A Redação
Goiânia - Em mais uma atualização sobre a Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal (PF), nesta terça-feira (19/11), para desarticular uma organização criminosa responsável por ter planejado um golpe de Estado para impedir a posse de Lula após as eleições de 2022 e restringir o livre exercício do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes disse que a ideia dos suspeitos era trazê-lo para Goiânia, onde ele seria mantido refém.
A declaração foi dada em entrevista ao jornal O Globo, que publicou ainda a identidade dos possíveis envolvidos: o general de brigada Mario Fernandes (na reserva); o tenente-coronel Helio Ferreira Lima; o major Rafael Martins de Oliveira; o policial federal: Wladimir Matos Soares; e o major Rodrigo Bezerra Azevedo. Este último, foi preso em Goiânia.
O nome da capital, inclusive, é citada 39 vezes na representação da PF contra os militares. A cidade é apresentada como base para aquisição de celulares e chips, aluguel de veículos e articulação do grupo.
Segundo o ministro do STF, o plano do grupo tinha três possibilidades de desfecho. "Num primeiro momento, no dia da posse presidencial, integrantes das forças especiais, [chamados 'kids pretos'] me prenderiam e me levariam para Goiânia, onde me manteriam refém. Uma outra possibilidade seria me matar no caminho, entre Brasília e a capital de Goiás. Por último, os mais exaltados, defendiam que eu fosse enforcado na Praça dos Três Poderes, no Distrito Federal", contou Moraes ao O Globo, citando o relatório da PF.
Monitoramento
Segundo a PF, o grupo realizou o monitoramento do residência oficial do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Os investigadores concluíram que os acusados tinham objetivo de prender Moraes, mas o plano foi cancelado após o adiamento de uma sessão do STF.
"As mensagens trocadas entre os integrantes do grupo Copa 2022 demonstram que os investigados estavam em campo, divididos em locais específicos para, possivelmente, executar ações com o objetivo de prender o ministro Alexandre de Moraes", diz trecho do relatório.
A notícia do adiamento foi compartilhada no grupo de mensagens instantâneas criado pelos acusados. Em seguida, a operação clandestina foi cancelada. "Abortar... Áustria... volta para local de desembarque... estamos aqui ainda", disse um dos investigados.
Operação
Conforme as investigações, os acusados executaram uma operação clandestina identificada como Copa 2022 no dia 15 de dezembro de 2022, três dias após a cerimônia na qual o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que era presidido por Moraes, ter diplomado Lula e Geraldo Alckmin na condição de presidente e vice eleitos nas eleições de outubro daquele ano.
Para não deixar rastros, os membros da operação usaram linhas telefônicas de terceiros e os codinomes Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Japão e Gana para serem usados durante a comunicação, que foi realizada por meio do aplicativo Signal, cujo conteúdo é criptografado.
Após analisar as mensagens apreendidas durante a investigação e com análise da localização dos aparelhos celulares, a PF concluiu que é "plenamente plausível" que a residência funcional de Alexandre de Moraes tenha sido monitorada por um dos investigados.
Lula e Alckmin
Na mesma investigação, a PF indica que os investigados tinham um plano para assassinar Lula e Alckmin. Nesta data, Lula estava em São Paulo, participando de um evento com catadores de materiais recicláveis. Alckmin se reunia com governadores em um hotel em Brasília.
(Com informações da Agência Brasil)
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