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Sobre o Colunista
Othaniel Alcântara
Othaniel Alcântara é professor de Música da Universidade Federal de Goiás (UFG) e pesquisador integrado ao CESEM (Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical), vinculado à Universidade Nova de Lisboa. othaniel.alcantara@gmail.com / othaniel.alcantara@gmail.com
A gravação do CD Semana Santa em Goiás, da qual participei como violinista, ocorreu em 1998, no Auditório da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás (EMAC/UFG). A referida gravação ocorreu em uma das etapas do Projeto “Música: 40 anos em Pauta”, coordenado pela Profa. Dilma Barbosa Yamada, então diretora daquela Unidade Acadêmica. Tal Projeto contou com a colaboração de membros da Organização Vilaboense de Artes e Tradições (O.V.A.T.)*.
Capa do CD Semana Santa em Goiás
(Arquivo: Othaniel Alcântara Jr.)
Todos os cantores participantes desse registro fonográfico eram goianos ou residentes no Estado de Goiás. Por sua vez, entre os instrumentistas havia uma mescla de professores da EMAC/UFG, profissionais de orquestras sediadas em Goiânia, além de um grupo de colegas músicos de Brasília. Dentre eles pode-se ressaltar, por exemplo, o violoncelista Guerra Vicente e os violinistas Cláudio Cohen** e Marena Salles***; esta que, à época - por indicação do inesquecível Prof. Crundwald Costa (“Costinha”) -, era minha professora de violino.
Abaixo, os músicos que participaram das gravações realizadas entre os dias 28 e 30 de agosto de 1998, no Auditório da EMAC/UFG:
A escolha das obras constantes do CD Semana Santa em Goiás deu-se a partir de um trabalho de pesquisa realizada pela Professora Maria Augusta Calado (EMAC/UFG). No encarte desse registro fonográfico, a própria musicóloga goiana relata que, sem dúvida, a sua principal fonte documental foi encontrada no acervo da tradicional Banda Phoenix da cidade de Pirenópolis/GO. Trata-se, mais especificamente, de um documento datado de 1877, assinado pelo cônego José Iria Xavier Serradourada (1831-1898). Nesse manuscrito, o religioso - que também era compositor -, deixou uma indicação da ordem dos cânticos utilizados, naquela época, na celebração da Semana Santa em terras goianas.
Vale esclarecer que, atualmente, os festejos da Semana Santa são celebrados durante três semanas consecutivas na Cidade de Goiás.
1ª Semana: dedicada ao Senhor dos Passos
2ª Semana: destinada à Nossa Senhora das Dores
3ª Semana: a Semana Santa propriamente dita.
FAIXAS DO CD:
(01) Anônimo:Adoramus (2:39)
Ernani Aguiar (Regente)
(02-09) Atribuído a Basílio Martins Braga Serradourada (1804-1874)
(10) Anônimo: Salvator Mundi (2:53) Ernani Aguiar (Regente)
(11) José Iria Xavier Serradourada (1831-1898) Jaculatória: Solo das Dores(2:04) Maria Augusta Calado (soprano); Carlos Eduardo Fecher (Regente)
(12-17) Atribuído a Basílio Martins Braga Serradourada (1804-1874) Moteto das Dores Ernani Aguiar (Regente)
12. Passo 1 - Virgo Virginum (1:59)
13. Passo 2 - Ó Vós Omnes (1:34)
14. Passo 3 - Factum Est (1:36)
15. Passo 4 - Dilectus Meus (2:33)
16. Passo 5 - Quis Tibi (1:40) 17. Passo 6 - Intenderunt Arcum (1:39)
(18) José do Patrocínio Marques Tocantins (1844-1889) Lava-Pés (2:06) Michel Silveira (tenor)
(19-32) Pedro Ribeiro da Silva (1867-1920) Via-Sacra (14 estações) (10:04) Fernando Cupertino (tenor); Maria Ludovico de Almeida (teclado)
(33) Anônimo: Canto da Verônica (1:47) Honorina Barra (mezzo-soprano)
(34) Anônimo: Héu (0:42) Vandair de Oliveira (soprano); Heloísa Barra Jardim (mezzo-soprano); Maria Ludovico (contralto)
(35) Anônimo: Toque de Cornetas: Marcha Batida (0:50) Músicos da Banda do Corpo de Bombeiros do Estado de Goias - Lecy José Maria (Regente)
(36) Anônimo: Surrexit Dominus(1:38)
A Profa. Maria Augusta segue dizendo (encarte do CD) que não existem partes autógrafas dos Motetos dos Passos e das Dores na Cidade de Goiás; “restaram apenas cópias datadas de 1881 pelo mestre vilaboense Joaquim Marques (18??-18??)”.
