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Saúde

Transmissões de cirurgias robóticas são destaque de congresso em Goiânia

Evento de Coloproctologia segue até sábado (7) | 03.09.24 - 14:45 Transmissões de cirurgias robóticas são destaque de congresso em Goiânia Plataforma robótica utilizada no Hospital Albert Einstein em Goiânia (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
José Abrão
 
Goiânia – Transmissões ao vivo de cirurgias complexas com intervenção mínima utilizando um robô controlado remotamente dentro da sala de cirurgia são uma das principais novidades apresentadas pelo 72º Congresso Brasileiro de Coloproctologia, evento promovido pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) que começou em Goiânia nesta terça-feira (3/9). Realizado no Centro de Cultura e Convenções de Goiânia e também com atividades em outros locais, o congresso se estende até sábado (7/9) com a presença de especialistas de todo o Brasil e convidados internacionais para debater as mais recentes inovações no tratamento de doenças coloproctológicas.
 
A programação do evento é ampla e diversificada, incluindo cursos, palestras e transmissões ao vivo de procedimentos cirúrgicos. Por meio de parcerias, ocorrem durante o evento aulas para especialistas durante cirurgias realizadas no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG) com pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e a transmissão ao vivo de cirurgias feitas com robô no Hospital Israelita Albert Einstein, feitas em pacientes também do SUS, atendidos pelo Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), que é administrado pela grupo Albert Einstein.
 
Uma dessas cirurgias ocorreu na manhã desta terça, no centro cirúrgico do Einstein, com transmissão ao vivo para o auditório da Associação Médica de Goiás, ambos localizados no Complexo Órion, no Setor Marista, na capital. Os cirurgiões Dr. Rômulo Almeida, da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da comissão científica da SBCP e o Dr. Hélio Moreira Júnior, presidente da SBCP e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), salientam a importância de ter esta tecnologia inovadora em Goiás e em apresentá-la cada vez mais aos médicos goianos.

Dr. Rômulo Almeida (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
 
“A cirurgia robótica é algo que existe na medicina já há alguns anos. Infelizmente aqui no Brasil demorou um pouco para ter abrangência nacional. Temos aproximadamente 140 robôs de diversas marcas distribuídas pelo país”, conta Almeida. Em Goiânia, há apenas um robô, que está no centro cirúrgico do Hospital Israelita Albert Einstein e que é utilizado em todo tipo de cirurgia.
 
Hélio Moreira salienta que o robô não é autônomo: “você tem os braços robóticos que estão conectados nas pinças, que vão funcionar como apoio para a câmera e pinças cirúrgicas, que são introduzidas na cavidade abdominal por pequenas incisões. E existe o console que fica distante da mesa cirúrgica, onde o cirurgião tem controle absoluto de todo o instrumental e de todos os movimentos durante a cirurgia. Ele fica sentado confortavelmente neste console com dedeiras nas mãos e um visor ótico com visão 3D”, explica. 
 
Portanto, o robô obedece e replica os movimentos feitos pelo médico com mais precisão e refinamento do que as técnicas menos invasivas padrão, como a laparoscopia, que introduz a câmera e os instrumentos por pequenos cortes, mas que são controladas diretamente pelo cirurgião de pé ao lado da mesa operatória, e que além de mais fisicamente desgastante, oferece movimentos mais limitados.
 
Segundo Almeida, existem outras vantagens, como o treinamento: “o número de cirurgias que um treinando tem que fazer para atingir a proficiência em determinadas áreas é um décimo do que ele teria que fazer operando por laparoscopia, por exemplo”. De forma resumida, a cirurgia robótica causa menos trauma, o que significa menos dor pós-operatória, recuperação mais rápida e alta mais precoce.
 

Dr. Hélio Moreira Júnior (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
 
Hélio adiciona que, por ter maior alcance e maior amplitude de movimento, somado ao uso do console, o desgaste do cirurgião é muito menor, o que faz grande diferença em procedimentos longos. “O cirurgião cansado obviamente terá uma produção menor, vai oferecer maior risco para o paciente, não só pelo cansaço em si, físico, mas pela fadiga mental. O julgamento dele em um determinado momento da cirurgia pode ser diferente porque ele está cansado. Se estivesse descansado, talvez optasse por uma abordagem diferente do que ele estava fazendo naquele momento”, afirma.
 
É uma diferença grande, e por isso os doutores consideram importante inserir as transmissões ao vivo na programação, para encorajar os médicos participantes a se capacitarem e a buscar trazer mais plataformas robóticas para Goiás e para o Brasil: “Queremos gerar o desejo de voltar para a sua cidade e procurar a direção de seu hospital, os órgãos públicos do seu Estado e dizer ‘olha, a gente precisa se atualizar, a gente precisa de um robô aqui’. É gerar engajamento”, afirma Hélio.
 
Durante a transmissão, os médicos no auditório podem fazer perguntas e colocações que são repassadas por um mediador para a equipe de cirurgiões, que podem sanar dúvidas e até mesmo ouvir sugestões do colegiado de médicos. Além de ser uma primeira oportunidade, para muitos, de conhecer a tecnologia: a plataforma robótica ainda é tão rara por ser muito cara, custando cerca de US$ 3,5 milhões (cerca de R$ 19,7 milhões), com uma manutenção anual de US$ 200 mil (cerca de R$ 1,12 milhão).

Auditório do evento nesta terça (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
 
Isto gera um custo adicional que ainda não é coberto por nenhum plano de saúde do Brasil. Para os médicos, isto é outra importância do Congresso: quanto mais essa tecnologia se tornar difundida e mais conhecida, mais cedo ela se tornará mais acessível para mais camadas da população, seja por meio de planos, seja pelo SUS. “É algo com o qual todo mundo ganha. Ganha o paciente, ganha os congressistas, ganha a instituição que o está oferecendo e gera um atendimento de melhor qualidade”, assegura Hélio.
 
