Entre os mais influentes da web em Goiás pelo 12º ano seguido. Confira nossos prêmios.

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351

Sobre o Colunista

Márcio Jr.
Márcio Jr.

Márcio Mário da Paixão Júnior é produtor cultural, mestre em Comunicação pela UnB e doutorando em Arte e Cultura Visual pela UFG. Foi sócio-fundador da Monstro Discos, MMarte Produções e Escola Goiana de Desenho Animado. / marciomechanics@hotmail.com

Guerrilha POP

James Brown: orgulho negro

| 25.05.19 - 14:26 James Brown: orgulho negro (Foto: divulgação)
O que vem à sua cabeça quando eu digo a palavra funk? Anitta, Bonde do Tigrão e Tati Quebra Barraco? Lamento. Na minha, explode um só sujeito: “O Padrinho do Soul”, “O trabalhador mais casca grossa do show businees”, Mr. James Brown.
 
Difícil medir a importância de James Brown para a música e cultura norte-americanas – e mundial. Mais fácil (e seguro) colocar ele lá no topo, ao lado de Dylan, Elvis Presley, Sinatra e Beatles. Não se trata apenas de ter influenciado gerações de músicos planeta afora. Quantos artistas podem se gabar de ter inventado um novo gênero musical? Pois é... O tal do funk foi arquitetado (quase que) exclusivamente por James Joseph Brown Jr.
 
Nascido em 3 de maio de 1933, na Carolina do Sul, comeu o pão que o diabo amassou. Foi abandonado pela mãe aos quatro anos de idade. Logo em seguida, foi a vez do pai dar o fora. O pequeno Junior ficou então aos cuidados de uma tia – que gerenciava um puteiro.
 
Foi na prisão que conheceu Bobby Byrd e os Famous Flames. Logo assumiria a liderança da banda do amigo. Ser amigo de James Brown nunca foi bom negócio.
 
Endurecido pela vida, jamais se embrenhou nas florestas da autocomiseração. Preferiu ser um escroto. (Me mostre um gênio que não o seja.) Multava músicos que errassem uma única nota ou que não estivessem com os sapatos devidamente engraxados. Batia em mulheres.    
 
Por outro lado, defendeu como ninguém a população negra da América. Foi um notório ativista na luta pelos direitos civis. É histórico seu show em Boston, um dia após o assassinato de Martin Luther King. Evitou, ali mesmo, uma convulsão que poderia atear fogo à cidade. Black Power.
 
Ao vivo, era imbatível. Seus shows, nitroglicerina pura. Afinal, era o “Mr. Dynamite” em pessoa. Se não conhece nenhum álbum de James Brown, não vacile: comece pelo histórico Live at the Apollo (1963). Depois me conte o que achou.
 
Não tenho nada contra filmes como “Bohemian Rhapsody”, a melodramática cinebiografia de Freddie Mercury. Tudo ali é feito para nos levar às lágrimas. “Get on up: a história de James Brown”, dirigido por Tate Taylor, não é nenhuma obra-prima, mas nos oferece um cinema melhor. Chadwick Boseman vira do avesso para interpretar James Brown. Cumpre o papel com dignidade. A exceção fica com as cenas de show: impossível ser James Brown sem ser James Brown.
 
Para ver o homem em ação, o excelente documentário “Mr. Dynamite: the rise of James Brown” é opção mais apropriada. Dirigido por Alex Gibney, o filme acompanha o artista em sua estratosférica ascensão. Destaque para as extraordinárias performances de Mr. Brown – como sua lendária apresentação do T.A.M.I. show, em 1964.
 
O “Teenage Awards Music International” foi um filme/concerto que reuniu astros americanos e ingleses do Rock e do R&B. Gente do calibre de Chuck Berry, Marvin Gaye e Beach Boys. As principais atrações seriam James Brown e os Rolling Stones – em sua primeira incursão à terra do Tio Sam.
 
A versão do T.A.M.I. show mostrada em “Get on up” alimenta a lenda. Os produtores definiram que os Stones fechariam o concerto. James Brown ficou fulo da vida e avisou a um imberbe Mick Jagger: “vou acabar com vocês!” Não deu outra. Subir ao palco após James Brown é jogar para cumprir tabela.
 
Em “Mr. Dynamite”, adentramos um pouco mais os bastidores do episódio. É o próprio Jagger quem relembra que os shows tinham intervalos de cerca de uma hora, onde o palco era reorganizado e um novo público tomava a plateia. Ou seja, quem viu os Stones não havia necessariamente presenciado a hecatombe nuclear promovida por James Brown. 
 
De qualquer forma, Mr. Brown cumpriu sua promessa. Em uma avassaladora performance de 17 minutos e 52 segundos, o “Soul Brother Number One” não deixa pedra sobre pedra. Difícil conter as lágrimas – que, neste caso, não vêm de fórmulas testadas nos laboratórios da indústria cinematográfica. Sequer vou gastar minhas pobres palavras. Veja com seus próprios olhos.
 
 

 
 
E depois, se tiver saco, confira como se saíram os Rolling Stones.
 
 
P.S.: Indispensável dizer que tanto “Get on up” quanto “Mr. Dynamite” foram produzidos por ninguém menos que... Mick Jagger!
 

Comentários

Clique aqui para comentar
Nome: E-mail: Mensagem:

Sobre o Colunista

Márcio Jr.
Márcio Jr.

Márcio Mário da Paixão Júnior é produtor cultural, mestre em Comunicação pela UnB e doutorando em Arte e Cultura Visual pela UFG. Foi sócio-fundador da Monstro Discos, MMarte Produções e Escola Goiana de Desenho Animado. / marciomechanics@hotmail.com

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351