Goiânia - Paulo Garcia resolveu voltar para o jogo. E colocando o time no ataque. A entrevista ao Clube de Repórteres Políticos de Goiás e seu retorno ao debate no Twitter mostram que ele decidiu travar a batalha da comunicação, entrar na disputa de versões - inclusive seguindo o conselho que Dilma Rousseff passou ontem a seus ministros.
Até aí, só vejo pontos positivos. É importante que o prefeito de Goiânia se posicione, não fique calado e recluso na rotina do Paço Municipal. O problema é a mania de perseguição. Ele não consegue rebater uma crítica sem insinuar algum interesse supostamente oculto.
Vamos jogar limpo: Paulo Garcia acha que todo questionamento à sua gestão é formulada dentro do Palácio das Esmeraldas. É possível que até esse texto seja colocado nesse balaio. Se ele assim entender, só lamento.
O que precisa ficar claro para o prefeito é que, por mais que ele veja fantasmas atrás de cada crítica (e vai que eles realmente existam), há algo concreto que sustenta a insatisfação. Os elementos objetivos para a crítica estão todos aí. Basta olhar para a realidade e perceber que nossa cidade está longe daquilo que almeja o goianiense. A crise do lixo, a falta de iluminação pública, o abandono dos parques e os buracos do asfalto são verificados por todos que andam na cidade. E isso reflete na desaprovação de sua gestão, como apontam as últimas pesquisas de satisfação de quem mora em Goiânia.
Não é uma charge de Jorge Braga que faz o goianiense achar a administração do petista ruim. É a rua de casa escura, esburacada e com lixo de uma semana empilhadado na calçada. Simples assim.
Não sou ingênuo. Sei que existe gente no campo político adversário ao prefeito procurando defeito em tudo que parte do Paço Municipal. Tem sitezinho mequetrefe por aí que pelo amor da Virgem… O jogo é duro, eu sei. Mas quem topa jogá-lo tem que estar pronto para a porrada. É a vida.
As falhas do governo estadual também estão aí. O colapso do Detran, o atraso infinito na entrega do viaduto da GO-080 e do Hugo 2 estão na cara da sociedade e causando transtornos a todos. Mas não vejo o Palácio das Esmeraldas culpando o grupo político do prefeito de plantar notinhas na imprensa sobre esses inegáveis problemas.
Paulo Garcia precisa entender que sempre vai gerar desgaste administrar uma cidade gigante como Goiânia. Mas ele tem que abrir o ouvido para a crítica, deixar de arrumar desculpa de cunho político para desqualificar todo questionamento. Mesmo que a intenção de quem a formula seja a porrada pela porrada, se a realidade não fornecesse elementos para a mesma, a crítica não pegaria, não reverberaria na opinião pública. E se as críticas estão tendo apelo é por que a Prefeitura deixa a desejar.