Samuel Straioto
Goiânia - Neste sábado (5/10), último dia permitido para a campanha eleitoral nas ruas, os candidatos a prefeito de Goiânia intensificam as ações de contato direto com os eleitores. De acordo com a legislação, é permitido realizar carreatas, caminhadas e bandeiraços até às 22h, com equipes espalhadas por diversas regiões da capital. Cada candidato apostou em estratégias variadas, que vão desde grandes carreatas até o porta a porta, aproveitando essa última oportunidade para reforçar sua presença entre os goianienses antes do primeiro turno das eleições municipais, marcado para domingo (6/10).
Em um sábado que deve ser marcado por muita movimentação, os candidatos a prefeito de Goiânia projetam carreatas, bandeiraços e caminhadas para deixar uma impressão final junto ao eleitorado. Especialistas ouvidos pela reportagem do jornal A Redação discutem o impacto dessas ações intensificadas nas urnas e como o contato direto pode influenciar a decisão dos eleitores.
O que é permitido na véspera da votação?
A legislação eleitoral brasileira estabelece que os candidatos podem realizar atividades de campanha presencial até as 22h deste sábado, permitindo carreatas, bandeiraços, caminhadas e panfletagens. No entanto, propagandas em rádio, TV e mídias digitais já foram encerradas na quinta-feira. A partir de domingo, dia da votação, qualquer ação que envolva pedidos de voto ou manifestação explícita de apoio será considerada boca de urna, prática ilegal sujeita a sanções eleitorais.
O professor de Direito Eleitoral, Lucas Tavares, explica que as regras para o último dia de campanha têm o objetivo de permitir o contato com o eleitorado de forma controlada e respeitando o espaço para reflexão individual do voto.
“As ações permitidas hoje buscam garantir que o eleitor tenha um último contato com os candidatos sem que isso interfira na serenidade necessária para a decisão no domingo. Por isso, no dia da eleição, até mesmo bandeiras ou mensagens visuais de apoio são proibidas, para evitar qualquer forma de coação ou pressão psicológica”, ressalta Tavares.
Em busca do voto
Cada candidato em Goiânia escolheu uma estratégia específica para marcar presença e encerrar suas atividades de campanha neste sábado, visando reforçar seu vínculo com o eleitorado e fortalecer sua imagem nas ruas.
A candidata a prefeita, Adriana Accorsi (PT) concentra seus esforços em três grandes ações durante o dia: pela manhã, lidera uma carreata na região sudeste da cidade; à tarde, realiza outra carreata na região noroeste; e, à noite, encerra com um bandeiraço em um local estratégico, ainda a ser divulgado pela equipe de campanha. A candidata busca, com essa sequência, alcançar diferentes áreas da cidade e reforçar seu contato com o eleitorado até os momentos finais da campanha.
Já o prefeitável Fred Rodrigues (PL) mobiliza seus apoiadores com uma motociata e carreata a partir das 18h, saindo da Praça do Sol, no Setor Oeste. Essa combinação de veículos e motocicletas busca dar visibilidade ao candidato e criar um ambiente de grande impacto visual pelas ruas de Goiânia. A escolha do local de partida e o horário da atividade são pensados para alcançar o maior número de eleitores.
O candidato Matheus Ribeiro (PSDB) opta por uma caminhada na Avenida Mangalô, na Região Noroeste, principal atividade de sua campanha no período da manhã. Ao longo do dia, o candidato deve realizar outras atividades, mas a caminhada matutina visa possibilitar um contato mais próximo com o eleitorado, criando uma imagem de proximidade e acessibilidade.
O Professor Pantaleão (Unidade Popular) realiza ações porta-a-porta em três bairros simultaneamente: Novo Mundo, São José e Guanabara. As equipes percorrem as ruas com caixas de som, enquanto o candidato e sua equipe conversam diretamente com moradores, reforçando a abordagem pessoal que caracteriza sua campanha.
O candidato à reeleição, Rogério Cruz (Solidariedade) lidera uma grande carreata na tarde deste sábado, saindo do Parque Atheneu e seguindo até o Madre Germana. A carreata é uma tentativa de fechar a campanha com uma imagem de força popular e entusiasmo, mobilizando apoiadores para um percurso expressivo que visa fortalecer sua presença pública.
O prefeitável Sandro Mabel (União Brasil) realiza uma caminhada pela região central da cidade, percorrendo pontos de grande simbolismo para sua campanha, como a Praça do Botafogo, onde o candidato e sua equipe devem interagir com eleitores de áreas chave. No período da tarde, Mabel organiza mini palanques móveis que circularão por diferentes bairros, ampliando a visibilidade da campanha.
Vanderlan Cardoso (PSD) encerra sua campanha com uma carreata que passa por bairros da região leste de Goiânia, nas proximidades da divisa com Senador Canedo, onde ele já foi prefeito. A escolha de um local com forte conexão com o candidato e sua história política reforça a proposta de união entre Goiânia e Senador Canedo, e busca atrair o apoio de eleitores familiarizados com seu legado administrativo.
A última imagem
O último dia de campanha representa, para os candidatos, a oportunidade de reforçar sua presença na memória do eleitor e consolidar uma imagem de proximidade e engajamento. Carreatas e bandeiraços, além de serem visualmente expressivos, criam um clima de entusiasmo entre os eleitores, sendo também uma forma de fortalecer a identidade dos candidatos.
Segundo o cientista político Eduardo Morais, essas ações finais, ainda que não sejam decisivas para o voto, têm um impacto significativo no vínculo emocional entre eleitor e candidato. “A imagem de um candidato participativo e presente, que mobiliza apoiadores, fortalece a percepção de liderança e carisma, especialmente entre eleitores já definidos, que podem se sentir incentivados a manifestar apoio”, explica Morais.
Essas atividades são, em muitos casos, uma tentativa de garantir que o eleitor tenha a última impressão de um candidato bem aceito e próximo da população. Para Pedro Martins, professor de Psicologia Social, o aspecto visual da campanha de rua desperta no eleitor uma sensação de pertencimento e confiança.
“O contato visual com o candidato e seus apoiadores cria uma identificação imediata, trazendo a sensação de que o candidato está disposto a ouvir e a estar presente. Isso é especialmente relevante para eleitores que buscam alguém próximo e ativo no cotidiano da cidade”, analisa Martins.
Essas ações têm impacto real no voto?
Enquanto muitos eleitores já possuem o voto definido, as ações no último dia de campanha ainda podem ter algum efeito na decisão de eleitores indecisos ou pouco engajados. Para o cientista político Eduardo Morais, o impacto dessas atividades é mais psicológico do que determinante, funcionando como um reforço simbólico para a candidatura.
“A esta altura, as carreatas e bandeiraços dificilmente vão reverter votos de eleitores já decididos, mas têm um papel importante em reafirmar a base de apoio, mostrar força e, em alguns casos, conquistar a simpatia dos indecisos. A movimentação de um grande número de apoiadores cria uma imagem de popularidade e organização, que é capaz de influenciar, ainda que de forma leve, a decisão de última hora”, comenta Morais.
Para Morais, as atividades de rua no sábado atuam, assim, como uma “última chamada”, reforçando a presença de cada candidato e apostando na visibilidade e interação para alcançar o eleitorado que ainda está em dúvida. Além disso, para muitos apoiadores, essas ações têm um efeito mobilizador, criando um clima de engajamento e entusiasmo que pode influenciar os eleitores de seu círculo social.
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