Flamengo da década de 1960 no Estádio Olímpico
Foto: Divulgação
Triagem de possíveis contaminados pelo césio-137 no Estádio Olímpico
Foto: Secretaria de Estado da Saúde de Goiás
Tambores com rejeitos contaminados pelo césio-137 ao lado do Estádio Olímpico
Foto: Reprodução/CNEN
Foto: Secretaria de Estado de Esporte e Lazer de Goiás
Foto: Secretaria de Estado de Esporte e Lazer de Goiás
Foto: Secretaria de Estado de Esporte e Lazer de Goiás
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Carolina Pessoni
Goiânia - Localizado na Avenida Paranaíba, bem no Centro de Goiânia, o estádio de futebol mais antigo da capital chama atenção. Fundado em 1941, o Estádio Olímpico Pedro Ludovico Teixeira, mais conhecido apenas como Estádio Olímpico, é parte da história da capital e cresceu junto com ela. Foi palco de momentos marcantes ao longos desses 80 anos.
Inicialmente com capacidade para 10 mil pessoas, o estádio foi construído em uma área doada pelo Goiânia Esporte Clube. As obras do campo esportivo começaram em 9 de fevereiro de 1940 e concluídas um ano depois. O nome do estádio é uma homenagem ao fundador da capital, Pedro Ludovico Teixeira, torcedor histórico do Goiânia e grande apoiador do time.
Repórter esportivo e estudioso da história do futebol goiano, Gerliézer Paulo explica que anteriormente o estádio era conhecido apenas como "Campo da Avenida Paranaíba". "Já eram realizados jogos no local antes da data oficial de inauguração: 3 de setembro de 1941. Neste dia, a partida foi entre Goiânia e América Mineiro e o time da capital venceu por 2 a 0", diz. O jogador goianiense Ari teria feito o primeiro gol da história do estádio.
Equipe do Goiânia que venceu o América-MG no primeiro jogo oficial no Estádio Olímpico (Reprodução Revista Sport Ilustrado)
O Estádio Olímpico foi o primeiro campo esportivo oficial goianiense e o principal estádio de Goiânia até a inauguração do Serra Dourada, em 1975. "Foram muitos jogos e equipes importantes que pisaram naquele gramado. O primeiro jogo noturno foi em 23 de outubro de 1957, entre Atlético e Santos, com vitória de 1 a 0 para a equipe paulista. Já o primeiro jogo internacional foi em 24 de outubro do ano seguinte, um empate sem gols entre Atlético e Guarani de Villarrica, do Paraguai", conta Gerliézer.
O antigo Estádio Olímpico foi ganhando muitas melhorias ao longo do tempo. No início tinha arquibancadas de madeira, posteriormente substituídas por alvenaria, fechando todo o anel em volta do estádio. As cadeiras ocupavam apenas um pequeno setor, do lado Oeste do campo de jogo, na altura da linha divisória, onde ficavam tribuna para autoridades e cabines de imprensa.
O antigo campo de jogo tinha dimensões de 105 metros de comprimento por 68 metros de largura, com grama Cuiabana. Inicialmente o estádio contava com dois vestiários para os times e um para a arbitragem. Depois foram construídos outros dois, igualmente destinados aos atletas.
Um dos clássicos realizados no Olímpico foi o Come-Fogo, considerado um dos maiores do interior do Brasil, entre o Comercial e Botafogo, times de Ribeirão Preto. Essa partida ocorreu pelo Quadrangular da Cidade de Goiânia e terminou empatada em 1 a 1. Pelo estádio também passaram muitos dos principais craques históricos do futebol brasileiro, como Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Pepe, Zagallo, Gerson, Jairzinho, entre outros.
A última partida oficial no antigo estádio foi em 20 de março de 2005, quando o Goiânia perdeu para o Anapolina e foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Goiano. O último clássico entre Goiás e Vila Nova no local foi também no mesmo ano, em 27 de fevereiro, com vitória do Tigre por 1 a 0. Em julho de 2006 o estádio começou a ser demolido para dar lugar a um centro esportivo mais moderno. Quando foi demolido, conforme consta nos registros, tinha capacidade de público para 30 mil pessoas, de acordo com os critérios de segurança da época.
Memórias
Ex-jogador de futebol e agora advogado, Sebastião Macalé conta que sua lembrança mais querida de quando atuava nos gramados é de um fato que ocorreu no Olímpico, em 1966. "Foi a primeira vez que joguei lá, era uma partida do Campeonato Goiano. Se o Goiás não ganhasse o jogo contra o Riachuelo, seria rebaixado. Nós ganhamos a partida e também o campeonato. Naquele ano o Goiás foi campeão goiano pela primeira vez, também no Olímpico", recorda.
Para Macalé, esse jogo pode ter sido o mais importante do clube e, conforme recorda, vencer no Olímpico mudou a história do time. "Naquela época tinham vários outros times na cidade, não só os quatro tradicionais que temos hoje. Se o Goiás não tivesse vencido essa partida no Olímpico, poderia ter sumido como esses outros que a gente nem lembra mais."
A primeira partida de Sebastião Macalé pelo Goiás foi no Estádio Olímpico (Fotos: Reprodução/Goiás Esporte Clube)
Por esse motivo, o jogador afirma que tem "um carinho especial" por essa partida e pelo Estádio Olímpico. "Quando vejo a sala de troféus do Goiás, admiro aquele que foi do primeiro Campeonato Goiano que conquistamos. Ele foi o mais importante", diz.
