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Saúde

Médicos credenciados ao Ipasgo denunciam atrasos e sinalizam paralisação

Profissionais alegam falta de transparência | 12.02.25 - 10:06 Médicos credenciados ao Ipasgo denunciam atrasos e sinalizam paralisação Ipasgo saúde (Foto: governo de Goiás)
Caroline Louíse e Ludymila Siqueira 

Goiânia - 
Médicos credenciados ao Instituto de Assistência aos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo) relatam dificuldades na negociação para a regularização de pagamentos atrasados. Além disso, denunciam falta de transparência nos demonstrativos financeiros, afirmando que muitos profissionais desconhecem os valores efetivamente recebidos. Diante desse cenário, a categoria sinaliza a possibilidade de paralisação na próxima semana.
 
Uma audiência pública realizada na terça-feira (11/2), na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), previa a discussão sobre supostas irregularidades no plano de saúde. No entanto, médicos afirmam que o presidente do Ipasgo, Vinícius de Cecílio Luz, não compareceu e nem enviou representante.
 
Em entrevista à reportagem do jornal A Redação, uma médica, que preferiu não se identificar, afirmou que os profissionais seguem sem receber e que não há previsão para a regularização dos pagamentos. Segundo ela, caso não haja um acordo nos próximos dias, os médicos credenciados podem paralisar as atividades na próxima terça-feira (18). A suspensão deve ocorrer, inicialmente, por 48 horas.
 
Procurado pelo jornal A Redação, o Ipasgo afirmou que "respeita a decisão da categoria e reafirma seu compromisso em buscar a melhor solução para todos os envolvidos". Em nota, o Instituto declarou que "tem empreendido todos os esforços possíveis para sanar as questões em aberto e segue disposto ao diálogo, com a convicção de que, juntos, alcançaremos um desfecho positivo que assegure a continuidade e a qualidade do atendimento à rede e aos beneficiários".

O Instituto nega que a rede credenciada esteja há meses sem receber pelos serviços prestados. "Entre setembro e dezembro de 2024, quase 3,3 mil profissionais receberam mais de R$ 755,64 milhões. Neste total, estão incluídos R$ 71,7 milhões destinados a 2.601 prestadores pessoa física (médicos e demais fornecedores)", informou.
 
Ainda de acordo com o plano de saúde, outro fato que refutaria as alegações sobre falta de pagamento é que, em 2025, já foram realizados R$ 190,72 milhões em pagamentos a prestadores. Deste montante, R$ 23,74 milhões foram destinados a prestadores pessoa física e R$ 166,98 milhões para prestadores pessoa jurídica (como hospitais), todos efetuados dentro do prazo contratual, que estabelece o pagamento em até 60 dias após a apresentação da fatura, conforme alegou o Ipasgo ao AR.
 
Desse total, R$ 6,31 milhões foram pagos no último dia 31, após reprocessamento das contas, referentes a honorários médicos que anteriormente haviam sido repassados aos hospitais. Os demonstrativos desses pagamentos estão disponíveis no Portal do Prestador. "O Ipasgo Saúde reconhece que, em decorrência do processo de migração de sistemas, houve problemas pontuais no pagamento de prestadores, mas que nunca atingiram toda a rede credenciada. Casos excepcionais e, eventualmente, remanescentes estão sendo tratados para que sejam resolvidos de forma definitiva", detalhou o Instituto.

Solicitações
Em apuração realizada pela reportagem do jornal A Redação na última semana, médicos representados por entidades como a Associação Médica de Goiás (AMG) e o Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego) apresentaram uma lista de reivindicações à gestão do Instituto, com o objetivo de solucionar os problemas e corrigir as defasagens nos valores repassados.  
 
A classe médica já havia sinalizado que, caso as demandas não sejam atendidas, poderão ocorrer paralisações coordenadas, com aviso prévio às autoridades competentes. Os serviços de urgência e emergência serão mantidos. "Pedimos que nossa pauta seja avaliada com o respeito que merecemos. Gostaríamos de deixar claro que nossa estratégia de defesa contra esses ataques será extremamente desgastante para todos os envolvidos – usuários, nossa classe e a instituição. Contudo, temos fé e certeza de que este órgão não nos ignorará, pois trabalhamos nesta instituição há anos. Apesar da defasagem em nosso trabalho, continuamos aqui porque precisamos. Somos pais e mães de família, temos nossos compromissos e respeitamos profundamente os usuários", diz trecho do comunicado publicado no início do mês.

Confira alguns dos pedidos:
  • Data fixa para pagamento: A classe solicita o estabelecimento de uma data fixa mensal para os pagamentos, além de autonomia para gerenciar as agendas médicas e garantir o pagamento integral por consultas de encaixe.
  • Atualização da tabela de Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM): Os médicos reivindicam a aplicação dos valores atualizados da Tabela CBHPM. Atualmente, o valor das consultas é de R$ 130, sem reajuste há 8 anos.
  • Regularização de pagamentos pendentes: Alguns médicos estão com os pagamentos referentes aos meses de julho, agosto, setembro, outubro e novembro de 2024 atrasados. Eles pedem que os pagamentos sejam regularizados com urgência.
  • Pagamento conjunto e demonstrativos detalhados: A categoria pede que honorários de consultas, cirurgias e procedimentos sejam pagos simultaneamente, acompanhados de demonstrativos analíticos detalhados disponibilizados em até 7 dias após o pagamento.
  • Revisão de valores de OPMEs: Atualização dos valores pagos por órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs), que estão abaixo do mercado, além de maior transparência no processo de fornecimento.
  • Adicional noturno e honorários justos: Pagamento de adicional noturno para procedimentos realizados após as 19h e avaliação da remuneração para visitas médicas, considerada defasada.
Transição para regulação pela ANS
De acordo com os médicos, o Ipasgo, que deixou de ser uma autarquia em 2023 e agora está sob regulação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), tem um prazo de três anos para se adequar às novas normas. No entanto, eles enfatizam a urgência de que as reivindicações sejam tratadas como prioridade. "Sabemos que o instituto deixou de ser uma autarquia e passará a ser regido pela ANS. Também estamos cientes de que a ANS concede um prazo de três anos para a adequação às novas normas. No entanto, é fundamental que nossas pautas sejam avaliadas e que sejam determinados quais pontos serão atendidos e os prazos para essa adequação", defendem médicos credenciados. 
 
O grupo reforça que a categoria está aberta ao diálogo, mas destaca que os atrasos e a falta de reajustes já atingiram um nível insustentável. “Nosso objetivo não é prejudicar os usuários, mas garantir condições justas para continuar oferecendo um atendimento de qualidade”, arrematam representantes dos profissionais da saúde. 

 

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