José Abrão
Goiânia – Depois de percorrerem quase 5 mil km e visitarem fazendas de 43 municípios, as equipes da Expedição Safra Goiás, promovida pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e parceiros como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás), retornaram a Goiânia nesta quinta-feira (23/1) para apresentar os dados coletados. “Hoje nós temos uma noção bastante próxima do que vai ser a realidade da nossa safra, e nós vamos chegar, se Deus quiser, aos 20 milhões de toneladas de soja, com um aumento significativo em relação ao passado, que pode chegar de 14% a 20%”, comemorou o presidente da Faeg, José Mário Schreiner.
José Mário Schreiner (Foto: José Abrão)
A expedição contou com cerca de 30 profissionais e técnicos do setor agropecuário, que coletaram mais de 300 amostras em diversas lavouras de todas as regiões do Estado. O objetivo foi levantar dados atualizados sobre a produção goiana, as tecnologias empregadas pelos produtores e suas estratégias de plantio. Ao final de cada rota diária, nos sindicatos rurais das maiores cidades, houve eventos técnicos conduzidos pelo economista Paulo Molinari, que abordou as perspectivas de mercado e clima para a safra 2024/2025.
Conforme os dados apresentados, a safra de soja de 2024 foi de aproximadamente 17 milhões de toneladas. Segundo José Mário, as condições climáticas favoráveis, com chuvas abundantes, foram determinantes para uma safra que pode superar as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A avaliação climática foi reforçada por Leonardo Machado, gerente do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag).
“Tivemos um cenário ambiental bastante favorável, com muitas chuvas de outubro a dezembro em praticamente todo o Estado. Isso resultou em um período de plantio exato. Entre outubro e novembro, praticamente toda a nossa safra foi plantada. Como resultado disso, a gente estima uma produtividade recorde”, explicou Machado. “A gente sai daquela quebra do ano passado, voltando a um período de crescimento normal da nossa produção”, completou.
Leonardo Machado (Foto: José Abrão)
Ao todo, Goiás conta com cerca de cinco milhões de hectares plantados. Somando a produção de milho e outros cereais, o Estado pode alcançar até 34 milhões de toneladas de grãos nesta safra. “Isso se deve ao produtor rural, que está sempre aplicando tecnologia. Nós temos sempre que agradecer à ciência, à pesquisa, que chegou ao campo. Este ano, a soja deverá atingir uma produtividade de 66 a 70 sacas por hectare”, destacou Zé Mário. “Às vezes as pessoas olham um smartphone e se impressionam com a tecnologia, mas um grão de soja tem muito mais tecnologia que um smartphone moderno”, acrescentou.
Dados obtidos “fora do ar condicionado”
O presidente da Faeg ressaltou que a ideia da Expedição Safra, realizada também no ano passado, surgiu da necessidade de obter dados reais e confiáveis sobre a produção. O objetivo é analisar a produtividade das áreas plantadas, auxiliar os produtores na tomada de decisão e no planejamento da próxima safra, além de orientar ações da Faeg e embasar pedidos de investimentos e demandas junto aos governos estadual e federal, que também se beneficiam das informações coletadas.
“Você tem um diagnóstico exato: as estatísticas não são feitas em gabinetes com ar condicionado, no achismo, mas na realidade. A área plantada é tal, o grão está de tal forma”, resumiu Zé Mário.
A expedição também identificou gargalos importantes, como os desafios logísticos enfrentados pelos produtores. “Hoje, gastamos 80 a 90 dólares para escoar uma tonelada da produção, enquanto a Argentina gasta 26 e os EUA, 20”, comparou Zé Mário. Ele também destacou os problemas causados pela troca de administrações municipais e pelo excesso de chuvas: “As estradas vicinais, rurais, estão em condições muito ruins. Muitas prefeituras estão com o maquinário sucateado.”
Além disso, foram apontados desafios relacionados ao transporte e ao armazenamento dos grãos após a colheita, devido à alta demanda por caminhões e armazéns.
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