos cansamos de agradecer à parceria que fizemos com a TV UFG, desde o pessoal da área técnica até à direção: profa. Silvana Coleta, Vanessa Bandeira, Thiago Moreira, Kitia Rubia e, na época ainda estava lá, o Michael Valim. Uma curiosidade: o nome “Lattes, mas não morde!” foi uma sugestão do Michael Valim. Não era e não é um nome original, alguma coisa já rolava nas redes, e o Michael, logo após gravarmos o que seria o primeiro episódio (ainda não sabíamos que aquele seria o primeiro episódio) sugeriu o nome e, de nossa parte, logo aceitamos também. Com o nome, fomos convidados a submeter nossa proposta de programa ao Conselho Editorial e de Programação da TV UFG, o que fizemos logo em seguida e fomos “contratados”, isto é, recebemos um lugar na grade de programação da TV UFG. Daí criamos o canal do CEB-UFG no YouTube, etc.
É importante ressaltar, ressaltar e ressaltar: não fazemos o que fazemos para "pontuar" no currículo Lattes, não é isso o que importa para nós, nunca foi, nunca será. Outra coisa importante: não é um programa de entrevistas, embora, de algum modo, também o seja, mas é um programa de conversa, de bate-papo. Nós, os condutores da conversa, nos sentimos no direito de opinar, de participar da discussão, de fazer uso a palavra.
Qual a importância desse programa para a UFG e para a comunidade?
Essa pergunta não consigo responder, aliás, gostaríamos de saber também. O que chega para nós e muito satisfatório, o retorno que recebemos é o melhor possível.
Quais eram as características das outras duas temporadas?
Os princípios são os mesmos em todas as temporadas, a diferença talvez seja que continuamos a aprender gravação após gravação, tentamos melhorar o cenário, a técnica, a nossa performance.
O que há de diferente nessa 3° temporada?
É como disse na resposta da pergunta anterior, mas vou acrescentar que o Lattes, mas não morde! é, na sua concepção, um programa sem roteiro pré-definido, não queremos ter o roteiro rígido. Nós nos preparamos o máximo que podemos, cada um por si, e vamos para a luta. O programa todo está baseado na nossa experiência, nas nossas figuras públicas, na nossa performance, no nosso conhecimento acumulado e no conhecimento específico que adquirimos para cada conversa.?
O que foi pensado para a terceira temporada do Lattes?
Na terceira, como nas outras, a nossa intenção é sempre realizar a cada programa o melhor que podemos, que conseguimos, dentro das nossas limitações individuais, dentro dos limites materiais a que estamos submetidos. Cada programa é uma batalha, não contamos com recurso nenhum, ou algum tipo de financiamento, nos arranjamos da melhor forma possível. Mas temos o principal, parcerias efetivas: o prof. Edward Madureira Brasil foi essencial também para o “Lattes, mas não morde!”. Se o nosso estúdio hoje funciona, devemos a ele. Assim como à profa. Angelita. Antes mesmo dela ser reitora, ela já tinha dado a sua contribuição fundamental. O prof. Tasso Leite é outro a quem somos agradecidos. O prof. Wolney Unes é imprescindível. Só existimos porque contamos com o apoio, com a parceria, do prof. Gilson Oliveira Barreto, do LabTime (é claro que estou cometendo muitas injustiças). A nossa pequena equipe de estúdio: Sidi Leite, Neto Vasconcelos e Adan Trindade. A Zenilde Nunes na manutenção da Web página e a Ilíada Damasceno no design.
Qual será o foco do programa esse ano?
Discutirmos assuntos que sejam relevantes, que, de alguma forma, contribuam com o arejamento de nossa instituição por meio de novos olhares, ou com olhares, pontos de vista que até então não tinham tido a oportunidade de se expressarem. O foco é a cidadania, o direito à cidade!