Entre os mais influentes da web em Goiás pelo 14º ano seguido. Confira nossos prêmios.

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351

políticas públicas

Embaixadores do Meia Ponte se mobilizam nos preparativos para a COP30

Grupo leva demandas a gestores e legisladores | 27.10.25 - 21:42 Embaixadores do Meia Ponte se mobilizam nos preparativos para a COP30 Embaixadores do Meia Ponte se mobilizam nos preparativos para a COP30
 
A Redação

Goiânia
- Preparando-se para participar da COP30, em Belém, no próximo mês, o grupo Embaixadores do Meia Ponte inicia nesta semana a entrega da Carta da Juventude em Defesa do Rio Meia Ponte e da Justiça Climática em Goiás. O projeto do Instituto Ecomamor, formado por 15 membros com idades entre 20 e 34 anos, irá entregar o documento para o governo estadual, a prefeitura da capital, deputados estaduais, deputados federais de Goiás e vereadores de Goiânia. 
 
O objetivo da Carta da Juventude é demandar a criação de políticas públicas visando o estabelecimento e o financiamento de um programa para a recuperação socioambiental do rio Meia Ponte. Para os Embaixadores, esse trabalho deve ser feito visando a adaptação às mudanças climáticas, a garantia de justiça socioambiental e o fortalecimento comunitário.
 
Organizadas em dez tópicos, as reivindicações do documento incluem a recuperação das nascentes e das áreas de preservação permanente às margens do rio Meia Ponte; o aprimoramento das condições de saneamento e tratamento de esgoto lançado no curso d’água, que abastece metade da população do Estado; e a criação de parques lineares, que priorizem as comunidades mais vulneráveis.
 
“A responsabilidade do poder público sobre a atual situação do rio Meia Ponte está na fiscalização precária sobre os despejos irregulares de esgoto industrial e doméstico, na falta de políticas públicas que visem recuperar a qualidade da água e as matas ciliares e na população que sofre as consequências do descaso público”, afirma a médica veterinária Ana Carolline dos Santos, 33, que mora no setor Goiânia II e atua como representante dos Embaixadores.
 
O rio Meia Ponte nasce no município de Itauçu e, em todo o seu percurso, sofre com poluição, assoreamento, despejo de efluentes e falta de gestão pública. Embora de suma importância para o abastecimento dos habitantes da Região Metropolitana de Goiânia, padece de “invisibilização social e política”.
 
Na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, 12 pessoas, entre representantes do Instituto EcomAmor e embaixadoras do Meia Ponte, irão integrar uma comitiva para representar o Cerrrado e a defesa das águas do Cerrado, participando de diálogos e mobilizações que levem as vozes das juventudes e das comunidades locais para o centro das discussões climáticas.
 
Fruto da iniciativa Abrace o Meia Ponte, criada pela vereadora de Goiânia Kátia Maria, o trabalho dos Embaixadores do Meia Ponte é realizado em parceria com a Prefeitura de Goiânia e conta com apoio do Fundo Casa Socioambiental.
 
Confira íntegra da Carta
"Nós, membros do projeto Embaixadores do Rio Meia Ponte, realizado pela organização da sociedade civil Instituto EcomAmor, representamos a juventude goiana que luta pelos direitos do Rio Meia Ponte e exigimos ações urgentes, diante da crise climática que ameaça o Cerrado e suas águas. O projeto é fruto da iniciativa Abrace o Meia Ponte, criada pela vereadora de Goiânia Kátia Maria.
 
Reivindicamos que o Governo do Estado de Goiás, a Prefeitura Municipal de Goiânia, a Assembleia Legislativa de Goiás e a Câmara Municipal de Goiânia estabeleçam e trabalhem por políticas públicas visando a criação e o financiamento de um Programa Integrado de Recuperação Socioambiental do Rio Meia Ponte, com foco em adaptação climática, justiça socioambiental e fortalecimento comunitário.
 
Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental
O desequilíbrio entre o desenvolvimento humano e a conservação ambiental tem levado a uma intensa degradação dos ecossistemas. O Cerrado, bioma considerado berço das águas do Brasil, já perdeu cerca de 40% de sua vegetação original. O desmatamento e as mudanças climáticas provocam aumento das temperaturas, redução da vazão dos rios e perda de biodiversidade.            
 
Em Goiás, apenas 35% da vegetação nativa ainda resiste, e o Rio Meia Ponte, que nasce em Itauçu e abastece metade da população goiana, sofre com poluição, assoreamento, despejo de efluentes e falta de gestão pública. Sua invisibilização social e política agrava a crise e limita ações de recuperação. Com isso demandamos:
 
-          Políticas com foco em adaptação climática, perdas e danos e segurança hídrica;
-          Recuperação das nascentes e áreas de preservação permanente, com ações de reflorestamento e proteção das matas ciliares;
-          Fiscalização rigorosa e controle de efluentes e resíduos sólidos lançados no rio e em seus afluentes;
-          Integração de políticas públicas de clima, meio ambiente e desenvolvimento urbano, com foco em refúgios climáticos, criação de corredores ecológicos e parques lineares, priorizando as comunidades vulneráveis.
 
Saneamento e Gestão de Resíduos
As mudanças climáticas e ambientais atingem de forma desigual as populações mais vulneráveis, especialmente as que vivem próximas ao rio e sem acesso a serviços básicos. A crise hídrica e climática também é uma crise urbana e social.
 
Segundo estudo realizado pelo Instituto Federal de Goiás (2024), apenas 13,41% dos municípios goianos possuem Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) e/ou Planos Municipais de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PMGIRS), que são atualmente a principal ferramenta de gestão pública acerca do manejo de resíduos sólidos urbanos (RSU). O índice aponta graves lacunas e a falta de políticas públicas pertinentes ao tema, tanto nas esferas municipais quanto estaduais.
 
Na Vila Roriz, que margeia o Rio Meia Ponte na capital goiana, falta saneamento básico, rede de esgoto e coleta e tratamento de resíduos. Assim, apontamos a urgência das seguintes ações:
 
-          Investimentos em saneamento básico, habitação e infraestrutura para as comunidades periféricas;
-          Incentivo a ações comunitárias sustentáveis, como hortas urbanas, cooperativas de reciclagem e compostagem de resíduos orgânicos;
-          Estímulo à economia circular, com reaproveitamento de materiais e reutilização criativa de resíduos recicláveis;
-          Trabalho conjunto entre o poder público e as comunidades, a fim de criar soluções participativas, de forma contínua.
 
Participação Social e Incidência Política
Urge fortalecer o protagonismo das comunidades e promover a inclusão da população nas decisões sobre o território e os recursos hídricos, fortalecendo, assim, seu sentimento de pertencimento e seu vínculo com o rio. Por isso, propomos:
 
-          Realização de projetos de Educação Ambiental e de Saberes Tradicionais;
-          Criação de espaços que garantam a participação ativa da sociedade nas políticas públicas voltadas para o rio, com transparência e controle social das ações voltadas à revitalização do Meia Ponte.
 
Erguemos este manifesto coletivo para somar forças pela proteção do Cerrado e de suas águas.
Recuperar o Rio Meia Ponte é mais do que uma ação ambiental, é um ato de justiça climática, cidadania e amor pelo território.
O Cerrado é nosso. O Rio e as Águas são vida. Vamos proteger quem nos mantém vivos.
 
Pelo Cerrado, pelos Rios, pelas Águas, pela Vida.
Embaixadores do Rio Meia Ponte"

Leia mais 
Mabel destaca avanço na segurança hídrica com novo tratamento da ETE Goiânia

Comentários

Clique aqui para comentar
Nome: E-mail: Mensagem:
Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351