Macalé também se lembra de outro jogo histórico realizado nos gramados do Olímpico. "Foi um jogo do Goiás contra o Santos, de Pelé. Todo mundo queria ver o rei jogar. Terminamos empatados em 3 a 3", recorda saudosista. E complementa: "Era o estádio mais importante de Goiânia e também do estado, recebeu muitas partidas memoráveis. Só ficou pra trás quando o Serra Dourada foi inaugurado."
Quem também tem na memória o jogo entre Goiás e Santos é o assistente de gestão administrativa Osmar Pereira Pinto. "Foi o jogo mais marcante pra mim, não esqueço. O estádio estava 'durinho' de gente, todo mundo queria ver o Pelé jogar", conta.
Osmar trabalha no Estádio Olímpico desde os 16 anos de idade. Começou em 1973, como servente, depois passou a pedreiro, mestre de obras, soldador, até chegar ao cargo que ocupa hoje. "Naquela época, quando comecei, meu pai precisou assinar o contrato, me autorizando a trabalhar. Desde então, nunca saí do Olímpico. Passei por vários governos, secretários, diferentes diretores."
O Estádio Olímpico era a casa oficial do Goiânia Esporte Clube (Foto: Ernesto Chagas)
Ele conta, com muito orgulho, que criou sua família com o salário do trabalho no estádio. "Pra mim, o Olímpico é tudo. Passei parte da minha infância lá e toda minha vida. Posso dizer que passei mais tempo no Olímpico do que na minha casa. Até quando estou de férias vou lá, é como se fosse uma família pra mim. Tem outros servidores que trabalham há muito tempo também."
O carinho de Osmar é tanto, que ele não se imagina fazendo outra coisa. "Eu gosto demais do Olímpico, é a minha vida. Tenho 66 anos e não quero me aposentar. Enquanto eu puder trabalhar, vou trabalhando. O que eu puder fazer para o estádio ficar melhor, eu faço", diz orgulhoso.
Césio 137
O palco do esporte goiano também conta uma parte triste da história de Goiânia. Em 1987, o Estádio Olímpico acolheu vítimas do mais grave acidente radiológico do país e foi o centro de triagem para detectar e abrigar pessoas contaminadas pelo Césio-137.
O Olímpico foi escolhido como local de triagem por seu tamanho e também por estar próximo de onde tudo aconteceu. As pessoas chegavam e eram examinadas. Quem não tinha sinais de radiação, era liberado. Algumas pessoas ficaram no estádio para descontaminação e os casos mais graves eram encaminhados para hospitais. Estima-se que mais de 110 mil pessoas tenham passado pelo estádio para fazer essa medição.
Triagem de possíveis contaminados pelo césio-137 em Goiânia foi feita no Estádio Olímpico (Foto: Yoshikazu Maeda)
Osmar Pereira se recorda com tristeza desse capítulo da história do Olímpico. "Eu estava lá no dia que aconteceu. Chegamos para trabalhar e estava cheio de gente do Exército. Não deixaram a gente entrar por causa do risco de contaminação. Ficou marcado, foi uma tragédia mundial", conta.
Ele diz ainda que viu muitas pessoas chegarem lá com medo de estarem contaminadas. "Foram filas e filas de gente para passar pela medição de radiação. Montaram toda uma estrutura no gramado, organizaram lá mesmo os contêineres com os rejeitos. Depois que encerraram o trabalho ainda demoraram algumas semanas para liberarem o estádio para trabalharmos. Eu mesmo precisei chamar os técnicos da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) para passarem o aparelho no estádio todo, até no gramado", se recorda.
Novo Olímpico
Após ser demolido em 2006, o Estádio Olímpico foi reinaugurado no dia 8 de agosto de 2016. Ele integra o complexo de quatro módulos do Centro de Excelência do Esporte, que conta ainda com o Laboratório de Capacitação e Pesquisa, o Parque Aquático e o Ginásio Esportivo Rio Vermelho.
O investimento foi de cerca de R$ 155 milhões com área construída de 33.682,02 metros quadrados. A capacidade de público é de 13.400 pessoas e há ainda estacionamento com 378 vagas.
Novo Estádio Olímpico (Foto: Divulgação)
A estrutura conta com quatro salas de aquecimento, quatro vestiários, dois depósitos de materiais esportivos, sala para exame antidoping e exame médico, enfermaria, área de segurança, vestiário para gandulas e para administração. Um dos destaques é a cobertura em telha zipada, de mais de 8 mil metros quadrados.
"Quando vi que ia desmanchar o estádio, me deu um aperto no coração", conta Osmar Pereira. Mas ele diz que foi a melhor decisão. "Foi triste, mas precisava. Os engenheiros condenaram a arquibancada, estava perigoso, poderia acontecer um acidente grave ali", comenta.
O servidor, que é um dos mais antigos do local, agora comemora o novo Estádio Olímpico. "Ficou excelente, moderno e muito bonito. O gramado é perfeito, nivelado, tudo é muito limpo e organizado. O Centro de Excelência é espetacular", encerra.
A coluna Joias do Centro tem o apoio da Sim Engenharia
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