Carolina Pessoni
Goiânia - Em meio aos modernos edifícios e avenidas que marcam a paisagem de Goiânia, a história da cidade pulsa em cada canto. Construída sob um planejamento urbanístico inovador para a época, a capital goiana guarda em seus monumentos, museus e construções antigas um acervo riquíssimo de memórias.
Neste 24 de outubro em que Goiânia chega a seus 91 anos, convidamos você a embarcar em uma jornada pelo tempo e descobrir 10 locais que revelam a alma da nossa cidade. Prepare-se para se encantar com a história de Goiânia.
1. Praça Cívica
A Praça Cívica Doutor Pedro Ludovico Teixeira, considerada o marco inicial da construção da capital goiana, foi inaugurada em 1933. O projeto do espaço é atribuído ao urbanista Attilio Corrêa Lima, responsável também pela concepção da nova cidade.
Praça Cívica (Foto: Divulgação)
Destinada a ser o centro administrativo de Goiânia, a Praça Cívica abriga importantes edifícios do governo estadual, como o Palácio das Esmeraldas e o Palácio Pedro Ludovico Teixeira, além de instituições federais, como os Correios e o Tribunal Regional Eleitoral. O desenho radial do local permite uma integração funcional entre os diferentes órgãos, com a Praça servindo como eixo central. A localização elevada da Praça Cívica a separa do centro comercial, que se encontra em um nível inferior, criando uma clara divisão entre as áreas cívica e comercial da cidade.
2. Palácio das Esmeraldas
Localizado no coração da Praça Cívica, o Palácio das Esmeraldas é a residência oficial do governador do estado de Goiás e o centro do governo estadual. Considerado o marco zero da construção de Goiânia, o prédio foi projetado por Attilio Corrêa Lima e erguido entre 1933 e 1937, sendo inaugurado oficialmente em 23 de março daquele ano.
Palácio das Esmeraldas (Foto: Arquivo/A Redação)
Reconhecido como um dos grandes monumentos do estilo art déco em Goiânia, o Palácio destaca-se por sua suntuosidade e beleza arquitetônica. Ele representa o ponto focal do Centro de Goiânia, na confluência exata das avenidas Araguaia, Goiás e Tocantins. Relatos históricos indicam que nenhum governador deixou de ocupar as dependências deste icônico edifício, que se tornou um símbolo da política goiana e da identidade da capital.
3. Casa nº 1
Localizada no número 175 da Rua 20, no Centro de Goiânia, a Casa nº 1 é o primeiro imóvel registrado em cartório na capital. Construído em 1935, o sobrado de estilo art déco foi erguido pelo Estado como parte do processo de urbanização da nova capital.
Casa nº 1 de Goiânia (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
Desde 1936, o imóvel abrigou a Diretoria-Geral da Fazenda, órgão que atualmente corresponde à Secretaria da Fazenda. Após a desocupação, a residência se tornou o lar do advogado e professor Colemar Natal e Silva e de sua família até a década de 1980. Nesse período, a casa foi cedida para se tornar a sede da Academia Goiana de Letras (AGL), que permanece em funcionamento no local até hoje.
4. Grande Hotel
Antes mesmo da cerimônia de lançamento da pedra fundamental de Goiânia, realizada em 24 de outubro de 1933, o governador Pedro Ludovico Teixeira definiu a construção de vários prédios prioritários, incluindo o Palácio do Governo, a prefeitura e um hotel. Entre os oito edifícios e as 20 casas destinadas a funcionários, destacava-se o Grande Hotel, que contava com 60 quartos, conforme estipulado pelo Decreto nº 3.547, de 6 de julho de 1933.
Grande Hotel (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
A localização do hotel foi escolhida estrategicamente para o desenvolvimento da cidade, oferecendo fácil acesso à Praça Cívica e à Estação Ferroviária. Com projeto original de Attilio Corrêa Lima, o hotel foi inspirado pelo estilo art déco, em um contraste marcante com a arquitetura colonial da antiga capital, a cidade de Goiás.
5. Grupo Escolar Modelo
O edifício em estilo art déco, localizado na esquina das ruas 3 e 23, abriga atualmente o Conselho Estadual de Educação (CEE) e foi originalmente construído como a primeira escola da nova capital. Destinada aos filhos dos operários que trabalhavam na construção de Goiânia, a instituição foi transferida da cidade de Goiás para Goiânia em 1937.
