Um olhar mais humanizado para o clima no ambiente de trabalho é uma tendência que impacta, de maneira muito positiva — diga-se de passagem — todos os setores da economia, e a construção civil não foge à regra. Atualmente, em meio ao vai-e-vem de basculantes e ao barulho de britadeiras, os funcionários encontram conforto em espaços de descompressão, apoio psicológico e diversas outras iniciativas e benefícios, que funcionam como uma via de mão dupla, pois o investimento na felicidade de quem está na operação se reflete na produção.
Historicamente, estudos correlacionam a felicidade com a produtividade em nível individual. Segundo um levantamento feito pela Universidade de Warwick, no Reino Unido, funcionários felizes são 12% mais produtivos. Trabalhos mais recentes publicados pela Oxford Research Encyclopedia of Economics and Finance corroboram essa evidência. Embora a felicidade seja um conceito abstrato, é possível medi-la em pesquisas de satisfação e, talvez, no índice mais fidedigno: o de engajamento desses colaboradores quando estão “em campo”.
A fórmula para alcançar o ‘nirvana’ é bem menos mágica do que se imagina. Ouvir de perto a demanda de seus funcionários é a estratégia mais barata e eficaz que uma empresa pode implementar. Manter uma cultura intimista e familiar é um desafio para as gigantes do mercado. Mas a experiência mostra que, por meio de iniciativas internas de valorização ao bem-estar pessoal e profissional, é possível perpetuar uma visão otimista sobre a companhia. Criamos, por exemplo, um guarda-chuva de ações que batizamos de Ser Sangue Verde, um projeto que engloba um conjunto de iniciativas que fazem ecoar, organicamente, as boas práticas.
Partindo do princípio de que as necessidades das pessoas mudam ao longo do tempo, é interessante que as empresas disponibilizem a seus funcionários um cardápio de soluções para cada etapa da vida - desde efemérides fixas, como um dia de descanso na data de aniversário, a pontuais, como nascimento de um filho. Neste caso, é válido avaliar a extensão da licença-paternidade e/ou garantir às mamães um home office temporário após o término da licença a fim de contemplar o período da amamentação. Para funcionários com crianças diagnosticadas com autismo, possibilitamos horários ajustáveis ou trabalho remoto. Pequenos ajustes que provocam impactos imensuráveis na vida pessoal.
Mas não basta apenas proporcionar equilíbrio entre vida pessoal e profissional. As empresas devem também promover eventos internos para potencializar o sentimento de felicidade, aderir a campanhas nacionais e internacionais de prevenção e conscientização de doenças, como Setembro Amarelo, Outubro Rosa, Novembro Azul e Dezembro Laranja, e construir suas próprias campanhas, conforme a demanda de cada setor. Na construção civil, por exemplo, avaliamos a necessidade de implementar programas de suporte emocional e criamos o Sua Mente, que oferece apoio psicológico a todos os colaboradores, incluindo estagiários e aprendizes. Eles contam com até 12 sessões de psicoterapia breve, online, custeadas pela empresa, que podem, inclusive, ser feitas dentro do horário de trabalho.
Não existe uma bala de prata, apenas, para se conquistar a tal felicidade no trabalho. O resultado vem da execução de todas essas forças combinadas. O funcionário se sente mais feliz quando tem à sua disposição iniciativas que contribuam para ajudar ou atender às suas necessidades daquele momento. Em retribuição, ele trabalha com brilho nos olhos. E é essa nossa aposta.
* Júnia Maria de Sousa Lima Galvão é diretora-executiva de Administração e Desenvolvimento Humano da MRV&CO