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Sobre o Colunista
José Abrão
José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br
Vi e Jynx estão no centro do enredo de 'Arcane' (Foto: divulgação)Após quase três anos de produção, a Netflix lançou neste novembro a 2ª temporada de Arcane, a incrível série animada baseada em League of Legends, da Riot Games. A série, com uma arte primorosa, personagens envolventes e bons roteiros, superou todas as expectativas, mas a segunda parte estreou com um gosto amargo: dias antes, foi divulgado que esta seria a última e que supostamente isto havia sido planejado desde o princípio.
O “final” da série diz o contrário, porém, terminando com diversas pontas e cliffhangers que supostamente agora abrem brecha para serem exploradas em possíveis novos seriados e filmes, mas nada foi confirmado até agora.
Mas estou me adiantando. A nova temporada abre com as consequências da escalada no conflito entre a cidade-Estado de Piltover e sua “favela”, Zaun, que luta por independência, assim como a rota de colisão entre as irmãs Vi e Jynx, novamente dubladas com excelência por Hailee Steinfield e Ella Purnell.
Infelizmente, esse conflito vai aos poucos sendo colocado de lado ao ser engolido por duas ameaças maiores: após tocar o Arcano, o cientista Viktor se torna um vetor para uma inteligência incompreensível que pode causar a destruição da cidade. Ao mesmo tempo, a general noxiana Ambessa articula tomar a cidade à força para dominar as armas produzidas com Hextec para dizimar seus inimigos.
É muita coisa acontecendo, e por mais que a série consiga manter o mesmo patamar da 1ª temporada mesmo em ritmo acelerado, é impossível não pensar que, mesmo corrida, seu final acaba sendo pouco satisfatório. Mas não que não seja épico: vilões são derrotados e consequências terríveis são pagas pelos heróis, mas e agora? A demanda por novas várias temporadas e arcos maiores, deliberados e complexos é enorme, tornando o final acelerado e abrupto da série decepcionante.
Ainda assim, é importante destacar como Arcane tem vida própria e, principalmente, coragem em relação à obra em que foi baseada. Não existem amarras em relação à League of Legends e o final deixa isso abundantemente claro, matando ou incapacitando heróis e vilões sem cerimônia de que isso pudesse complicar as vendas do produto original.
A série avança além das linhas com temas complexos para uma série animada direcionada à adolescentes, inclusive colocando um relacionamento homossexual no centro das suas protagonistas. Sem dúvida, não se esperava que uma adaptação de League of Legends teria as caras de peitar esse tipo de coisa com medo de alienar sua audiência, e só por isso já vale a assistida.
No fim das contas, apesar de um tanto decepcionante, a 2ª temporada de Arcane ainda é excelente, mas é impossível ignorar o gosto amargo que ela deixa: uma das séries mais promissoras recentes e que renderia diversas temporadas de uma história original de qualidade, cortada na raiz.