A Redação
Goiânia - Um estudo publicado em março na Revista Sustainability mostra que o Cerrado pode perder até 35% da sua água até 2050. Segundo o levantamento, uma das formas de contribuir com a melhoria da disponibilidade hídrica é conservar e restaurar áreas prioritárias de vegetação nativa combinadas com a adoção das melhores práticas agropecuárias para a conservação do solo, com o objetivo de proteger mananciais e bacias hidrográficas. Com esse objetivo, o projeto Produtor de Água de Anápolis, que está em estruturação, pretende mudar a realidade de propriedades rurais no município.
O projeto, que é desenvolvido, em parceria, por instituições públicas, sociedade civil organizada e iniciativa privada, se baseia em cinco pilares essenciais: ações de restauração ecológica; ações de conservação da vegetação nativa; melhores práticas agropecuárias de conservação do solo; saneamento rural e readequação de estradas rurais. À frente da força-tarefa, estão nomes como Ambev, Saneago, Seapa, Emater, Semad, Prefeitura de Anápolis, UFG, UEG, UniEvangélica, Agência Reguladora do Munícipio de Anápolis, OAB Subseção Anápolis, Associação dos Produtores Rurais do Piancó e CBH Paranaíba.
Inspirado na metodologia do Programa Produtor de Água (PPA), criado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) com o objetivo de incentivar o produtor rural a adotar ações de conservação dos recursos hídricos com a contrapartida técnica e financeira, o Produtor de Água de Anápolis destinará investimentos em Soluções Baseadas na Natureza (SbN), como, por exemplo, a implantação de ações de restauração em áreas prioritárias para a segurança hídrica.
Meta
A iniciativa tem como meta a restauração de 500 hectares (cada hectare equivale a um campo de futebol) do Cerrado, a conservação do solo em 1000 hectares de áreas produtivas, a conservação de 1000 hectares de áreas nativas, a implantação de saneamento básico em 100 propriedades rurais e a readequação de 500 quilômetros de estradas rurais.
De acordo com a The Nature Conservancy, qque encabeça a ideia, as áreas de atuação inicial são porções rurais das bacias do ribeirão Piancó e do rio das Antas. Os resultados que serão gerados pelo projeto beneficiarão diretamente os produtores rurais e mais de 415 mil habitantes que residem no município e que é abastecida pelos mananciais, que terão melhorias na qualidade e disponibilidade de água.
“É o famoso ganha-ganha, em que todas as partes envolvidas se beneficiarão diretamente ou indiretamente, pois a implantação do projeto também trará impacto positivo para a gestão e governança hídrica nessas bacias, para a biodiversidade, para o clima e o bem-estar da população de Anápolis”, diz André Targa, Especialista em Conservação de Água.