Mais de 130 mil aposentados e pensionistas que tiveram descontos não autorizados em seus pagamentos, como se tivessem firmado com convênio com as empresas suspeitas de fraude, sem jamais terem firmado qualquer contrato com elas.
Em coletiva de imprensa, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, também falou à imprensa sobre a operação "Sem Desconto". "Três pessoas foram presas e outras três estão foragidas. Foram apreendidos carros de luxo, dinheiro em espécie, joias e quadros. Os suspeitos podem responder pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documento, organização criminosa e lavagem de capitais", destacou ao completar que trata-se de uma operação que visa a proteção aos aposentados.
O ministro da CGU, Vinicius Marques de Carvalho, detalha que as investigações começaram no ano de 2023. "Foi iniciada uma série de apurações sobre o aumento do número de entidades e dos valores descontados dos aposentados. Realizamos duas auditorias, realizamos entrevistas junto a 1.300 aposentados e analisamos 29 entidades. Identificamos em relação aos aposentados, mais de 90% dos entrevistados não haviam autorizado os descontos em suas aposentadorias. Nas entidades, identificamos que não tinham estrutura organizacional para realizarem os serviços oferecidos, como descontos em academias, convênios de planos de saúde e auxílio funerário, dentre outros. Ao todo, 11 foram autuadas. Vale destacar, que estes descontos começaram bem antes do início das investigações", detalhou.
O ministro da CGU, afirmou, ainda, que haverá a suspensão dos acordos de cooperação técnica das entidades associativas para reorganização do sistema para que ocorram descontos para aqueles que, de fato, autorizem. Os aposentados podem pedir a revisão dos descontos.
Entenda
Mais cedo, Alessandro Stefanutto foi afastado do cargo por decisão da Justiça. A Polícia Federal identificou esquema fraudulento de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS. Até agora, o valor estimado em cobranças irregulares soma R$ 6,3 bilhões, no período entre 2019 e 2024, segundo a PF.
O assunto foi levado nesta quarta-feira (23/4) pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião no Palácio da Alvorada. O Planalto reagiu com irritação ao caso, que adiciona novo desafio ao governo.
De acordo com a PF, cerca de 700 policiais federais e 80 servidores da CGU cumpriram 211 mandados judiciais de busca e apreensão, ordens de sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão e seis mandados de prisão temporária no Distrito Federal e nos Estados de Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. Além de Alessandro, outros cinco servidores públicos foram afastados de suas funções.