Daqui uns 20 anos, vamos olhar para trás, para meados dos anos 2020, e compreender o peso desta década na evolução da industrialização de Goiás. O que me perturba é se vamos conseguir fazer a transição da indústria tradicional para um novo modelo, mais complexo, integrado e estratégico, ou se vamos assistir a formação de um vazio industrial com a desindustrialização – pela falta de uma ajustada política de reindustrialização de Goiás.
Em Goiás, mais 1,2 milhão de pessoas vivem de renda gerada pela indústria – empresários, trabalhadores, terceiros, coligados, fornecedores, entre outros. Fazer uma forte reindustrialização de Goiás é a política pública mais importante e decisiva para a economia goiana deste século. Um país ou Estado cresce sem indústria, mas não gera desenvolvimento social sem a industrialização.
Se não agirmos, será o juízo final da indústria goiana. Temos um caos se avizinhando: uma reforma tributária perversa para Estados em desenvolvimento e uma concorrência nunca vista com indústrias mais competitivas e de maior produtividade.
Fomos referência ao inovar em uma política de desenvolvimento regional via incentivos. Precisamos buscar o novo diferencial. Dois caminhos são apostas reais: sermos um hub de referência produtiva sócio ambientalmente correta e sustentável, agregando valor em nossa cadeia de produtos e serviços, além de buscar ao máximo soluções dentro do novo sistema tributário. Dentro desta perspectiva, a ADIAL vai adotar um diagnóstico individual por indústria para compreender e atuar em oportunidades e gargalos personalizados, para evitar fechamento ou transferências a outros Estados.
Precisamos explicar melhor o Cerrado ao mundo – que o confunde com a Amazônia. A comunicação é uma ferramenta de competitividade. O Cerrado, com seus 204 milhões de hectares, tem 52,2% preservado com vegetação nativa e 43% é utilizado pelos produtores rurais – o que inclui nascentes, APPs e áreas preservadas. Uma parcela é ocupada por parques ambientais, áreas de quilombolas e povos originários.
Praticamos cada vez mais a impressionante agricultura regenerativa. O tripé de problemas do mundo hoje são fome, pobreza e questão climática. Com alimentos e agregação de valor, podemos retransformar nossa economia. Estes dois vieses, bem executados, podem transformar nossa economia em vitrine internacional. Genuinamente, somos o representante do Cerrado produtivo, um enorme diferencial competitivo para o futuro, pois o consumidor mundial está disposto a fazer opção de compra por sustentabilidade, com agregação de valor.
A ADIAL reforça a bandeira a reindustrialização de Goiás, unindo-se aos setores público e privado, e entendendo que é uma defesa de interesse maior da sociedade diante de uma ameaça real. Sinto-me honrado de assumir, em um novo formato de governança, a presidência-executiva da entidade, que carrega um legado de três décadas de defesa da indústria goiana. Agradeço a confiança do Conselho da ADIAL e compreendo a responsabilidade de suceder presidentes históricos, o que nos aumenta o desafio.
*Edwal Portilho é o presidente-executivo da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial)