A peça Balada de um Palhaço, encenada pelo grupo de teatro Arte & Fatos, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) foi vista por mais de 90 detentos
(Foto: Agsep)
A peça Balada de um Palhaço, encenada pelo grupo de teatro Arte & Fatos, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) foi vista por mais de 90 detentos
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A peça Balada de um Palhaço, encenada pelo grupo de teatro Arte & Fatos, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) foi vista por mais de 90 detentos
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A peça Balada de um Palhaço, encenada pelo grupo de teatro Arte & Fatos, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) foi vista por mais de 90 detentos
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A peça Balada de um Palhaço, encenada pelo grupo de teatro Arte & Fatos, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) foi vista por mais de 90 detentos
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A peça Balada de um Palhaço, encenada pelo grupo de teatro Arte & Fatos, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) foi vista por mais de 90 detentos
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A peça Balada de um Palhaço, encenada pelo grupo de teatro Arte & Fatos, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) foi vista por mais de 90 detentos
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A peça Balada de um Palhaço, encenada pelo grupo de teatro Arte & Fatos, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) foi vista por mais de 90 detentos
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Adriana Marinelli
Goiânia - O estigma e o preconceito que encobrem a visão externa lançada sobre um presídio, normalmente aniquilam qualquer esperança ou sonhos que possam ser cultivados por quem se encontra atrás das barras da prisão. Privado de liberdade e longe da família e dos amigos, o detento muitas vezes perde a própria identidade, sendo tratado não pelo nome ou sua história de vida, mas como mais um número de artigo do Código Penal. No entanto, ações pontuais surgidas de um convívio mais próximo às unidades prisionais têm conseguido despertar esperança em um quadro carregado de cores cinzas e desordem.
O condenado, enquanto preso e no cumprimento da pena, está sob a proteção e guarda do Estado. E, mesmo atrás das grades e cercado por altos muros, deveria ter resguardado direitos essenciais ao ser humano. Dar mais espaço às atividades culturais no interior do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO), o maior de Goiás, tem sido um dos projetos desenvolvidos pela Agência Goiana do Sistema de Execução Penal (Agsep), pensando na melhor forma de preparar os reeducandos para a volta ao convívio social.
Responsável pela Coordenação de Arte e Cultura do espaço, Roberto Célio, o Xexéu, tem se dedicado para aprimorar as atividades artísticas do complexo, que abriga atualmente 3.450 detentos. “Desde que aceitei a missão de assumir a coordenação, há quase um ano, tenho trabalhado exaustivamente para fazer a coisa bem feita. Posso dizer que me sinto em casa lá dentro. Tenho contato direto com os reeducandos e graças a Deus a resposta deles em relação ao trabalho cultural foi muito rápida e bastante positiva”, afirma, destacando a importância da ideia.
“Cerca de 85% dos reeducandos são passíveis de recuperação. Se eles tiverem condições básicas de sobrevivência, se tiverem acesso à educação, trabalho, esporte, lazer, espiritualidade e cultura, a chance de recuperação é muito maior. Eu acredito nisso.” É importante ressaltar que o inciso VI do artigo 41 da Lei de Execução Penal brasileira, prevê como direitos dos presos, entre outros, o exercício de atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas, desde que compatíveis com a execução da pena.
Xexéu é coordenador de Arte e Cultura do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO) (Foto: Agsep)
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Desde que foi convidado pelo presidente da Agsep, Edemundo Dias, para trabalhar no complexo prisional, em janeiro deste ano, Xexéu já ajudou a promover na unidade cerca de 30 apresentações artísticas.
“A primeira foi em março. Saraus foram realizados, com participação do Quarteto Noys é Noys e do Coral Renascer, formado pelos próprios reeducandos. Mais de 40 pessoas puderam conferir”, conta, explicando que as atividades artísticas são levadas, normalmente, aos reeducandos que estão envolvidos com outros projetos no presídio.
“Damos prioridade aos que trabalham e estudam. Acredito que é até um jeito de estimular aqueles que não se interessam por isso a fazerem parte também”, diz Xexéu.
Muitas outras apresentações vieram. “Já levamos várias peças teatrais, musicais e saraus. O monólogo A Flor do Maracujá, do professor Danilo Alencar, e um show de canções líricas estão entre os que mais agradaram o pessoal. Também teve apresentação da banda de música da Guarda Municipal. A última atração foi vista em outubro. Aproximadamente 90 detentos assistiram à peça Balada de um Palhaço, encenada pelo grupo de teatro Arte & Fatos, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). O espetáculo já recebeu mais de 150 premiações e já percorreu mais 17 Estados.”
