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Leonardo  Razuk
Leonardo Razuk

Leonardo Razuk é jornalista / atendimento@aredacao.com.br

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A vingança dos nerds

| 01.07.21 - 12:19
Nessa mesma galáxia, em um passado não muito, muito distante, ser nerd era motivo de chacota, bullying e exclusão social. Não à toa, muitos dos filmes adolescentes da época abordavam a temática da eterna disputa entre os galãs malhados da escola contra os geeks magrelos e estranhos - há uma lista enorme desses filmes que poderíamos citar. Mas tudo mudou. Hoje, o termo nerd deixou de ser pejorativo e ser fã de histórias em quadrinhos (muito em função do sucesso dos filmes da Marvel), conhecer cada detalhe da saga Star Wars, jogar RPG e videogame e entender de tecnologia é um estilo de vida que dita tendências de consumo e entretenimento. Ser nerd hoje é ser um trendsetter. E não tem nada de cringe nisso.

Criado em um ashram em Connecticut e formado em Harvard, o guitarrista e vocalista Rivers Cuomo, cabeça pensante do Weezer, é o típico estereótipo de um nerd das antigas. Seu visual, seu comportamento e seu humor sempre fizeram dele um perfeito membro da fraternidade Lambda Lambda Lambda ou um personagem do The Big Bang Theory – para citar uma referência mais contemporânea.

Musicalmente, o Weezer também segue essa linha e é um dos pilares do que muitos chamam de geek rock. Para você ter uma ideia, a banda chegou a lançar, em 2010, um disco intitulado Hurley, em homenagem ao personagem que o ator Jorge Garcia interpretava na série Lost e a capa traz simplesmente uma foto dele.

E as nerdices de Cuomo e seus companheiros de fraternidade, digo, de banda, fizeram com que o Weezer lançasse nada menos do que dois discos este ano. Isso mesmo, dois discos cheios de referências, piadinhas e estéticas kitsch e geek.

OK Human – sim, você pode lembrar do OK Computer, do Radiohead – é o disco da pandemia. Nele, o Weezer escancara as aflições, angústias, ansiedades e depressões provocadas por esse momento que estamos passando. Cuomo faz referências musicais a Serge Gainsburg, Franloise Hardy e o Beach Boys de Pet Sounds em músicas confessionais, menos barulhentas, mais “acústicas”, orquestradas, tristes e lentas. “Everything that feels so good is bad, bad, bad / All my favorite songs are slow and sad / I don't know what's wrong with me”, confessa na música de abertura do disco que segue abordando temas como evitar cinemas lotados (Aloo Gobi), devorar audiolivros (Grapes of Wrath), filhos obcecados pelos iPads e iPhones (Screens), e até mesmo reuniões pelo Zoom (Playing my Piano). É uma obra suave, triste e completamente humana.



Já em Van Weezer, Cumo presta homenagens aos heróis do hair metal. Apaixonado por planilhas de Excel, mas também pelo hard rock e o glam metal dos anos 80, aqui ele brinca com referências a bandas como Van Halen (como o título já sugere), Mötley Crüe, Def Leppard, Whitesnake e Quiet Riot, entre outras. Esse disco era pra ter sido lançado ano passado, como base para uma turnê que a banda faria ao lado do Green Day e do Fall Out Boy, mas foi adiado com a proibição dos shows em todo o mundo.

Van Weezer não é, claro, um disco de metal e nem cover do Van Halen, mas sim um passeio por riffs, solos e timbres desse metal de cabelos de franja, peitos cabeludos à mostra e calças coloridas de lycra. É o tradicional power pop do Weezer um pouco mais vitaminado, com guitarras evidentes, solos grandiosos, melodias grudentas e refrões para cantar junto no estádio – quando as turnês voltarem. Merecem destaque faixas como Hero, The End of the Game (perceba a introdução à la Van Halen), All the Good Ones, Blue Dream (que lembra Crazy Train, do mestre Ozzy Osbourne) e 1More Hit (com trechos de “thrash metal”).



 
A extensa discografia do Weezer é cheia de altos e baixos. Esses dois discos não estão no nível dos grandes como Pinkerton, a série de discos de cores (Blue, Green, Red e White) ou Maladoit, mas também não deixam a banda passar vergonha. Conseguem uma nota média e pelo menos 4 ou 5 músicas em cada que realmente valem a obra. Mais uma vez os nerds se vingam. Bazinga!
 


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