Há um novo protagonista na batalha contra a obesidade — e ele não usa bisturi. O nome é Mounjaro, princípio ativo tirzepatida, e sua chegada ao mercado brasileiro sinaliza uma virada de página na medicina do emagrecimento. O que antes parecia impensável começa a se delinear como uma possibilidade concreta: o fim da era das cirurgias bariátricas como principal solução para o controle da obesidade. E esse futuro pode estar mais próximo do que se imagina.
Nos últimos cinco anos, o número de cirurgias bariátricas no Brasil caiu cerca de 30%, segundo dados do Conselho Federal de Medicina. Em Goiás, essa queda foi ainda mais expressiva, chegando a 40%. Não é coincidência. É reflexo de uma mudança silenciosa, mas poderosa, no comportamento dos pacientes e das possibilidades terapêuticas disponíveis. As pessoas estão preferindo métodos menos invasivos, mais seguros e com resultados igualmente, ou até mais, impressionantes.
A obesidade sempre foi tratada como uma doença do corpo, mas o que os novos medicamentos nos mostram é que ela também é, em grande medida, uma questão de bioquímica cerebral. A tirzepatida, por exemplo, atua diretamente nos mecanismos de saciedade, reduzindo o apetite e promovendo uma perda de peso consistente. Estudos mostram que pacientes tratados com Mounjaro podem perder até 20% de seu peso corporal em poucos meses.
Claro, ainda é cedo para decretar o fim absoluto da bariátrica. Ela continuará sendo uma opção importante, especialmente para casos extremos ou para pacientes que não respondem ao tratamento medicamentoso. Mas afirmar que em uma década ela será rara, não é nenhum delírio. É uma previsão calcada em evidências, tecnologia e, sobretudo, em uma nova mentalidade.
É urgente agir, e agir com ferramentas que realmente façam sentido para esse novo tempo. Medicamentos como o Mounjaro não são uma pílula mágica, mas são, sim, um novo começo. Combinados a uma mudança de estilo de vida e acompanhamento médico, podem fazer o que a cirurgia sempre prometeu, mas sem o trauma físico e psicológico que ela impõe.
Se a saúde pública quiser realmente enfrentar a epidemia da obesidade com seriedade, precisa incorporar essas novas armas ao seu arsenal. A revolução no tratamento contra a obesidade está batendo à porta, e ela vem em forma de uma pequena caneta, silenciosa e eficaz.
*Fernando França é médico, empresário, palestrante e especialista em emagrecimento e bem-estar, criador do método Revigore.