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Tatiana Potrich

Alento Climático

. | 29.09.24 - 09:18
Dedinhos 'coçando', o cabaré pegando fogo, cadeirada, bets, tapa na orelha e nas redes sociais todo show de horrores que antecipam o Halloween. Difícil é manter a sanidade mental com o celular ligado e as notificações chegando em milésimos de segundos. Mas no mundo real tem gente estudando, trabalhando, pesquisando e produzindo algo significativo para o bem da Humanidade.
 
É  o caso do artista e paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994), que está fazendo escola e atraindo cada vez mais adeptos às referências e replicações de suas formas orgânicas genuinamente brasileiras. Está previsto para 2028 a inauguração do Instituto Burle Marx, em Petrópolis, RJ, na Casa Cavanelas, projetada por Oscar Niemeyer e reformulada para acolher escritórios, galeria de arte, residências artísticas, loja, café e um mirante para se admirar o paisagismo do alto.
 
Mas por hora e bem mais perto, foi aberta a leve e inspiradora mostra "Paisagem Aclimatada", do jovem Talles Lopes, com curadoria de Divino Sobral, na Cerrado Galeria, que reforça a ideia do modernismo e da identidade nacional.
 
Auto-centrado na arquitetura, ponto de partida de sua formação acadêmica, o artista produz desenhos, aquarelas, pinturas e um misto de site specific que se fundem em apropriações de projetos icônicos, design e botânica sob um olhar atento ao resgate do histórico colonial e modernista brasileiro. 
 
A beleza e sintonia das obras vão de encontro com a simpatia e postura de Talles. Seus cabelos crespos, sua pele clara e seus olhos levemente esverdeados não negam uma miscigenação sadia, serena e talvez, um pouco selvagem, tão características do mulato. Ele busca mesmo o autoconhecimento, a distinção entre ser artista ou arquiteto, sua "autocolonização", parafraseando o texto curatorial, por Paulo Tavares, em citação ao sociólogo Gilberto Freyre. 
 
Seu trabalho é um reflexo perspicaz de uma cultura que se desenvolveu apoiada em origens rústicas e sofisticadas, transgressoras e eruditas, tropical e barroca, assim como o design dos vasos do suíço, Willy Guhl.  Eles expressam a simplicidade leve do design modernista com a dureza concreta da cor cinza do cimento.
 
Investigar e imergir neste universo paisagístico do modernismo e da arte contemporânea é abraçar a brasilidade e mergulhar em águas mornas. Um alento, um oásis tropicano, uma pausa para reconhecer a qualidade da produção nacional e sua autenticidade.
 
Parabéns, Talles, continue climatizando o circuito da arte com sua beleza, leveza e autonomia.
 
"Paisagem Aclimatada", mostra de Talles Lopes, na Cerrado Galeria, registros por Laura Macêdo
 
Vasos com plantas ornamentais, design do suíço Willy Guhl e na última foto, pintura em tela por Roberto Burle Marx ao lado dos desenhos de Talles Lopes:






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