Além disso, considerando as anotações de outro músico, o também vilaboense João da Costa Oliveira (1865-1956), os supracitados motetos estão atribuídos a Basílio Martins Braga Serradourada (1804-1874), pai do supramencionado José Iria Xavier Serradourada (1831-1898). Cumpre dizer, no entanto, que tais apontamentos foram feitos a partir da tradição oral.
Em todo caso, constam desse documento as seguintes informações:
Moteto dos Passos:
- todos os oito passos foram escritos em 1855 e cantados pela primeira vez em 07/03/1856, na Matriz de Senhora Sant’Anna.
Moteto das Dores:
- esta obra foi encomendada, em 1856, pela Irmandade da Igreja da Boa Morte.
Não obstante, a Profa. Maria Augusta informou, à época da gravação do CD Semana Santa em Goiás - em 1998 - que não existiam outros registros que corroborassem as informações disponibilizadas por João da Costa Oliveira em seus escritos. Aliás, o maestro Carlos Eduardo Fecher, ao estudar e revisar as partes usadas nesse registro fonográfico, acabou encontrando cópias desse repertório em terras mineiras, porém com data posterior: 8 de março de 1896.
O texto acima foi baseado no texto da Profa. Maria Augusta Calado - EMAC/UFG.
Para mais detalhes, leia o encarte do CD “Semana Santa em Goiás”: arquivo em pdf
* A Organização Vilaboense de Artes e Tradições (O.V.A.T.) trata-se de um grupo formado, nos anos 1960, por jovens residentes na antiga capital do Estado de Goiás. Costuma-se ressaltar o nome do Sr. Elder Camargo de Passos, dentre os demais integrantes daquele grupo, como sendo o que exerceu e continua exercendo um papel de destaque na liderança da entidade. Elder Passos é autor do livro Goyaz: de arraial a patrimônio mundial (2018). Além disso, a trajetória desse memorialista é contada no documentário Passos da Tradição, lançado também no ano de 2018. - Leia mais na matéria publicada pelo Jornal A Redação (27/08/2018): Goiás sedia lançamento de documentário sobre Elder Camargo de Passos.
* Cláudio Cohen, desde 2011, ocupa o posto de Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro (OSTNCS). Antes disso, foi spalla daquela orquestra. Colaborou, como violinista, no processo de desenvolvimento da Orquestra Filarmônica de Goiás, entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Também integrou o premiado Quarteto de Brasília.
** Marena Isdebski Salles é filha do violinista e maestro Marcos Raggio de Salles. Estudou violino, inicialmente, com o pai e, depois, com Oscar Borgerth, na Escola Nacional de Música. É professora aposentada da Escola de Música de Brasília. Foi violinista da Orquestra Sinfônica Brasileira e, mais tarde, passou a integrar a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro - OSTNCS (Brasília). Entre fins dos anos 1980 e início dos 1990 deixou sua colaboração na Orquestra Filarmônica de Goiás como instrumentista e pedagoga. Reiterando, nessa época, por indicação do inesquecível Prof. Crundwald Costa (“Costinha”), tive o privilégio de ser aluno de Marena.
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Othaniel Alcântara
Othaniel Alcântara é professor de Música da Universidade Federal de Goiás (UFG) e pesquisador integrado ao CESEM (Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical), vinculado à Universidade Nova de Lisboa. othaniel.alcantara@gmail.com / othaniel.alcantara@gmail.com
