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TATIANA POTRICH

Olha a noiva virgem! É mentira!

| 02.06.24 - 12:26
Uma das características mais marcantes das noivas, independentemente da época, com certeza é o vestido. Toda atmosfera em torno dos rituais, das simpatias, da prova da roupa, dos mistérios do rito e dos segredos debaixo das 'sete' saias torna tudo muito mais interessante do que realmente é.
 
O noivo não pode ver a noiva pronta antes da cerimônia, o vestido tem que 'entrar' perfeito no corpo, a barriga não pode aparecer de jeito nenhum, o branco tem que ser o off white completo.
 
A mística deste vestuário vem desde os tempos longínquos, embora tenha sido a Rainha Vitória da Inglaterra, em 1840, quem bateu o martelo sobre o tão sagrado branco, a cor unanime entre as virgens de plantão, ou não! 
 
A partir daí, a moda pegou e caiu no gosto popular. Seja pela pureza, idolatria ou hipocrisia das puras, ou não puras, virgens ou prenhas, que se casam por vontade, por coragem, ou por necessidade, em verdade é: "seja tudo pelo amor que Deus quiser". 
 
Inspirada nas grandes festas da aristocracia francesa, a quadrilha, do francês quadrille (quatro), cujos dois pares de casais se alternavam nas danças de salões, ganhou sua versão democrática, endossada pela Igreja Católica, para comemoração aos santos padroeiros. A dança também caiu no gosto popular e foi, posteriormente, manifestada nas festas juninas, comemoradas impreterivelmente no mês de junho.
 
Fora dos palacetes aristocráticos, a festa ganhou mais rigor, humor, personalidade e ritmo. Reconhecida como patrimônio cultural imaterial, as festas juninas contam a história brasileira na culinária, na musicalidade, nas coreografias e nas vestimentas. 
 
Ora nos remendos, ora na excessiva estamparia, nos babados e nas rendas, nos adornos ou lamentos sertanejos, o cerne do festejo conta sobre 
 
o casamento arranjado, 
 
a noiva grávida, 
 
o pai desonrado, 
 
a cerimônia escrachada,
 
o noivo acuado, 
 
o padre alterado, 
 
a plateia debochada
 
Querendo, ou não, a paródia desta festa caipira representa muito bem a sociedade dos tempos longínquos à atualidade. 
 
Casais aparentemente felizes, famílias de bem, famílias de mal, sadismo social, remendos, babados e a cafonice que anda solta nas redes sociais são só algumas das características que persistem em existir nas altas e baixas esferas das bolhas culturais.
 
Como já cantava Rita Lee:
 
"Alô, alô, marciano
 
Aqui quem fala é da Terra
 
Pra variar, estamos em guerra
 
Você não imagina a loucura
 
O ser humano tá na maior fissura, porque
 
Tá cada vez mais down the high society"
 
Casamento nada convencional: noiva grávida, Tatiana Potrich de bata adquirida em brechó e calça transpassada sob medida da marca goiana Caligrafia, em 2007


Os noivos mais queridos da extrema esquerda e os noivos mais queridos da extrema direita:
 

Casamento do plebeu viúvo com a socióloga, cujo vestido de noiva encomendado às bordadeiras do nordeste brasileiro foi avaliado em R$ 5 mil
 
 Melanie Trump com vestido de noiva da Dior, avaliado em U$ 2 milhões, desenhado pelo estilista John Galliano que acaba de ganhar um documentário na PrimeVideo, "Ascensão e Queda" (2024)
 
É, marcianos, uma coisa, nós terráqueos temos de admitir, o 'rastapé' no high society fica cada vez mais down, quando noivos aristocratas ficam cada vez mais up!
 
*Tatiana Potrich é designer de joias e curadora de eventos culturais

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