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Luciana Pimenta

Dor orofacial: um reflexo do estresse da vida moderna

| 13.02.25 - 09:38
Sabe aquele aperto no maxilar, aquela dor incômoda que, aos poucos, passa de um simples desconforto a algo que atrapalha até uma conversa no almoço de domingo? A vivência clínica, aliada a dados epidemiológicos, indica que o estilo de vida moderno tão agitado – com as constantes pressões da vida profissional, pessoal e o bombardeio incessante das redes sociais – está fortemente associado ao aumento desse tipo de desconforto.
 
Vivemos em uma época em que o estresse e a ansiedade se manifestam como companheiros frequentes, e não apenas sentimentos passageiros. Estudos recentes, publicados em periódicos de renome internacional e em outras fontes especializadas, apontam para uma relação significativa entre o estresse crônico e a prevalência de sintomas das dores orofaciais e da disfunção da articulação temporomandibular (DTM). Esses dados sugerem que sinais e sintomas de dores faciais podem afetar cerca de 30% da população mundial, reforçando que esse problema é muito mais comum do que se imagina.
 
Em conversas informais, é comum ouvir comentários como “Ah, é só uma dorzinha que passa” ou “Todo mundo vive assim”. No entanto, quando a dor orofacial se torna uma presença constante, ela pode comprometer funções essenciais como a mastigação e a fala, afetando significativamente a qualidade de vida. 
 
Muitos pacientes adiam a busca por ajuda por desconhecerem qual profissional consultar, pela falta de informação ou até pelo receio de sofrer consequências no ambiente de trabalho. Reconhecer que uma dor persistente pode ser um alerta importante para a saúde é fundamental para incentivar uma abordagem preventiva.
 
Além do estresse e da ansiedade, os fatores que contribuem para a dor orofacial são múltiplos e interligados. Problemas na mordida, o bruxismo (aquele ranger ou apertar inconsciente dos dentes), próteses mal adaptadas e até hábitos inadequados e na postura de dormir podem potencializar os efeitos do estresse levando às dores na face. Essa interação complexa ressalta a necessidade de uma abordagem multidisciplinar no diagnóstico e no tratamento, algo amplamente enfatizado na literatura científica.
 
Outro ponto preocupante é a tendência de normalizar a dor. A cultura de “suportar” o incômodo – seja por medo de perder o emprego, receio do estigma ou simplesmente por hábito – faz com que muitos não deem a devida atenção a um sinal claro de que algo não está bem. Essa normalização tem um impacto social profundo, prejudicando tanto a saúde física quanto a emocional dos indivíduos.
 
O alerta é claro: a dor orofacial não deve ser encarada como um mero incômodo passageiro, mas como um sinal de que o corpo precisa de cuidados. Divulgar a importância de um diagnóstico adequado e a busca por profissionais capacitados – médicos e cirurgiões-dentistas – é essencial para tratar não só os sintomas, mas também as causas subjacentes desse problema.
 
Em resumo, a dor orofacial e a disfunção da ATM refletem, em grande parte, os efeitos de um estilo de vida moderno, marcado pelo estresse, pela ansiedade e por cobranças incessantes por perfeição. É preciso que tanto profissionais quanto pacientes estejam atentos a esses sinais e invistam em cuidados preventivos. Afinal, o bem-estar vai muito além do que vemos no espelho; ele começa com a atenção a cada sinal que nosso corpo nos dá.
 
*Luciana Pimenta é cirurgiã-dentista 

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