Carolina Pessoni
Goiânia - O casarão em estilo art déco localizado na Rua Gercina Borges, no Centro de Goiânia, pode até passar despercebido para alguns. Entretanto, o local é um abrigo importante da história da Capital pois foi ali que morou o fundador da cidade: Pedro Ludovico Teixeira.
A casa se transformou em museu efetivamente implantado em 1987, mas sua criação se deu em 25 de setembro de 1979, pouco mais de um mês após a morte de Pedro Ludovico, quando o Governo do Estado de Goiás sancionou a Lei nº 8.690, que criou o Museu em homenagem ao fundador de Goiânia. A ideia era preservar a documentação pessoal – correspondências, relatórios, textos escritos e não publicados – fotografias, livros, objetos pessoais da família e transformar a casa em um espaço para pesquisa sobre Ludovico e sobre a história de Goiânia.
A exposição de longa duração foi idealizada para promover a musealização desse rico acervo com os visitantes e pesquisadores, como explica o secretário de Estado da Cultura, César Moura. "O próprio edifício do Museu é um dos elementos representativos do acervo, que possibilita estudos do ponto de vista construtivo e arquitetônico. Além do edifício, integram o acervo objetos de decoração, mobiliário, prataria, têxteis, porcelanas, cristais, documentos textuais, fotográficos, iconográficos e bibliográficos", destaca.
Escritório pessoal de Pedro Ludovico Teixeira (Foto: Letícia Coqueiro)
O casarão é um destaque na história arquitetônica de Goiânia, sendo um marco da modernidade anunciada e símbolo da ruptura com o passado colonial da antiga capital. A construção em art déco foi realizada entre 1934 e 1937, mediante a execução do projeto de Atílio Corrêa Lima, o mesmo arquiteto e urbanista responsável pelo projeto da nova capital do Estado de Goiás. O local possui, inclusive, a primeira piscina residencial de Goiânia e a televisão exposta foi o primeiro aparelho do tipo a cores do estado de Goiás.
O acervo do museu é diversificado e representa vários estilos. Conta com 8,56 mil documentos pessoais e políticos, e 1,83 mil peças diversas do mobiliário e objetos pessoais. O acervo fotográfico é composto por 1,14 mil fotografias sobre fatos históricos de Goiânia e do Estado. A biblioteca possui 500 volumes diversos. A casa abriga também o último veículo da família, uma caminhonete Chevrolet vermelha, ano 1974.
O Museu Pedro Ludovico abriga a história de Goiânia e seu fundador. Além de possuir biblioteca para pesquisa e um rico acervo iconográfico, o museu é um local destinado a eventos artísticos-culturais, como lançamentos de livros, shows musicais e encenações teatrais, que visam à integração museu/comunidade.
Em julho de 2018 o local foi reaberto ao público após quase um ano fechado para reforma. A data para retomada das atividades, 5 de julho, foi escolhida especialmente para comemorar os 76 anos de Batismo Cultural da cidade. A reforma ficou concentrada em toda parte da subcobertura do telhado, além de pintura interna e externa resgatando as cores originais do edifício.
Quarto de Goianio Borges, filho mais novo de Pedro Ludovico e Gercina Borges (Foto: Letícia Coqueiro)
Na ocasião da reabertura, o então superintendente de Cultura de Goiás, PX Silveira, destacou que o local é uma "testemunha viva" da história goianiense. "Esse local é uma porta aberta para essa história e adentrar ao museu é ter acesso a essa trajetória emocional e afetiva. Isso é raro nas cidades brasileiras. Além do acervo pessoal de Pedro Ludovico e de sua esposa, Dona Gercina, temos muitos dados e documentos que registram e ilustram a nossa história", disse PX na solenidade.
O secretário de Cultura, César Moura, ressalta a importância do museu para o centro de Goiânia e para o estado como um todo. "O fato de estar localizado no centro de Goiânia, no entorno da Praça Cívica, onde estão os primeiros prédios públicos construídos na cidade, é representativo para o estudo do conjunto arquitetônico em estilo art déco. E o Museu é um exemplar deste estilo. É no centro também onde aconteceram/acontecem fatos históricos, que fazem parte da memória da cidade e grande parte desses fatos estão registrados na vasta documentação preservada no Museu", destaca.
Antes da pandemia, o local registrava uma média de 200 frequentadores diariamente, inclusive aos sábados e domingos. Atualmente ele segue fechado, mas atende a pesquisadores por meio de agendamento pelo telefone (62) 3201-4678 e proporciona também passeio virtual (aqui e aqui) em sua exposição de longa duração e outras atividades produzidas e divulgadas nas redes sociais da Secult Goiás.
A coluna Joias do Centro tem o apoio da Sim Engenharia