A Redação
Goiânia - O pulmão é o principal órgão afetado pelo hábito de fumar, mas, segundo o médico ortopedista do Centro de Ortopedia Especializada (COE), Regis Castro, o tabagismo também pode acarretar prejuízos graves à saúde óssea.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), existem no mundo 1,1 bilhão de fumantes, sendo 19 milhões apenas no Brasil. Comemorado no dia 31 de maio, o Dia Mundial Sem Tabaco foi criado para combater o hábito de fumar e, em 2019, o tema é sobre os danos causados aos pulmões.
E a moda do narguilé?
Se o cigarro pode acarretar tantos problemas, o narguilé, popular entre jovens, tem potencial negativo ainda maior. “Alguns estudos sugerem que a quantidade de nicotina inalada com o cachimbo é pelo menos duas vezes maior que o consumo de um cigarro comum. Por ser consumido em uma roda de amigos durante um longo período, o uso do narguilé pode chegar ao equivalente a cem cigarros em uma hora”, explica o ortopedista.
Como manter a saúde óssea
Se o tabagismo e o consumo de nicotina são desencadeadores desse processo de debilitação precoce da saúde óssea, a melhor forma de prevenção, sem dúvida, é parar de fumar. Segundo os dados levantados pela Universidade de Atenas, em todos os casos analisados de ex-fumantes a taxa de risco de fraturas reduziu com o tempo após a interrupção do uso do cigarro.
De qualquer forma, Regis Castro explica que garantir a melhor saúde óssea possível passa por uma mudança de hábitos e envolve tanto alimentação como a prática de exercícios físicos. “É recomendada a manutenção de uma dieta equilibrada e rica em cálcio, principalmente ingerindo leite e derivados - especialmente na infância e início da vida adulta”, ressalta. Além disso, é indicada a exposição moderada ao sol para a síntese da vitamina D. Por isso é importante realizar passeios e atividade física ao ar livre, sejam crianças, adultos ou idosos.
Tabagismo e a fratura de quadril
Reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência da nicotina presente nos produtos à base de tabaco, o fumo exerce grande influência na elevação do risco de fraturas. Segundo Castro, que é especialista em doenças oesteometabólicas isso se deve a substâncias inibidoras da produção dos osteoblastos contidas no cigarro.
“O consumo da nicotina opera como um acelerador do envelhecimento ósseo. Sem os osteoblastos, responsáveis pela síntese dos componentes orgânicos da matriz óssea como cálcio, colágeno e outros, há uma redução na densidade mineral, ou seja, ossos mais porosos e frágeis mesmo antes do processo natural que ocorre com o avanço etário”, afirma o ortopedista.
Soma-se a esse processo o desenvolvimento da osteoporose, doença que atinge 10 milhões de brasileiros de acordo com levantamento feito pela Fundação Internacional de Osteoporose (IOF, sigla em inglês). Apesar de atingir em maior número as mulheres após a menopausa, a doença pode ser potencializada pelo fumo em ambos os sexos. Esse dado se confirma pela compilação de artigos na área feita pelo Departamento de Cirurgia Ortopédica da Universidade de Atenas: homens e mulheres fumantes têm cerca de 50% mais chances de sofrer uma fratura no quadril, considerada a mais grave a incapacitante das fraturas por fragilidade.
Outros ossos em risco?
Ainda assim, não é apenas o quadril que está em risco. Regis Castro explica que a osteoporose também pode resultar em fraturas de punho, úmero proximal (região do ombro), costela, fratura vertebral e de fêmur (coxa). “Quando temos paciente idoso com alguma dessas fraturas deve-se obrigatoriamente investigar osteoporose”, exemplifica. Outro agravante para o quadro é distância entre o desenvolvimento do problema e o diagnóstico. Por ser um quadro silencioso, a maioria dos pacientes só descobrem a doença ao sofrer uma fratura, o que ocorre já em estágio avançado.