Conselho Estadual de Educação (CEE) (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
O Grupo Escolar Modelo, com suas atividades iniciadas em 1938, foi dirigido pela professora Emília Perillo Argenta, sendo o primeiro colégio a atender crianças e jovens da área central da cidade.
6. Centro Cultural Marieta Telles
Situado na Praça Cívica, o Centro Cultural Marieta Telles é um dos edifícios mais emblemáticos do centro de Goiânia. Com um projeto arquitetônico em art déco, sua construção teve início em 1935 e foi concluída em 1937.
Centro Cultural Marieta Telles (Foto: Secult Goiás)
Inicialmente, o prédio abrigou a Secretaria Geral do Estado, que incorporou órgãos administrativos da antiga capital. Com o tempo, passou a ser sede do Fórum e da Secretaria da Fazenda, além de abrigar o escritório técnico das obras de construção da cidade. Atualmente, abriga diversas unidades e setores da Secretaria de Estado da Cultura (Secult Goiás), incluindo o Museu da Imagem e do Som (MIS), a Biblioteca Estadual Pio Vargas, a Biblioteca Braille, a Gibiteca Jorge Braga e o Cine Cultura.
7. Museu Pedro Ludovico
O Museu Pedro Ludovico é um marco na história arquitetônica de Goiânia, com sua construção em art déco realizada entre 1934 e 1937, sob a supervisão do arquiteto Attilio Corrêa Lima. Este local é de grande importância histórica, pois foi a residência do fundador da cidade, Pedro Ludovico Teixeira.
Museu Pedro Ludovico (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
Transformada em museu em 1987, sua criação oficial ocorreu em 25 de setembro de 1979, pouco mais de um mês após a morte de seu fundador. O espaço preserva relíquias significativas, como a primeira piscina residencial de Goiânia e um aparelho de televisão, que foi o primeiro modelo em cores do estado de Goiás.
8. Coreto da Praça Cívica
Inaugurado em 5 de outubro de 1942, o mesmo ano em que Goiânia recebeu seu batismo cultural, o Coreto da Praça Cívica se destaca como uma das mais significativas construções do centro histórico da capital. Este espaço é considerado um dos exemplos mais elaborados do patrimônio art déco goianiense, representando uma verdadeira obra-prima por meio de seu conjunto de elementos arquitetônicos.
Coreto da Praça Cívica (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
A história do Coreto se divide em três fases distintas. A primeira se inicia com sua inauguração, quando o espaço era palco de diversos eventos e apresentava características ecléticas, refletindo as tendências decorativas da época. A segunda fase, compreendida entre 1973 e 1978, foi marcada pela transformação do Coreto em sede do Centro de Atendimento ao Turista (CAT), durante a gestão do prefeito Manoel dos Reis. Em 1978, o monumento passou por uma reconstrução e recuperou sua função como equipamento urbano, continuando a embelezar a cidade.
9. Teatro Goiânia
Reconhecido como o mais tradicional e nobre espaço cultural de Goiânia, o Teatro Goiânia foi inaugurado em 14 de junho de 1942 e integra o conjunto arquitetônico inicial da capital. Situado na confluência das avenidas Anhanguera e Tocantins, o teatro foi projetado pelo arquiteto Jorge Félix, em estilo art déco.
Teatro Goiânia (Foto: Letícia Goiânia/A Redação)
Originalmente denominado Cine-Teatro Goiânia, o espaço foi inaugurado pelo interventor federal Pedro Ludovico Teixeira. Na ocasião, a casa de espetáculos mais luxuosa da nova capital sediou a cerimônia do Batismo Cultural da Cidade, que contou com discursos significativos, a entrega da chave da cidade ao primeiro prefeito, Venerando de Freitas, e a presença de diversas autoridades e intelectuais, enriquecendo a programação cultural do evento.
10. Monumento ao Bandeirante
Inaugurado em 9 de novembro de 1942, o monumento que homenageia o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva está situado no cruzamento mais icônico da cidade, na interseção das avenidas Goiás e Anhanguera.
Monumento ao Bandeirante (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
A escultura, que se ergue em bronze e possui 3,5 metros de altura, foi concebida pelo escultor Armando Zago. Inicialmente instalada na Praça Atílio Correia Lima, o local ficou popularmente conhecido como a Praça do Bandeirante. Embora atualmente não mantenha mais a configuração de praça devido às adaptações realizadas na Avenida Anhanguera, a estátua foi tombada como patrimônio histórico pela Prefeitura de Goiânia em 1991, garantindo sua preservação e reconhecimento.