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Júlio Paschoal

Banco Central, mais do mesmo

| 04.01.25 - 09:47
Galípolo assume a presidência do Banco Central e mantém o mesmo alinhamento equivocado de Campos Neto no combate à inflação. 
 
O alcance do centro da meta ficará cada vez mais distante de ser atingido, haja vista que estão dando o remédio errado para combater a doença, que nesse caso se chama inflação.
 
Nos meus escritos tenho dito que o país pós-pandemia da covid-19 experimenta uma inflação de custos, puxada a princípio pela valorização do dólar, falta de estoques pela paralisação da produção mundial e aumento na época do preço do barril de petróleo. 

No momento atual a inflação traz consigo os problemas da crise climática e da valorização excessiva do dólar frente ao real. 
 
Não precisa ser um grande economista para enxergar isso, no entanto os técnicos do Banco Central, de 2020 para cá, batem na mesma tecla e continuam endividando o país, o colocando no caminho da chamada dominância fiscal. 
 
O que estaria por detrás de tanta teimosia? Falta de conhecimento não é porque os economistas que assessoram o presidente da autoridade monetária formaram-se nas melhores universidades do país e de fora. 
 
A taxa de juros básica está em 12,25%, excessivamente alta para os padrões mundiais, e a pretensão é elevá-la para 14,25%. Esse fato não trará a inflação ao centro da meta e ainda aumentará a dívida pública interna em pelo menos 125 bilhões de reais.
 
No ano de 2024, pagou-se de juros dessa dívida 869 bilhões de reais e pelo andar da carruagem no ano de 2025, se pagará mais de 1 trilhão de reais com juros retirando a cada dia que passa a capacidade de investimentos em infraestrutura por parte do governo. 
 
Quando afirmo que não estão claras as intenções da autoridade monetária é porque aumento de juros básicos nesse momento só favorece um segmento da economia: o mercado financeiro no que tange a especulação. 
 
A jogada mal feita tem sido a seguinte: vamos aumentar os juros e, com isso, atrair dólares para o mercado. Em assim fazendo, o mesmo irá se depreciar em relação ao real e com isso puxaria os preços para baixo, já que a economia é dolarizada. Os custos dessa ação equivocada estão nos efeitos colaterais que são perversos para a capacidade de pagamento do governo.
 
E mais a cada dia o mercado financeiro cria um motivo para especular. A bola da vez agora é até que ponto o novo presidente conduzirá o Banco Central de forma independente? O fato de ter alcançado essa condição por lei não é suficiente para conter a especulação. 
 
Diante desse quadro o dólar continuará se valorizando e colocará o governo em xeque. Esse movimento já levou outros países ocidentais dos anos 70 para cá a se curvarem perante os interesses do mercado financeiro como o próprio Japão. Com o Brasil não será diferente.

*Júlio Paschoal é economista e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)
 

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