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José Abrão
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José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br

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‘O Problema dos 3 Corpos’ adapta o impossível sem perder o fluxo

| 26.03.24 - 08:59 ‘O Problema dos 3 Corpos’ adapta o impossível sem perder o fluxo Jess Chong (direita) se destaca no papel da cientista Jin Cheng (Foto: divulgação)A série O Problema dos 3 Corpos era uma aposta no mínimo arriscada desde o princípio: adaptar os livros mais influentes de ficção-científica “dura” dos últimos 30 anos, do chinês Cixin Liu, com o orçamento da Netflix, para o público ocidental e pelas mãos de DB Weiss e David Benioff, os produtores de Game of Thrones que foram crucificados após o final catastrófico daquela série. Mais uma vez, os dois embarcariam na missão de ‘adaptar o inadaptável’, já que os três romances de Cixin acompanham diversos personagens distantes ao longo de séculos de história.
 
Porém, de alguma forma, eles conseguiram: O Problema dos 3 Corpos estreou na Netflix com uma primeira temporada de oito episódios que tomam diversas liberdades em relação ao material original, mas que são bem-vindas e necessárias para compor uma história engajante e com personagens envolventes que justifiquem a maratona.
 
A trama começa com uma premissa muito simples: cientistas estão se matando ou sendo assassinados por todo o mundo. O mistério estaria ligado a um videogame secreto de realidade virtual cujos participantes são as maiores mentes do mundo, todos escolhidos a dedo. Dizer qualquer coisa além disso já é entregar algum tipo de spoiler.
 
A melhor mudança e ponto mais forte da série foi criar um núcleo duro de personagens próximos para servirem de fios condutores da trama. Assim, é mais fácil se envolver com eles e com a história sem se perder tanto, nem se sentir distante dos acontecimentos. Aqui destacamos o elenco principal com nomes atuando contra o estereótipo a que geralmente são escalados. O destaque fica para Benedict Wong, interpretando com muito carisma o detetive Da Shi, e Jess Chong, vivendo de forma muito humana a cientista Jin Cheng.
 
O ponto mais difícil, porém, estão nos temas e acontecimentos dessa trama central. O Problema dos 3 Corpos é uma ficção-científica “dura”: seus emaranhados são complexos, seus arcos longos e suas soluções, muitas vezes, brutais. Isso pode ser um problema porque, enquanto o livro tem páginas e mais páginas para apresentar e desenvolver esses temas, a série precisa tocar o barco após um ou dois episódios.
 
O resultado é que muitos pontos mais tensos da história podem ser jogados no colo da audiência sem muita cerimônia ou explicação, o que pode atrapalhar na imersão e suspensão da crença necessárias para se envolver com sua trajetória.
 
De toda forma, D&D, como os produtores são chamados, conseguiram realizar outro feito único: ao contrário de adaptações terrivelmente malsucedidas recentemente, como Fundação para a Apple TV, O Problema dos 3 Corpos consegue ser fiel e envolvente mesmo tomando todas as liberdades necessárias para a construção de uma boa série de TV.


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