A Redação
Goiânia - A tecnologia na advocacia e as nuances da utilização da Inteligência Artificial na prática jurídica estiveram em pauta no segundo painel da Conferência Estadual da Advocacia de Goiás 2024. O evento, que ocorre até esta esta quarta-feira (5) no Teatro Goiânia, promove discussões sobre as atualizações dos papéis da Ordem dos Advogados, ética profissional, condução de liberdade de expressão e garantia de direitos para a classe.
A exposição foi presidida pelo conselheiro seccional da OAB-GO, Rafael Brasil,que se uniu a conselheira federal de Goiás, Layla Oliveira Gomes, e a presidente da Comissão de Inovação, Rayff Machado, atuantes como secretárias dos trabalhos.
O advogado, especialista em Inovação Legal e professor, Daniel Marques, e Caio Santos, CEO e fundador da Data Lawyer, analista de dados jurídicos e sócio da Aviso Urgente, foram os palestrantes responsáveis por desmistificar conceitos pré-estabelecidos sobre a utilização da tecnologia no cotidiano dos advogados e advogadas.
Clarificação de ideias
Ao explanar que a discussão sobre tecnologia não cabe mais em um ideário futuro, Rafael Brasil enfatizou que “quando não se utiliza do que se tem disponível nas nossas mãos, nós estamos desperdiçando recursos financeiros, e o nosso próprio tempo. Falar sobre isso é se atualizar constantemente”.
Ele defendeu a significância da discussão para o reconhecimento do que há à disposição tecnológica para o melhor desempenho da advocacia. “Se ainda houver algum tipo de preconceito em relação a utilização da Inteligência Artificial ou de alguma plataforma, deixem isso de lado neste momento”, alegou.
Rayff Machado explanou sobre as necessidades de adequação às várias vertentes conduzidas pela advocacia de se absorver os processos auxiliares na rotina jurídica.
Em mesmo seguimento, Layla Monteiro enalteceu o diálogo amplo sobre tecnologia, um dos principais pilares de avanços sociais. “É algo que a gente não pode deixar em paralelo. É algo que temos que nos adaptar, temos que conciliar e aprimorar para entregar a melhor prestação de serviço ao nosso cliente”, apresentou.
Na prática
Daniel Marques argumentou sobre a necessidade de assimilação de uma nova realidade que se constrói ao redor da prática jurídica. “Os advogados não serão substituídos pela inteligência artificial, mas, com certeza, serão substituídos pelos que usam a inteligência artificial”, salientou. O advogado ainda discorreu sobre estudos de casos de utilização da Inteligência Artificial em empresas relevantes nos mercados nacional e internacional.
“Essa burocracia, esse superlativo que existe no mundo jurídico faz com que a gente tenha a utilização de um tradicionalismo excessivo, de um juridiquês que atrapalha a justiça”, disse. Marques ainda completou sobre a importância das Softs Skills para se construir uma base de clientes sólida, capaz de resultar em diferenças criadas através da empatia.
Já Caio Soares articulou sobre a possibilidade de tornar as novas tecnologias e a Inteligência Artificial mais acessíveis e usuais. “Hoje nós possuímos diversas tecnologias com um potencial disruptivo, e isso vai depender muito da demanda e da necessidade de cada um de vocês. Não existe a pior ou a melhor tecnologia, existe o momento em que vocês estão”, indagou.
O criador do Data Lawyer disse que apesar da empresa “possuir um corpo jurídico focado em treinar os modelos de Inteligência Artificial para torná-los cada vez mais acessíveis”, não há como perpassar o olhar com conhecimento técnico disponibilizado pela realidade humana.
Conferência
A Conferência Estadual da Advocacia teve início na noite da última segunda-feira (3), com palestra magna conduzida pelo professor, autor e ex-presidente da OAB Nacional, Marcus Vinicius Furtado Coelho. Juntamente com o presidente da OAB-GO, Rafael Lara Martins, foi discutido o tema: “Advocacia Unida: Construindo Pontes Para o Acesso à Justiça”.
Especialistas abordam temas ligados ao uso da tecnologia no meio jurídico (Foto: OAB-GO)
