José Abrão
Goiânia – Nesta sexta-feira (16/8), o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-GO) lançou um projeto pioneiro de combate à desinformação com tecnologia de inteligência artificial. Desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), a ferramenta GuaIA é capaz de analisar publicações em sites da internet e redes sociais, além de vídeos e áudios que possam ter sido manipulados com o intuito de gerar notícias distorcidas e enganosas que possam prejudicar processo eleitora e os candidatos.
Com um símbolo que remete a um cérebro, o programa é dividido em três sistemas. O primeiro é um de alerta rápido para detectar conteúdo suspeito. O segundo é um odo de detecção de deep fakes e conteúdo distorcido ou feito por IA. Por fim, há um módulo de visualização e painel para que as autoridades eleitorais possam acessar e fazer suas avaliações.
O diretor do Instituto de Informática da UFG, Eliomar Araújo de Lima, explica o funcionamento do programa: “Todo conteúdo [postado] é passível de ser monitorado. Uma vez que é detectado algo suspeito, ele passa por uma análise que consequentemente vai gerar um resultado: um escore que varia de 0 a 100%. Quanto mais perto de 100, há uma grande probabilidade de ser uma informação falsa ou de fonte distorcida”.
Qualquer conteúdo postado on-line poderá ser monitorado pela GuaIA. O conteúdo é extraído, classificado e analisado. Então, as autoridades eleitorais poderão avaliá-lo com base nas informações da ferramenta e então decidir de que forma intervir.
O painel que os juízes eleitorais vão acessar mostra o que está sendo alegado, qual o tipo de mídia em que aquele conteúdo foi publicado; se foi uma imagem ou vídeo, por exemplo; onde foi publicado, se em um site, blog ou rede social; e qual o nível de distorção e de veracidade daquela informação.
(Foto: José Abrão/A Redação)
Pioneirismo
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), Luiz Cláudio Veiga Braga, salientou que a excelência da ferramenta foi reconhecida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que nenhuma outra corte eleitoral estadual possui uma tão completa, dizendo que Goiás precisa superar sua “síndrome de Patinho Feio”: “Temos uma ferramenta de ponta. Desenvolvido aqui, é nossa! Para o nosso orgulho!”, pontuou. “Os benefícios enormes. Basta dizer que uma notícia falsa pode destruir uma candidatura”, completou.
Representando a reitoria da UFG, o pró-reitor de Pós-Graduação, professor Felipe terra, manifestou sua satisfação com o projeto. “Minha fala é um agradecimento aos docentes do Instituto de Informática por levar a UFG e o Estado de Goiás para a liderança nessa temática, nessa área de pesquisa, de ensino e de extensão [da Inteligência Artificial]”, disse.
Ele lembrou que a IA é o “desafio mais contemporâneo que a sociedade enfrenta nos dias atuais. Não adianta nada nós gastarmos milhões, bilhões de reais, por exemplo, desenvolvendo uma vacina, se uma simples fake news impede essa vacina de chegar no braço das pessoas”, afirmou.
Em 2024, a GuaIA será utilizada apenas pelos juízes eleitorais de 2º grau do TRE-GO, mas o objetivo é que seu uso de torne mais amplo nos próximos meses, podendo até mesmo ser acessada pela população no pleito de 2026.
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