Em face do que se denominou de “emergência climática global”, cerca de 60 pesquisadores da Comissão de Saúde Planetária da Revista Lancet publicaram, neste mês, um relatório circunstanciado, definindo e quantificando nove pontos culminantes, imprescindíveis para o desenvolvimento e qualidade da vida humana. Notadamente, são pontos cruciais no que concerne ao acesso aos recursos naturais disponíveis, condizentes com os princípios da justiça, igualdade e dignidade das pessoas; ou, ao menos, quanto à minimização dos danos que severa e irreversivelmente já comprometem o meio ambiente na Terra.
Entretanto, o proficiente estudo concluiu e enfatiza que sete desses limites já foram ultrapassados e que o oitavo está em fase adiantada ou na iminência de ser transgredido, pois “a destruição da natureza já atingiu níveis alarmantes”, haja vista a deterioração dos sistemas e recursos naturais; a insegurança energética, alimentar e hídrica; o aquecimento global ascendente e acelerado; a destruição da camada de ozônio; além das altíssimas emissões de CO2 e da poluição atmosférica...
Nesse diapasão, tudo isso potencializa gravemente os riscos de doenças, pestes epidêmicas, deslocamentos, inundações, erosões, extinção de múltiplas espécies, conflitos bélicos em escala mundial, desastres ambientais generalizados com matrizes variadas (geológicas, hidrológicas, meteorológicas, climatológicas, biológicas e tecnológicas). Tudo isso provocado por ação ou inação do próprio homem.
Segundo o relatório, os parâmetros conflitados para a vida humana, do ponto de vista da ciência ambiental, são: mudança climática, poluição química, camada de ozônio, aerossóis, acidificação dos mares e oceanos, ciclo de nitrogênio e fósforo, mudança na água (doce) potável, precarização do sistema terrestre e da integridade da biosfera. Enfim, concluem os cientistas: o diagnóstico geral é que o paciente, o planeta Terra, está em condição crítica, na iminência de entrar em fase terminal.
Com efeito, a integridade funcional da vida na Terra, com a preservação do que ainda resta da vegetação natural ou seminatural, é a última fronteira para uma catástrofe ambiental crucial e definitiva. E o Brasil, como toda a região amazônica, é parte central nessa perspectiva de resgate socioambiental do planeta.
Porém, pelas circunstâncias de nosso próprio gênio decaído, será que seremos capazes de cumprir a sagrada missão de salvar o mundo? Logo o Homem – o exímio predador do próprio homem – neste século onde impera tanta perversão, indiferença e alienação; e onde sobressai tanto egoísmo, narcisismo e hedonismo?
Contudo, resta-nos uma esperança: o fim será o começo! Novos céus e nova terra sobrevirão resplandecentes, como assegura a escatologia bíblica. Agora, só nos falta discernir a voz de Jesus Cristo: “Ora, quando vires estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima, e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima” (Lucas 21: 28).
Edemundo Dias de Oliveira Filho é advogado, pastor evangélico, delegado de polícia veterano e mestre em Direito Público.