Ainda este ano, o complexo receberá mais Arte e Cultura. É o que afirma Xexéu. A peça Amor por Anexins, de Arthur Azevedo, encenada pelo Grupo de Teatro Guará, da PUC Goiás, é uma das que estão previstas.
“Receberemos ainda o circuito do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA). Os filmes premiados deste ano serão apresentados em todo o complexo. Esperamos também a Orquestra de Violeiros de Goiás, além da bela apresentação de dança do Festival Rhema, um dos maiores do segmento gospel”, anuncia.
Reeducandos do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia já puderam conferir apresentações do quarteto Noys é Noys e da Banda da Guarda Musical (Fotos: Agsep)
“A Arte transforma as pessoas”
Para o presidente da Agsep, Edemundo Dias, os eventos culturais levados aos presídios têm contribuído de forma expressiva para transformar a vida dos reeducandos para melhor. “A arte entra na alma, na sensibilidade do ser humano, e ela é capaz de promover mudanças. Eu creio”, ressalta.
“Acreditamos que isso é que vai resultar no processo de recuperação dessas pessoas. Vai ajudar que esses detentos voltem à sociedade como pessoas melhores. A história do Sistema Prisional Brasileiro hoje se resume em rebeliões e conflitos. Você enfrenta isso de uma hora para outra? Não! Você tem que quebrar paradigmas e fazer algo diferenciado e Goiás está fazendo. Sabemos que muitas coisas precisam ser melhoradas, sei que precisamos intensificar esses projetos, mas já é um começo.”
De acordo com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o índice de reincidência criminal no Brasil é de 76%. Em Goiás, segundo Edemundo, o índice é de pouco mais de 50%.
“Enquanto muitos dizem que não tem jeito, nós estamos superando isso. Eu acredito que o caminho é esse, desenvolver projetos diferenciados e sempre focar em ideias relacionadas à Arte, e é por isso que estamos investindo nesse tipo de ação. Enquanto o mundo diz que pau que é torto morre torto, nós acreditamos que
pode haver transformação”, diz.
Preso há cinco anos no Complexo Prisional, Francis Renato, de 41 anos, é um dos reeducandos que aprovaram a ideia e reconhecem o poder de transformação dos eventos culturais levados para as unidades.
“Acho que tudo se resume na ressocialização do preso. Esses eventos culturais trazem para nós aprendizado, é uma experiência nova. Tem gente aqui que nunca teve oportunidade de ir a um teatro antes. Esse tipo de iniciativa contribui para tirar da mente de quem está preso qualquer vontade de voltar para o mundo do crime. Eu estou aqui há cinco anos e, desde que cheguei, procurei estar inserido nesses projetos que auxiliam na ressocialização e a minha vida só melhorou”, conta com um sorriso no rosto e cheio de esperança de poder deixar o presídio como uma pessoa mais humana.
Para ele, além da Arte ajudar na reinserção social, melhora o comportamento de quem está preso. “As atividades culturais ajudam no convívio com os outros reeducandos, no tratamento com as visitas e, inclusive, a esquecer de problemas pessoais.”
Bastante empolgado, Francis Renato falou com a reportagem do Jornal A Redação enquanto trabalhava em um dos galpões da área industrial do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (Foto: Randes Nunes)
Literatura
Em parceria com a Editora Kelps, a Agsep vai promover concursos internos de Literatura para servidores e detentos. "Serão dois concursos que serão divididos em poesia, prosa e contos", diz Xexéu.
"O melhor trabalho dos servidores e o melhor dos reeducandos serão premiados. O prêmio será a publicação do material pela Editora Kelps", explica. Xexéu ressalta que, para produção literária, os presos receberão auxílio de uma universidade da capital.
"Já fechamos a parceria e a unidade de ensino já se comprometeu a ajudar. Educadores vão dar uma aula aos interessados sobre o que é conto, poesia e prosa. Os voluntários também vão ajudar com o que for necessário na produção do conteúdo", conta Xexéu, que destaca o empenho dos servidores do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia em trabalhar pensando na recuperação daqueles que um dia, por algum motivo, foram parar atrás das grades.
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