Brasília - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez seu primeiro discurso no Congresso americano em um período de cinco anos na noite de terça-feira (4/3) em Washington. “Conseguimos fazer em poucos dias o que muitos governos não conseguiram em anos. Nós estamos apenas começando”, afirmou.
Considerado o mais longo desde pelo menos 1964, o pronunciamento teve cerca de uma hora e quarenta minutos de duração, e ocorre seis semanas após o início do segundo mandato dele na Presidência.
O presidente tratou de assuntos diversos na área da política, citando os cortes em agências governamentais, na economia, abordando cortes de impostos internos e tarifas internacionais, e na geopolítica, citando os conflitos em Gaza, Ucrânia e no Paquistão.
O discurso também foi marcado por críticas severas ao governo Biden, onde Trump o culpou pelo aumento no preço de produtos, como ovos, criticou como a administração anterior lidou com a imigração, além anunciar vetos a leis sancionadas pelo antecessor.
Ele também fez pedidos ao Congresso, como o voto pena de morte para assassinos de policiais, a aprovação do financiamento a um escudo de defesa anti-mísseis e defendeu o banimento da transição de gênero.
Veja os principais destaques do discurso de Donald Trump, no Congresso americano:
internacionais
O presidente dos Estados Unidos citou as tarifas do Brasil enquanto falava sobre as taxas impostas a outros países.
Ao citar “tarifas recíprocas” aos parceiros comerciais dos EUA, o presidente incluiu o Brasil a um grupo de outros países como Canadá, Índia e China, afirmando que as novas taxas estão definidas para o dia 2 de abril.
“Outros países usaram tarifas contra nós por décadas, e agora é a nossa vez de começar a usá-las contra eles. A União Europeia, China, Brasil e Índia, México e Canadá e diversas outras nações cobram tarifas tremendamente mais altas do que cobramos deles. É injusto.”
Guerra da Ucrânia
Trump criticou a participação da Europa na guerra entre Rússia e Ucrânia.
Durante a fala, o presidente afirmou que enquanto os EUA “trabalham incansavelmente”, enquanto a Europa compra óleo e gás russos, ao invés de ajudar as defesas ucranianas.
“Nós gastamos 350 bilhões de dólares e foi como tirar doce de criança, eles gastaram 100 bilhões de dólares. Nós temos um oceano nos separando, eles não. O Biden autorizou mais dinheiro nesta guerra do que a Europa gastou. Precisamos equilibrar isso”, acrescentou.
Ele também informou que Volodymyr Zelensky enviou uma carta ao presidente Donald Trump dizendo que seu país está pronto para “vir à mesa de negociações o mais rápido possível para trazer uma paz duradoura mais perto”.
Segundo Trump, a carta dizia, em parte, “Minha equipe e eu estamos prontos para trabalhar sob a forte liderança do presidente Trump para obter uma paz duradoura”.
Demissões em massa
O presidente dos Estados Unido fez um aviso direto aos funcionários federais: resistam às políticas de sua administração e vocês serão demitidos.
Citando seu “mandato para mudanças ousadas e profundas”, Trump protestou contra regulamentações e aprovações de dívidas que desaceleram o funcionamento do governo federal.
Trump tem buscado transformar o tamanho e o escopo do governo federal desde que assumiu o cargo, capacitando Elon Musk e seu Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) a cortar gastos. “Estamos drenando o pântano. É muito simples. E os dias de governo por burocratas não eleitos acabaram”, acrescentou.
Groenlândia
Em dado momento do discurso, Trump voltou a mencionar a anexação da Groenlândia. “Nós apoiamos o seu direito de determinar o seu futuro, e vocês são bem-vindos para entrar nos Estados Unidos”, declarou.
Trump enfatizou que a Groenlândia, um território sob controle da Dinamarca situado no Ártico – entre os EUA e o norte da Europa e próximo à Rússia -, é importante para a segurança dos EUA e do mundo.
“Acho que conseguiremos. De uma forma ou de outra, conseguiremos”, disse o presidente americano sobre “trabalhar junto” com a Groenlândia. “Manteremos vocês seguros e deixaremos vocês ricos. Levaremos a Groenlândia para um nível nunca imaginável antes”, acrescentou.
Canal do Panamá
Trump disse que seu governo caminha para “pedir de volta” o Canal do Panamá.
O presidente celebrou o acordo firmado na terça-feira (4) pela gestora de ativos americana BlackRock, que comprou portos no Canal do Panamá de uma empresa de Hong Kong.
“O canal foi construído por americanos e para americanos. Os outros podiam usá-los, mas ele levou muito sangue americano”, declarou.
O canal passou para total controle panamenho na virada do século, após a conclusão de acordos firmados entre os dois países nos anos 1970. “Esse acordo foi violado muito gravemente. Não podíamos dar o canal à China, e nós o queremos de volta – e teremos ele de volta”, acrescentou.
Deputado expulso da Câmara
No início do discurso de Donald Trump, o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Mike Johnson, ordenou a saída do congressista Al Green do Plenário.
“Caso o senhor continue causando estas interrupções, pediremos que a guarda do Congresso restaure a ordem e você seja retirado da Câmara”, disse Johnson, após pedir que Al Green se sentasse.
Logo após, o congressista democrata do Texas gesticulou com sua bengala em direção a Johnson e Trump e saiu do plenário acompanhado de funcionários da Casa.