Goiânia - Confesso: sim, eu assisto ao Big Brother Brasil (BBB). No entanto, o que menos me interessa é saber quem vai vencer a disputa do programa. O que me fascina mesmo é a oportunidade de observar de perto o comportamento alheio. Ver gente confinada, surtando, é algo que me atrai de forma quase compulsiva. Talvez por isso eu tenha assistido a todos os episódios das séries Sessão de Terapia e In Treatment.
Mas voltando ao BBB, esse ano uma figura em especial tem chamado minha atenção. Falo de Fernanda, a advogada mineira que, há algum tempo, vive um affair dentro da casa com o modelo capixaba André. Linda, loira e com um corpão de parar o trânsito, ela é a prova viva de que nem só pela beleza uma mulher se garante. Autoestima é fundamental, e, desse quesito, a moça parece ter passado bem longe.
Desde o começo do programa Fernanda caiu de amores por André. A recíproca não foi verdadeira. Em várias ocasiões o moço contou que estava apaixonado por uma mulher que havia conhecido no réveillon. Mas Fernanda resolveu que iria ficar com o modelo a todo custo. E dá-lhe cantadas, caras, bocas e tudo mais. Quando viu que não ia rolar, aplicou o golpe mortal: chamou o rapaz de frouxo.
Vendo sua virilidade colocada à prova na casa, André resolveu ficar com Fernanda. Poucas horas depois do primeiro beijo, a advogada já estava declarando amor eterno ao modelo e o chamando de “príncipe”. Dois dias depois da ficada, ela já entrava em crise, discutindo a “relação” sem parar, querendo saber porque ele não era carinhoso com ela, porque não fazia assim, porque não falava assado.
Quanto mais tinha crises de carência e se tornava grudenta, mais Fernanda deixava André entediado. Era público e notório que o rapaz não estava louco de amores pela loira, mas ela resolveu forçar a barra e criar a qualquer custo um conto de fadas para viver. E, como a gente sabe, tudo que se quer a qualquer custo, sai caro demais. O modelo, como era de se prever, deu o fora na advogada.
Depois do fora, parecia que Fernanda havia caído em si e parado de mendigar a atenção de André. Ficou na dela, segurou a onda e, como também era de se esperar, se tornou interessante aos olhos do moço. Numa festa, eles ficaram e reataram. Bastou isso para que a autoestima dela fosse de novo para o ralo e o drama recomeçasse. Fernanda chora o tempo inteiro e endoida a cabeça por André.
Ela quer saber tudo o que ele pensa, o que fará a cada segundo, quer provas de amor constantes, não se conforma por não poder devassar o cérebro do rapaz e comandar cada ato ou sentimento dele. Insegurança nota dez, amor próprio nota zero. Vemos uma mulher desesperada por migalhas de carinho e palavras doces, que, diante da ameaça da perda, se desequilibra completamente.
O ápice do desespero da advogada foi na semana passada. Diante de um piti de André (que parece um garoto mimado e adora uma birrinha, ô cara chato!), ela chorou, implorou e disse que, por ele, abriria mão de ganhar o jogo. É isso mesmo, produção: um homem que faz pouco caso de você, que te esnoba e te humilha vale bem mais que o prêmio de R$ 1,5 milhão do programa.
Coisa de televisão? Ficção, bobagem de reality show? Infelizmente não. Vejo milhares de Fernandas por aí, todos os dias. Lindas, bem-sucedidas profissionalmente, elas se transformam em garotinhas de 7 anos de idade diante de um homem, e se comportam como princesinhas perdidas e ingênuas, que precisam ser salvas do mundo cruel pelo príncipe encantado. Perdem a identidade, a autoestima, a alegria de viver.
É claro que não se pode generalizar e dizer que toda mulher age assim. Há aquelas que sabem do seu real valor e não se anulam pelo homem amado, estabelecendo com ele uma relação de igualdade e respeito. No entanto, a quantidade de mulheres que fazem o caminho oposto não pode ser desprezada. Ela é grande. Há muitas Fernandas espalhadas por esse Brasil de meu Deus.
Não por acaso, nas 13 edições do BBB tivemos apenas três mulheres vencedoras. Geralmente, elas perdem o foco durante o programa e trocam a possibilidade de sair com um prêmio polpudo por romances frágeis, intrigas e disputas bobas. Levam da vida para a tela a TV o desespero de ter alguém, de se afirmar, de conseguirem aprovação social. Dá ibope, mas não traz felicidade.