Além da transmissão desta terça, ocorrerá uma outra na manhã de quarta-feira (4/9). Ela será ainda mais especial, pois terá como cirurgião Eduardo Parra, uma das maiores referências no mundo em cirurgia robótica e que veio direto da Flórida, nos EUA, para operar um paciente do HMAP no centro cirúrgico do Einstein.
 
Especialistas
Um dos cirurgiões engajados no procedimento desta terça foi o Dr. Sérgio Araújo, que é diretor médico da rede cirúrgica do Hospital Israelita Albert Einstein e presidente eleito da SBCP. Como o hospital é o único com o modelo robótico no Estado, ele afirmou que o Einstein tem uma responsabilidade em apresentar essa tecnologia e capacitar a comunidade médica por meio de aulas, apresentações e transmissões de cirurgias como as oferecidas nesta edição do congresso.
 


Dr. Sérgio Araújo (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
 
“Por isso que nós fizemos o curso aqui, porque nós conseguimos operar casos do Einstein e operar casos de outras instituições que são geridas pelo Einstein, como por exemplo o HMAP e quem sabe futuramente o Hugo, oferecendo cirurgia robótica para o maior número de pacientes”, relata, lembrando que ambos os hospitais são administrados pelo Einstein. 
 
Entre os convidados participantes está o Dr. Luís Romagnolo, do Hospital do Amor de Barretos (SP), que destaca que este é o maior congresso de coloproctologia do país e que é muito importante para os médicos da área já que “é uma especialidade que envolve todos os tipos de técnicas cirúrgicas, doenças orificiais, cirurgias de câncer do intestino, cirurgias inflamatórias como a doença de Crohn. São várias doenças associadas que compõem o ensino médico. Então esse congresso traz todas as especialidades da Coloproctologia para dentro, pra gente poder discutir novas terapias, novos tratamentos, novas técnicas cirúrgicas”, destacou.

Dr. Luís Romagnolo (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
 
Romagnolo é especialista em técnicas minimamente invasivas e já atua com dois modelos robóticos que realizam mais de 3 mil cirurgias por ano no Hospital do Amor. Ele veio trazer este conhecimento para a comunidade médica goiana. “Vamos discutir sobre novas possibilidades, novos robôs no mercado, como tratar melhor o paciente, como trazer padronizações de cirurgia, para que os médicos sejam mais bem informados e levem para os seus pacientes essa tecnologia. Essa é a diferença se dirigir uma Ferrari sabendo dirigir ou não sabendo dirigir. Então, se você não sabe usar a tecnologia a seu favor, o paciente pode ser prejudicado. Então, o congresso serve para os médicos se aprimorarem nas tecnologias, nas inovações, para trazer o melhor para o paciente, essa é a minha participação”, completa.
 


Dr. Armando Melani (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
 
Outro participante de destaque é o Dr. Armando Melani, diretor do Ircad América Latina no Rio de Janeiro, que é o maior centro de treinamento em cirurgias minimamente invasivas da América Latina. “Sempre que vamos introduzir uma tecnologia nova no meio médico, temos que ter responsabilidade. É muito legal você trabalhar com tecnologia de ponta, mas ela tem um custo, temos que pesar e entender o quanto ela vai impactar de forma positiva o paciente”, explica.
 
“Este congresso é importante porque aborda exatamente como é que a gente vai treinar esses profissionais que já são médicos, que estão no mercado, e que precisam aprender e voltar lá para a escola, para utilizar essa plataforma de forma segura”, comenta Melani, dizendo que o foco está na capacitação do especialista.
 
Atendimento para quem mais precisa
Os participantes do congresso fizeram questão de salientar que todos os pacientes operados durante o evento são da rede pública de saúde e destacaram a importância de poder oferecer este tratamento de ponta para pessoas que, de outra forma, não teriam acesso.
 
“Por meio dessa parceria, conseguimos oferecer a cirurgia robótica para pacientes do SUS, que seriam operados por laparoscopia e sabemos que a cirurgia robótica são as melhores formas de operar estes pacientes”, destaca o Dr. Sérgio Araújo. 
 
Ele relata que é motivo de grande orgulho para o hospital ser pioneiro neste segmento em Goiás: “estamos tentando fortemente estender [a cirurgia robótica] para pacientes do sistema público através da gestão conjunta sobre o HMAP e o Hugo. O nosso sonho, nosso trabalho, é para que a cirurgia robótica seja oferecida rotineiramente a estes pacientes, exatamente como já acontecem em outros hospitais públicos do país”.

Plataforma robótica utilizada em Goiânia (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
 
O Dr. Armando Melani também parabenizou a iniciativa em atender pacientes do SUS com as cirurgias do Congresso, levando tecnologia de ponta para a população mais carente. “A grande dificuldade para as universidades e hospitais públicos adquirirem o robô é o custo, mas sabemos que conforme mais essa plataforma se disseminar, ela vai ficar mais acessível. Como trazer essa tecnologia para o sistema público para transformar a nossa saúde também é papel nosso e o Einstein faz essa discussão. Poder oferecer essa ferramenta com qualidade para aquele paciente que mais precisa é papel do médico”, finaliza.
 
Inscrições
O evento continua até sábado (7/9) com diversas atividades. As inscrições podem ser feitas através do site oficial, em que os interessados devem preencher a ficha de inscrição e escolher a categoria correspondente. Um certificado online será conferido a todos os participantes. O encerramento do congresso está previsto para sábado, às 20h, no Cel da OAB, em Aparecida de Goiânia. 
 
Confira a programação completa e todos os convidados no link
 
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