Para adicionar atalho: no Google Chrome, toque no ícone de três pontos, no canto superior direito da tela, e clique em "Adicionar à tela inicial". Finalize clicando em adicionar.
O presidente em exercício da Fieg, André Rocha (Foto: divulgação)A Redação
Goiânia – A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) considerou “inadmissível” a elevação de 0,25 ponto porcentual da taxa de juros, anunciada pelo Banco Central (Bacen) no início da noite de quarta-feira (18/9). Com isso, a Selic vai a 10,75% ao ano, uma das mais altas taxas reais de juros do mundo. Para a Fieg, a medida impacta negativamente no acesso ao crédito e no desenvolvimento econômico.
"A decisão mantém um elevado spread bancário, prejudicando consumidores e empresas, que enfrentam dificuldades crescentes para honrar compromissos financeiros e expandir suas atividades", avalia o presidente em exercício da Fieg, André Rocha.
Com a Selic em 10,75% e a inflação projetada para setembro de 2025, a taxa real de juros supera 6,6%. Como o próprio Banco Central estima a taxa de juros neutra em cerca de 4,85%, a atual Selic já se encontra em um nível restritivo para o crescimento produtivo. "Entendemos que é uma reação desproporcional ao primeiro sinal de um crescimento mais robusto. Com a decisão, o Bacen normaliza a mediocridade econômica à qual o País esteve submetido ao longo da década passada", complementa André Rocha.
Segundo relatório da Coordenação Técnica (Cotec) da Fieg, o setor produtivo vê com grande preocupação a nova elevação. Conforme o documento, acredita-se que o combate à inflação poderia ser mais efetivo por meio de medidas que visem à redução do déficit fiscal, sem recorrer à elevação da carga tributária, como tem sido cogitado e implementado.
"O aumento de tributos e dos custos financeiros sobre o setor produtivo sufoca o crescimento das empresas, que acabam por repassar tais encargos ao preço final de seus produtos. Isso, por sua vez, eleva os preços ao consumidor, contribuindo para a retração das vendas e a desaceleração econômica", sustenta o economista da Fieg, Cláudio Henrique Oliveira.
Ainda considerando o relatório técnico, a interrupção do ciclo de queda da taxa Selic, enquanto o mercado internacional sinaliza uma efetiva redução de suas taxas de juros, é contraproducente, pois atinge apenas um dos pilares do tripé que sustenta a política de juros do Bacen. Pela primeira vez, desde o início de 2020, o Banco Central dos EUA reduziu em 0,5 p.p. sua taxa de juros. Essa decisão, anunciada também na quarta-feira (18/9), ocorreu após recentes cortes nas taxas de juros na Zona do Euro e no Reino Unido.
"Esses cortes sincronizados em países desenvolvidos podem tornar a Selic, no Brasil, ainda mais restritiva em termos relativos, colocando em risco o recente crescimento da economia doméstica", afirmou Cláudio Henrique. Para ele, a taxa de juro real aplicada no Brasil daria suporte para que o Copom pudesse esperar pelos efeitos líquidos de um evento tão esperado, como o início do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos.