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Teatro Inacabado: patrimônio cultural em luta na região central de Goiânia

Prédio fica na Av. Anhanguera | 15.11.24 - 09:10
Teatro Inacabado: patrimônio cultural em luta na região central de Goiânia Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
Carolina Pessoni
 
Goiânia - Em meio à cena artística de Goiânia, um prédio imponente, marcado pela história e pela luta, resiste ao tempo: o Teatro Inacabado. Nascido da paixão e da visão de um grupo de jovens idealistas liderados por Octávio Zaldivar Arantes - o Otavinho Arantes -, o teatro se tornou um símbolo da cultura goiana, enfrentando desafios e superando obstáculos ao longo de suas décadas de existência.
 
Fundado em 1959, o teatro foi construído a partir do projeto dos arquitetos Walter Guerra e Lindolfo Nunes da Rocha. O prédio foi instalado na Avenida Anhanguera, Setor dos Funcionários, hoje região central de Goiânia, mas considerada erma na época.
 
O Teatro Inacabado tinha uma proposta ousada para o tempo. Em uma Goiânia em desenvolvimento, um grupo de jovens apaixonados pelas artes cênicas decidiu construir seu próprio espaço para ensaiar e apresentar peças. Foi fundada, então, a Agremiação Goiana de Teatro (AGT), que se tornou o berço de talentos como Cici Pinheiro e Hugo Zorzetti, nomes que contribuíram significativamente para o desenvolvimento do teatro em Goiás.
 

Otavinho Arantes foi o idealizador do Teatro Inacabado (Foto: Reprodução)
 
Otavinho Arantes, o visionário do teatro goiano, percorria as ruas de Goiânia em jornadas exaustivas. Empunhando um carrinho de mão repleto de tijolos, ele erguia, tijolo a tijolo, seu sonho de construir um espaço para as artes cênicas. A determinação de Arantes era tamanha que o teatro foi inaugurado ainda em construção, daí o seu nome: Inacabado.
 
Sem uma inauguração oficial, o Teatro Inacabado abriu suas portas à população em 1963. A primeira peça encenada foi "O Pagador de Promessas" de Dias Gomes.
 
A partir de então, as portas foram abertas para que companhias do Rio de Janeiro e São Paulo se apresentassem no espaço. Em 1966, Fernanda Montenegro, Sergio Brito e Fernando Torres apresentaram o espetáculo "O Homem do Princípio ao Fim", de Millôr Fernandes. 
 

"O Pagador de Promessas" foi a primeira peça encenada no espaço (Foto: Reprodução)
 
No ano seguinte, durante a troca do telhado, o espaço sofreu um incêndio. Após passar por reforma, foi reaberto em 1969, quando recebeu a peça "O Avarento", de Molière, encenada por Procópio Ferreira.
 
Grandes nomes das artes cênicas e da dramaturgia nacional se apresentaram no Inacabado. Aracy Balabanian, Walmor Chagas, Lucelia Santos, Cláudio Marzo e Rosamaria Murtinho são alguns dos atores que ocuparam um dos símbolos da cultura teatral goianiense.
 
 
Documentário conta a história do Teatro Inacabado

O produtor goiano de teatro Carlos Moreira conta que sua relação com o espaço começou nos anos 1980, quando o local realizava festivais e oficinas. "Uma oficina que me marcou muito foi com Roberto Gil Camargo. Era de um grupo chamado Grupo Artes de Teatro de São Paulo. Eu, então, de lá, tive a ideia de criar o Grupo Artes de Teatro de Goiânia, que tive que interromper por conta da minha ida ao exército, em 1983", rememora.
 
Em 1991, Otavinho Arantes morreu atropelado enquanto atravessava o Eixo Monumental, em Brasília, quando buscava recursos para o Teatro Inacabado junto ao Ministério da Cultura. Com a sua morte, começou um processo de abandono do espaço.
 
Com o descaso e sem atividades, local foi ocupado por pessoas em situação de rua. Em 1994, o Inacabado foi tombado pelo Conselho do Patrimônio Histórico e do Meio Ambiente da Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia.
 

Local foi utilizado para diversos tipos de atividades (Foto: Reprodução/Facebook)
 
Incêndios, falta de recursos e o abandono ameaçaram diversas vezes a existência do patrimônio cultural. No entanto, a paixão e a determinação de artistas, como Hamilton Amorim, impulsionaram a luta pela preservação do espaço.
 
A criação da Fundação Otavinho Arantes, em 1998, foi um marco fundamental nessa trajetória. Através de projetos sociais e culturais, a fundação conseguiu revitalizar o teatro e desenvolver projetos sociais com crianças e adolescentes, chegando a receber a mostra Goiânia In Cena, em 2002.
 
Após uma reforma conduzida pelo governo do Estado, por meio da então Agência Goiânia de Cultura (Agepel), o teatro foi reinaugurado em 2016. Desde a sua fundação, essa foi a primeira reforma pela qual o espaço passou.
 

Teatro encontra-se fechado atualmente (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
 
Apesar das conquistas, o Teatro Inacabado ainda enfrenta desafios. Atualmente, sob a gestão da Fundação Educacional de Goiás (FEG-FacLions), o espaço se encontra fechado. A reportagem procurou a FEG, mas sem sucesso.
 
Muito mais do que um prédio histórico, o Teatro Inacabado é um símbolo da luta pela cultura, da paixão pela arte e da importância de preservar a memória de um povo. Sua história inspira novas gerações de artistas e serve como um lembrete de que a cultura é um bem essencial para o desenvolvimento de uma sociedade, como reforça Carlos Moreira.
 
"A origem da minha companhia foi no Teatro Inacabado. Tive conversa muitos bacanas com o Otavinho Arantes, na casa dele, sobre o movimento teatral. Eu ainda era um menino naquela época, mas o Teatro Inacabado foi muito importante e ainda é muito presente na minha vida", encerra.
 

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